Ela afeta a qualidade de vida e o convívio social dos pacientes, e costuma ser tratada incorretamente em muitos casos, mesmo acometendo 7% da população (um quarto dos doentes com dor crônica). A dor neuropática é um tipo de dor decorrente de danos causados nas vias sensitivas do cérebro ou dos nervos. No Brasil, um estudo chegou a apontar acometimento de até 10% da população (cerca de 21 milhões de brasileiros). De acordo com o neurocirurgião Guilherme Lepski, a dor é secundária a lesões das raízes nervosas ou dos nervos (decorrente de acidentes ou de agressões cirúrgicas), neuropatias periféricas (doenças dos nervos), hérnias de disco ou herpes zoster (cobreiro). Ela também pode acometer 8% dos pacientes que tiveram acidente vascular cerebral, até a metade dos doentes com traumatismo raquimedular e cerca de ¼ daqueles diagnosticados com esclerose múltipla. Saiba como reconhecer a enfermidade: Como é a dor neuropática Pacientes com quadro de dor crônica neuropática podem ter sensações de queimação, agulhadas, choques, formigamento ou adormecimento de áreas específicas do corpo, que podem estar presentes durante todo o tempo (contínua) ou em crises que surgem em horários intercalados (intermitente). Essas sensações geralmente pioram à noite ou quando o doente está mais relaxado, e são pouco amenizadas pelos analgésicos comuns ou anti-inflamatórios. Como diagnosticar? Diagnosticar a doença de maneira assertiva e precoce é fundamental para garantir o tratamento correto e evitar as consequências do sofrimento psicológico e os danos sociais relacionados à dor crônica não tratada. Segundo o neurocirurgião, o diagnóstico da dor neuropática, no entanto, pode demorar a acontecer. Isso ocorre principalmente por dois fatores: ou os pacientes passam muito tempo se automedicando com analgésicos, mascarando o problema, ou há retardo na procura ao especialista, visto que os critérios diagnósticos não são comuns. “Os sintomas da dor neuropática também são sintomas de outras doenças, por isso, é fundamental uma avaliação médica mais profunda. Além da história clínica e do exame neurológico do paciente, exames mais complexos podem confirmar o diagnóstico”, ressalta o especialista. Tratamentos para dor neuropática Pelo fato de a dor neuropática causar grande sofrimento e ser de difícil manejo, seu tratamento eficaz geralmente requer abordagens além dos tratamentos convencionais à base de medicamentos e reabilitação. Dentre as opções disponíveis, estão: bloqueios nervosos, ablações/remoções das vias sensitivas e infusão de medicamentos no sistema nervoso, bem como técnicas de neuromodulação – tidas como as mais eficazes para esse tipo de dor – que envolvem a estimulação elétrica do sistema nervoso para bloquear as vias dolorosas. O neurocirurgião explica que, por meio da neuromodulação, podem ser estimulados os nervos, a medula espinhal e até partes do cérebro. Na técnica, o paciente recebe o implante de um eletrodo ligado a uma bateria. Essa, por sua vez, gera estímulos para uma parte do sistema nervoso responsável por enviar mensagens de dor para o cérebro. “É como se essa região fosse bloqueada e deixasse de mandar esses sinais, fazendo com que o paciente sinta menos dor”, descreve o médico. Novidade para os pacientes Recentemente, pacientes com dor neuropática passaram a contar também com uma técnica de estimulação dos gânglios nervosos, que é menos invasiva e traz resultados mais eficazes quando comparadas às demais técnicas citadas. O diagnóstico correto e a indicação precisa são fundamentais para o sucesso da terapia. Fonte: Agora RN
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