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Novartis vai do Cataflan à terapia genética

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Aos 43 anos, o indiano Vasant Narasimhan acumula um diploma de ciências biológicas pela Universidade de Chicago e outros dois pela Universidade Harvard: um na escola de medicina e um mestrado em políticas públicas na escola de governo John F. Kennedy. É ainda membro da Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos e do conselho de administração da Harvard Medical School. Desde fevereiro de 2018, está à frente da segunda maior farmacêutica do mundo, a suíça Novartis, onde entrou em 2007.

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Narasimhan levou para a empresa sua visão sobre o futuro da medicina. Para ele, as melhores oportunidades estão na combinação do físico — pílulas e injeções — com o digital — aplicativos e análises de dados. “Vamos continuar produzindo as pílulas e as vacinas que as pessoas conhecem, mas agora podemos tirar células do corpo, reprogramá-las e colocá-las novamente, curando doenças com terapia genética”, diz. Em 2018, a Novartis, cujo faturamento bateu 49 bilhões de dólares, investiu 9 bilhões no desenvolvimento de drogas para ir além de blockbusters como Ritalina e Cataflan. Narasimhan concedeu a seguinte entrevista durante uma viagem recente ao Brasil.

O senhor assumiu o comando da Novartis em fevereiro de 2018. Por que essa visita ao Brasil agora?

Estou viajando para conhecer todos os países em que a Novartis está. O Brasil é o 31o país que conheci e é o 11o maior mercado da Novartis no mundo em termos de vendas, com 2 500 funcionários. Quero conhecer a realidade de cada local em que estamos. Temos uma grande transformação cultural em curso e eu estou disposto a conversar com as pessoas ao vivo para engajá-las nessa nova proposta.

Qual é essa transformação cultural?

Historicamente, somos uma organização com decisões vindas de cima para baixo. Agora, estamos disseminando uma cultura “sem chefe”. Ser um líder, na minha opinião, é muito mais sobre habilitar as pessoas para se sentirem mais responsáveis e motivadas em fazer seu trabalho. Eu acredito que esse é o futuro das empresas que queiram crescer via inovação. Companhias de tecnologia já estão adotando essa postura e acho que nós temos de fazer o mesmo.

Como a Novartis está inovando?

Fizemos uma grande mudança de postura. Deixamos de caminhar para ser um diversificado conglomerado de saúde e resolvemos focar a inovação e os medicamentos. Mas, para inovar em medicamentos, tivemos de mergulhar nas melhores tecnologias para melhorar a saúde humana. Adicionamos aos nossos esforços -áreas como terapia genética, terapia celular e novas tecnologias para tratar doenças. Creio que, nos próximos dez anos, as novas áreas serão uma importante oportunidade para tratar a saúde humana. Também devem liderar o crescimento da Novartis.

Queremos ser uma companhia de medicina que cubra toda a variedade de tecnologias que melhoram a saúde. Ainda vamos continuar produzindo as pílulas que as pessoas tomam todos os dias, mas agora podemos tirar células para fora do corpo, reprogramá-las e colocá-las novamente. Precisamos continuar inovando o modelo de pagamento do sistema de saúde, e ser mais criativos para dar acesso a novas tecnologias e remédios. Queremos introduzir no Brasil inovações que já estamos introduzindo na Europa e nos Estados Unidos. Queremos que as autoridades trabalhem com a gente, que a Anvisa continue modernizando o ambiente regulatório. Precisamos que o governo financie inovação em saúde, e não apenas distribua remédios.

Como o Brasil pode melhorar o modelo de pagamento em saúde?

O primeiro passo é investir em prevenção de doenças como diabetes e hipertensão. Isso envolve investimentos em educação, regulamentação do setor de alimentos e olhar para o mercado de cigarros. É uma das maiores oportunidades que todos os governos têm. Em segundo lugar, é preciso pensar onde investir em medicina que tire custos do sistema. Um dos medicamentos que temos para problemas no coração, na verdade, reduz custos.

Então, o desafio para o sistema de saúde é pagar mais agora para reduzir os custos em quatro ou cinco anos. Trata-se de uma mudança de mentalidade. E isso é difícil para os ministros de saúde fazerem. Outro ponto é o controle do desperdício. Há muito desperdício no sistema de saúde, muito porque não existem bons dados. Então, um dos principais investimentos que precisam ser feitos é em um robusto sistema de dados.

O senhor defende que a Novartis seja referência em inovação digital. O que isso significa na prática?

Um bom exemplo é que recentemente passamos a usar um sistema chamado Sense, que nos permite rastrear como todos os nossos testes clínicos em todo o mundo, em 52 países, estão se saindo em tempo real. E projetar quais testes têm pacientes suficientes, quais estão custando demais, em quais estamos tendo problemas de qualidade. Outra área é a de testes clínicos em que os pacientes usam o celular. Por meio da captura do olhar, é possível saber se os medicamentos estão funcionando.

No ano passado, nossa divisão de genéricos Sandoz lançou o reSET-O para pacientes com transtorno de uso de opioide. O aplicativo é recomendado com prescrição médica. Ele usa conceitos da terapia cognitiva comportamental para interagir com o paciente, fazer perguntas, coletar respostas e dados e analisar tudo para saber sua evolução. O app pode ser usado para tratamento de alguns vícios ou condições neurológicas e estamos estudando sua aplicação em outras áreas da medicina.

Fonte: Portal Exame

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2019/10/18/brasil-e-unico-pais-acima-de-200-milhoes-de-habitantes-com-saude-universal/

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