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Conselhos de Farmácia mobilizam-se contra MIPs em supermercados

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Taylon Gustavo é um garotinho esperto e ativo, de 4 anos. Há duas semanas, uma traquinagem do garoto adquiriu contornos perigosos ao envolver um hábito que sua família cultiva há várias gerações: a automedicação com um estimulador de apetite, para auxiliar na nutrição das crianças. Taylon alcançou o vidro na prateleira da estante e ingeriu 20 dos 90 mL que o frasco continha. Ele ficou agitado, teve alucinações e passou 37 horas acordado. A overdose do medicamento poderia ter causado um infarto no menino. Para evitar casos como estes, os Conselhos de Farmácia estão em campanha desde quarta-feira, dia 4/12. O objetivo é assegurar que a venda desses medicamentos isentos de prescrição, os MIPs, apenas ocorra em farmácias, sob a supervisão de farmacêuticos.

A campanha não acontece por acaso.  Projetos de Lei em tramitação no Congresso Nacional propõem a liberação da comercialização dos MIPs em supermercados e estabelecimentos similares, como quitandas, feiras e hotéis, sob o pretexto de ampliar o acesso a esses medicamentos, que têm venda livre. Mas, embora não exijam receita médica, os MIPs não são isentos de riscos. As estatísticas do Datatox, sistema usado por 17 dos 33 centros de notificação de casos de intoxicação no país apontam a ocorrência de 9 mil casos de intoxicação por MIPs em 10 estados, num período de quatro anos. Registrado pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) de Salvador (BA), o caso de Taylon Gustavo vai engrossar essas estatísticas.

“Considerando que o Brasil tem 27 unidades federativas, e que a maioria dos casos que chegam aos centos de informação e assistência toxicológicas são aqueles que demandam socorro médico, o número de vítimas de intoxicação certamente é bem maior”, avalia o presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter Jorge João. Ele lembra que metade das vítimas envolvidas nestes mais de 9 mil casos foram crianças pequenas como Taylon Gustavo. Walter Jorge João rebate as críticas de que os interesses dos conselhos são corporativos. “Medicamento é coisa séria! Por trás de cada número há uma vida em risco. Nossa campanha foi pensada em defesa da saúde da população e do direito dos brasileiros à assistência farmacêutica integral”, ressalta.

Para o Sistema Conselho Federal de Farmácia/Conselhos Regionais de Farmácia (Sistema CFF/CRFs), ampliar o acesso aos medicamentos sem qualquer orientação sob o pretexto de que essa medida baixa custos é promover “uma economia burra, que encarecerá ainda mais o custo da assistência à saúde pública no Brasil” . “Colocaremos alguns centavos nos bolsos dos brasileiros, para que eles se arrisquem a amenizar (por conta própria) uma dor ou mal estar, mas obrigaremos o Sistema Único de Saúde, o SUS, a despender bilhões de reais com atendimentos emergenciais e internações, e isso, a um custo social gigantesco, de dias perdidos de trabalho, sequelas e até mortes.”

Os erros de medicação acarretam uma morte por dia e prejudicam 1,3 milhão de pessoas ao ano (EUA). Os números são semelhantes no Brasil (OPAS/OMS). Estimativas em um estudo realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no ano de 2017 apontam para um gasto de R$ 60 bilhões anuais com a assistência às vítimas de danos causados por medicamentos. “O Brasil tem 85 mil farmácias e 220 mil farmacêuticos. Não há argumentação econômica, sanitária ou social que justifique a venda de medicamentos em supermercados e similares”, reitera.

Nunca mais – Depois do pesadelo que viveu, a mãe de Taylon Gustavo, a comerciante baiana Geisa Maia Moreira, de 36 anos, diz que descartou o medicamento. Ela garante que nunca mais ninguém da família vai se automedicar. Taylon Gustavo ficou hospitalizado por 9 horas e levou 2 dias para voltar ao normal. “Gravamos um vídeo dos momentos de horror do meu filho. Ele trocava os nomes das pessoas e na, na confusão causada pelo medicamento, enxergava todos os coleguinhas da escola na sala de casa”, conta. Geisa Moreira diz que ela, seu irmão, seus primos, seus sobrinhos e a filha,de 19 anos, usaram o estimulador de apetite quando crianças. “Não imaginava que pudesse causar esses problemas. Nunca mais tomo medicamento por conta própria!”

Fonte: Sinan/ Data SUS

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2019/12/10/panvel-chega-a-teutonia/

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