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Brasil precisa confiar nas vacinas para superar a pandemia da Covid, dizem especialistas no Painel RBS Notícias

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A chegada das primeiras vacinas contra a Covid e as primeiras aplicações no RS completam cinco meses no próximo dia 18. A vacinação como estratégia para superar a doença e retomar à normalidade pré-pandemia foi o tema da quarta edição virtual do Painel RBS Notícias, realizada nesta quarta-feira (16). O evento foi transmitido ao vivo pelo G1 RS e mediado pelo jornalista Elói Zorzetto.

Enquanto a campanha de vacinação avança nos estados brasileiros, especialistas se debruçam sobre estudos a respeito de novos imunizantes, estratégias de aplicação, tempo de imunização e desigualdade vacinal. Todos concordam, no entanto, que é preciso lembrar que a vacinação é um esforço coletivo.

“As pessoas têm que confiar nas vacinas”, afirmou a diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS), entidade que lidera os esforços no combate à pandemia em todo o mundo, Mariângela Simão.

“As vacinas que estão autorizadas pela Anvisa passaram por todas as etapas. O que se fez foi acelerar. Elas são seguras, são eficazes e têm qualidade na produção. É importante, não tenha medo da vacina. A melhor vacina é aquela que está disponibilizada para você”, completou a diretora da OMS.

“As vacinas que estão autorizadas pela Anvisa passaram por todas as etapas. O que se fez foi acelerar. Elas são seguras, são eficazes e têm qualidade na produção. É importante, não tenha medo da vacina. A melhor vacina é aquela que está disponibilizada para você”, completou a diretora da OMS.

Também participaram do encontro o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e coordenador da pesquisa de Oxford, Pfizer e da Clover no RS, Eduardo Sprinz, o presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia, Alexandre Vargas Schwarzbold, e diretor do Centro de Farmacovigilância, Segurança Clínica e Gestão de Risco do Instituto Butantan, Alexander Roberto Precioso.

A vacinação, lembram os especialistas, deve ser acompanhada de cuidados com a higiene, o distanciamento e a ventilação para evitar o vírus respiratório.

“Qualquer epidemia viral, em geral, a gente precisa de uma produção de imunidade de rebanho. Um dos aprendizados é que essa imunidade não viria de forma natural, uma vez que a reinfecção é muito grande. A gente só vai reduzir [os números da pandemia] com vacinação em massa, 70% da população com as duas doses”, apontou Schwarzbold.

“Qualquer epidemia viral, em geral, a gente precisa de uma produção de imunidade de rebanho. Um dos aprendizados é que essa imunidade não viria de forma natural, uma vez que a reinfecção é muito grande. A gente só vai reduzir [os números da pandemia] com vacinação em massa, 70% da população com as duas doses”, apontou Schwarzbold.

Eduardo Sprinz lembrou que, um ano e três meses desde que a pandemia foi decretada pela OMS, os especialistas e a sociedade ainda lidam com uma nova doença.

“As previsões são difíceis de serem acertadas. A gente está aprendendo dia a dia sobre isso”, disse.

O desafio das variantes

A mutação é um processo que faz parte do desenvolvimento natural dos vírus, e a propagação de novas variantes do Sars-Cov-2 deixa o mundo em alerta.

Mariângela Simão lembrou que a OMS adota dois conceitos: o da variante de preocupação, que são transmitidas com mais facilidade, e as de interesse, que têm um potencial a ser observado. Independentemente do tipo de variante, é preciso monitorar a presença delas entre os infectados.

“É extremamente importante que os países reforcem estruturas para sequenciamento genético do vírus. O Brasil tem capacidade enorme de especialistas para fazer um monitoramento muito bom das variações que estão circulando no país. Essa é uma questão que está no centro das atenções globais e a OMS está dirigindo enorme esforço”, lembrou a diretora-geral da OMS.

Um repositório de variantes foi criado pela organização na Suíça, para ajudar a concentrar as informações que vão auxiliar nas pesquisas. O acompanhamento constante sobre novas variantes, inclusive, é fundamental para detectar modificações que possam colaborar com desenvolvimento das vacinas.

Eduardo Sprinz coordena um estudo sobre o imunizante desenvolvido pela empresa chinesa Sichuan Clover Biopharmaceuticals no RS, juntamente com Schwarzbold, e que pode representar um passo adiante no desenvolvimento de imunizantes.

“É uma vacina que teoricamente funciona contra as variantes. As vacinas que a gente têm hoje possuem o vírus inativado ou RNA mensageiro, que instruem o nosso organismo a fabricar defesa de um ponto específico da proteína do vírus”, afirmou Sprinz.

A vacina da Sichuan é diferente porque consegue combater toda a estrutura que se anexa à célula para contaminar o organismo.

