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Terapia Car-T Cell é promessa em tratamento oncológico

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A terapia genética modifica o linfócito do próprio paciente e o “ensina” a identificar as células cancerosas para combatê-las A terapia genética modifica o linfócito do próprio paciente e o “ensina” a identificar as células cancerosas para combatê-las Por Natália Mancini

Recentemente, foi notícia no Brasil todo a cura de um paciente com linfoma, que já estava desenganado e em cuidados paliativos. E o que possibilitou essa importante conquista? Uma nova opção de tratamento que vem sendo estudada por meio da terapia genética conhecida como Car-T Cell.

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Em fase de testes, a terapia genética ainda não pode ser utilizada por todos os pacientes. Mas é com certeza um grande avanço para a medicina.

O que é o Car-TCell

Na terapia genética, como um todo, é feita a transferência dos genes de uma molécula para outra, para prevenir ou curar uma doença qualquer. No caso da terapia Car-T Cell, é utilizado o linfócito do tipo T, pois é ele que comanda a resposta do corpo aos vírus e ao câncer.

O Dr. Eduardo M. Rego, Prof. da Faculdade de Medicina da Universidade de São Carlos e coordenador da Hematologia da Oncologia D’OR, explica que esse linfócito é retirado do sangue do próprio paciente por meio de um procedimento chamado aférese. Esse método, normalmente, é utilizado para a doação de sangue, mas nesse caso, capta somente o linfócito.

Após o linfócito ser obtido, ele vai para o laboratório e é incubado juntamente com um vírus. Esse vírus tem um gene que produz a proteína Quimérica e ele será transferido para o material genético do linfócito T. Em seguida, o novo gene misturado passa a ser expresso e vai para a superfície do linfócito, onde ele vai atuar. Na parte externa dessa célula produzida em laboratório, encontra-se a molécula com a proteína Quimérica, que tem o papel de reconhecer a célula tumoral. Já na parte interna da célula, há um ativador do funcionamento do linfócito T que combate o tumor.

“Car quer dizer receptor T Quimérico. Isso significa que essa molécula, na sua porção extracelular, é de origem de um gene, e na sua porção intracelular, é de origem de outro gene”, de acordo com o Dr. Rego.

Depois que essa modificação do linfócito é realizada, ele precisa ser multiplicado para existir em maior quantidade. Todo esse processo é feito in vitro, ou seja, fora do corpo humano. Uma vez que a quantidade desejada é alcançada, é preciso colocar esse linfócito modificado de volta no paciente, por meio de uma infusão parecida com a doação de sangue.

Quais pacientes podem utilizar a terapia genética Car-T Cell?

De acordo com o especialista, existe um número pequeno de cânceres que podem ser submetidos à terapia com a Car-T Cell. A eficácia desse método depende da existência de um alvo no tumor e do tipo de alvo. Alguns cânceres expressam moléculas que podem ser alvo da terapia, mas elas também podem ser expressadas por tecidos saudáveis. Com isso, aconteceria uma resposta imunológica contra células normais, prejudicando o paciente.

“Por isso que a maioria dos protocolos estão sendo trabalhados para os cânceres hematológicos, como leucemias e linfomas. Os alvos, que são os antígenos, são mais fáceis de serem encontrados nesses cânceres”, diz o médico.

Além disso, essa terapia genética está sendo utilizada apenas para casos refratários, aqueles que não respondem ao tratamento proposto. “Muitos dos cânceres em que nós a utilizamos juntamente com anticorpos monoclonais e quimioterapia, o resultado tem sido muito bom. Ela ainda não foi testada como tratamento de primeira linha, mas ainda estamos pesquisando as melhores indicações”, ressalta o especialista.

O primeiro paciente brasileiro a ser submetido ao Car-T Cell, Vamberto Luiz de Castro, se encaixava nessa combinação de fatores. Ele tinha um linfoma não-Hodgkin que expressava um alvo, o CD 19, e não tinha outra alternativa de tratamento. Além disso, a condição dos seus órgãos permitia que ele enfrentasse o tratamento experimental. “Naturalmente, ele autorizou ser submetido a essa terapia genética ciente dos riscos associados, que não são pequenos”, conta o médico.

Entretanto, ainda não se sabe quando a Car-T Cell estará disponível para a população no Brasil. Isso acontece devido à falta de infraestrutura para realizar esse procedimento em larga escala e a quantidade de pacientes dentro dos parâmetros.

Somado a tudo isso, é extremamente necessário que o tratamento seja feito em hospitais especializados em transplantes de medula óssea (TMO). Dentre os motivos, estão que os efeitos colaterais desse tratamento podem ser graves.

De acordo com o Dr. Rego, o paciente pode sofrer uma síndrome de liberação de citocinas que pode causar um quadro de febre e choque. Além de reações adversas do sistema nervoso central, que podem até levar o paciente ao coma.

Essa terapia genética pode ser considerada a cura para o câncer?

Primeiramente, é preciso lembrar que não existe um único tipo de câncer. Cada tumor é causado devido a um tipo de mutação genética e mesmo dentro de um tipo câncer, existem muitas variações de mutação.

Para curar o câncer, o Car-T Cell precisa encontrar as diferenças que sejam mais específicas daquele tumor.

“O câncer é uma doença muito complexa. Penso que a cura vai passar por uma combinação de diferentes tecnologias. Então, nós vamos ter cânceres que serão curados com a quimioterapia tradicional. Dessa forma, amos ter aqueles que serão curados com a imunoterapia, outros com a terapia celular. A cura do câncer ainda é um cálice sagrado, que envolve muitos aspectos ainda deconhecidos”, afirma o Dr.

Há ainda os pacientes que recidivaram mesmo após essa terapia. Isso acontece, particularmente, com pessoas nos Estados Unidos e na China. Uma das explicações é a Teoria da Evolução de Darwin. Ou seja, o câncer desenvolve métodos para não ser destruído, ficando mais forte.

De acordo com o especialista, “Toda vez que você coloca uma pressão seletiva, nesse caso seria o próprio Car-T Cell, é possível ter uma adaptação no organismo vivo para a sobrevivência. Então você pode ter a recaída da doença com uma célula que não expressa o antígeno alvo”.

Car-T Cell no Brasil

Apesar de não ter uma previsão para quando essa terapia genética estará disponível no país, existem três brasileiros que devem ser submetidos a ela em breve.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2019/08/19/melhora-da-calvicie-pode-estar-no-sangue-do-proprio-paciente/

“Calculamos que a nossa capacidade de produzir o vírus e infectar as células linfocíticas de outros pacientes, e a quantidade de vírus que nós temos, deve ser suficiente para mais três pacientes”, detalha o Dr.

Com os resultados obtidos até agora com o Sr. Vamberto Luiz, o novo tratamento tem passado por uma grande procura. Entretanto, os pacientes precisam estar dentro do recomendado para realizar o procedimento. Além da capacidade do Centro de Produção, mencionada pelo especialista, e também da autorização dos órgãos e profissionais responsáveis.

“Aparentemente, todos esses fatores estão indo bem. A expectativa é que completemos essa etapa toda até o final de 2020”, o Dr. Eduardo Rego.

Fonte: ABRALE

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