“O vírus tem que ser muito mutante para essa vacina deixar de funcionar. A gente pode misturar ou associar àqueles imunizantes que vão conseguir fazer com que nosso organismo fabrique diferentes defesas para mutações”, afirma.

“O vírus tem que ser muito mutante para essa vacina deixar de funcionar. A gente pode misturar ou associar àqueles imunizantes que vão conseguir fazer com que nosso organismo fabrique diferentes defesas para mutações”, afirma.

Terceira dose?

A maioria das vacinas em uso no mundo necessita da aplicação de duas doses para garantir a imunidade completa. No entanto, à medida em que as campanhas de imunização avançam, começam a surgir as discussões sobre por quanto tempo a população se manterá protegida após a vacinação.

Schwarzbold afirmou que, antes de tudo, é necessário garantir a vacinação em massa. “Quando determinado número [da população] estiver vacinado e, passado determinado tempo para avaliar a cobertura e o tempo de imunização, aí sim teremos dados para aprofundar questões se precisará de reforço ou de mudar o esquema de vacinação”, assinala.

Mariângela ressaltou que as desigualdades na vacinação que já podem ser observadas entre os países são um ponto sensível no controle da pandemia e na definição dos próximos passos.

“Países ricos estão com 60%, 70% de cobertura vacinal, enquanto [países] pobres estão com 9%”, estimou.

“Países ricos estão com 60%, 70% de cobertura vacinal, enquanto [países] pobres estão com 9%”, estimou.

Segundo ela, o Brasil está em uma situação relativamente boa devido à produção do Instituto Butantan. Nações que já tenham avançado na imunização se articulam para enviar doses aos que necessitam, e o consórcio Covax Facility deve ajudar no acesso de países empobrecidos à vacina, lembrou Mariângela.

Como atingir a imunidade de rebanho

A chegada à imunidade de rebanho, ou seja, quando a maior parte de população está com os anticorpos e o vírus passa a circular com menos intensidade, é discutida entre as autoridades de saúde de todo mundo. Mariângela lembrou, durante o Painel RBS Notícias, que o índice estimado gira em torno de 70% da população.

“Comprovar isso só vamos saber com o tempo. Eu diria que, apesar de a ciência ter tido avanços fenomenais nesse um ano e meio, há tem muitas perguntas que a gente sabe e que não sabe”, ressalta.

“Sempre depende do organismo, porque eles vão ter comportamentos diferentes, e também da saúde pública porque depende da taxa de transmissão”, recordou Schwarzbold.

“Sempre depende do organismo, porque eles vão ter comportamentos diferentes, e também da saúde pública porque depende da taxa de transmissão”, recordou Schwarzbold.

Alexandre também lembrou que há estudos que demonstram que o marco para a imunidade de rebanho pode ser maior do que o esperado, em torno de 80%, resultado da desobediência aos protocolos sanitários.

“Não estamos praticando o que devemos praticar, evitar aglomeração, fazer distanciamento. Cada vez que a gente não cumpre essa etapa, parece que essa cobertura tem que ser maior”, salientou.

Eduardo Sprinz citou que já se sabe, no entanto, que a vacina produz mais imunização do que a própria infecção. “Essas vacinas foram feitas pra durar mais do que a vacina da gripe. E a gente sabe que em ao menos um ano, as vacinas [da gripe] protegem”, aponta.

Resistência da população

Os participantes do Painel RBS Notícias concordaram que há resistência contra a aplicação de vacinas da Covid, seja por um movimento organizado que cresce em todo o mundo, seja por convicção particular. Porém, reforçam que somente com a imunização coletiva será possível garantir a redução na circulação do vírus.

“Se você tiver oportunidade de ser vacinado, vai ajudar a si e as outras pessoas”, aponta Mariângela.

“Se você tiver oportunidade de ser vacinado, vai ajudar a si e as outras pessoas”, aponta Mariângela.

O Brasil possui tradição e experiência em vacinações coletivas, e Eduardo Sprinz acredita que a vacinação contra a Covid é uma “uma oportunidade única de estimular mais ainda” a confiança da população em buscar os postos de vacinação.

“A gente sempre diz que medicamento salva vidas, mas a vacina salva populações”, disse.

“A gente sempre diz que medicamento salva vidas, mas a vacina salva populações”, disse.

Alexandre lembrou que manifestações contrárias à vacinação por lideranças nacionais têm causado impacto negativo na cobertura vacinal. “É muito triste o que estamos vendo. Embora essa hesitação e movimentos contra a vacina não seja tão estruturado e forte no Brasil, infelizmente a gente tá observando um crescimento”, lamenta.

A vacina, reforça o especialista do Butantan, é um direito de toda a população. “Não é só uma responsabilidade individual. O local é global. O que nós deixamos de fazer tem repercussão no mundo inteiro”, concluiu.

Fonte: G1

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/vacinas-brasileiras-contra-a-covid-patinam-por-falta-de-dinheiro-e-interesse-do-governo/

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