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Cresce tráfego de clientes em loja de shopping e cai em loja de rua

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No auge da disseminação da covid-19, o que mais se ouvia de lojistas e consultores de varejo era que, assim como o e-commerce, a loja de rua teria um belo empurrão, e para ficar.

A partir daquele momento, o consumidor estaria bem mais disposto a comprar sem sair de casa e ou buscar o que precisa no bairro e em regiões comerciais, evitando a loja de shopping.

De fato, as vendas on-line subiram para outro patamar. Em 2021, o faturamento do setor aumentou 27% em relação a 2020, segundo levantamento da Neotrust.

Após dois anos e meio de pandemia, e com boa parte da população vacinada, no caso de lojas físicas, pesquisa da Virtual Gate revela que não é bem assim.

Neste ano, há mais consumidores indo para as lojas de shoppings do que para as de ruas, um movimento que até supera o que se via antes da pandemia do novo coronavírus.

No mês passado, o fluxo de pessoas em lojas de shoppings no país cresceu 8%, em média, sobre julho de 2021 e, em lojas de rua, caiu 6,3%.

Neste ano, o tráfego médio em lojas de shoppings é 4% maior do que o de lojas em ruas, de acordo com a Virtual Gate, que monitora cerca de 4 mil pontos de venda no país.

De janeiro a julho de 2019, o fluxo médio de pessoas em lojas de rua no Brasil era 13% maior do que o de shoppings.

SÃO PAULO

Na cidade de São Paulo, os números são ainda mais favoráveis aos centros comerciais. O tráfego de pessoas em lojas de shoppings subiu 16% e, em lojas de ruas, caiu 9%, no período.

De janeiro a julho deste ano, o movimento de pessoas em lojas de shoppings era 8% maior do que o de ruas no município de São Paulo.

Em 2019, no mesmo período, o movimento médio de pessoas em lojas de rua era 11,7% maior do que em shoppings, de acordo com a empresa de monitoramento.

“Os shoppings oferecem uma experiência mais completa para os consumidores e também mais segurança”, afirma Heloísa Cranchi, diretora-geral da Virtual Gate.

Lojistas ouvidos pelo Diário do Comércio dizem que são poucas as ruas comerciais que oferecem infraestrutura para atrair o público e, por isso, os shoppings são preferidos.

VIOLÊNCIA

“O que tenho ouvido de clientes é que os furtos e a sensação de vulnerabilidade no pós-pandemia aumentaram, refletindo diretamente no comércio de rua”, afirma Marcos Hirai, consultor especializado em expansão de redes.

Em ruas da Liberdade, bairro que atrai turistas de todo o país e de fora, as experiências dos consumidores, diz ele, são estressantes em razão da falta de limpeza e furtos.

Na região do Brás, de acordo com relatos de lojistas, diz Hirai, a probabilidade de o cliente voltar sem carteira e celular aumentou, motivo que tem levado mais pessoas aos shoppings.

Dados da Virtual Gate revelam também que o fluxo de pessoas em lojas no geral (em shoppings e em ruas) ainda não chegou ao patamar pré-pandêmico.

De janeiro a julho deste ano, o fluxo de pessoas em lojas no país subiu 45,4% em relação a igual período do ano passado, mas ainda é 30% menor do que em igual período de 2019.

Em números absolutos, 253,5 milhões de pessoas circularam em lojas no país de janeiro a julho deste ano. Em igual período de 2019 foram 372,1 milhões de pessoas.

Por região, a Sul é que registra, de janeiro a julho, a maior queda no tráfego de pessoas em lojas em relação a igual período de 2019, de 23%.

Considerando só o mês passado, o fluxo de pessoas em lojas subiu 1% sobre julho do ano passado e caiu 24,3% sobre julho de 2019.

POR SEGMENTO

O segmento do varejo que registrou maior alta no fluxo de pessoas em julho deste ano sobre igual mês do ano passado foi o de perfumaria e cosméticos, de 41,7%.

Outros aumentos no movimento de consumidores foram registrados nos setores de vestuário e calçados, de 24,7%, de livrarias, de 24%, e de utilidades domésticas, 12,6%.

As lojas de material de construção apresentaram queda de 9,4% no tráfego de pessoas, no período.

Na comparação com julho de 2019, todos os setores registraram queda no fluxo de pessoas, e a maior foi identificada em livrarias, de 48,4%.

De acordo com a diretora-geral da Virtual Gate, é provável que, a partir de outubro, o fluxo de pessoas aumente nas lojas em razão da Black Friday e da proximidade do Natal.

“A queda no fluxo em comparação com 2019 deve diminuir mês a mês, mas não deve chegar aos números de 2019, devendo ficar 15% a 20% abaixo”, diz ela.

É bom lembrar que aumento no tráfego de pessoas não significa mais vendas, especialmente agora que as condições macroeconômicas do país não são favoráveis ao consumo.

“O fluxo não traduz as vendas, principalmente porque o cliente está sem dinheiro”, diz Elvimar Martins, franqueado com sete lojas da Constance, rede de calçados femininos.

“O tíquete médio subiu em relação a 2019. Se descontar a inflação, o faturamento das lojas está de 20% a 25% menor do que o de 2019”, afirma.

Diferentemente do que acontece em restaurantes, quando um cliente entra, come e paga a conta, diz ele, em uma loja de roupas ou calçados ele entra, olha, e pode sair sem levar nada.

“Estamos fazendo das tripas coração para aumentar a conversão em vendas.” Isto é, fazer com que o cliente entre na loja e compre.

De acordo com a Virtual Gate, neste ano, no setor de vestuário, a taxa de conversão é de 16,5%, em média.

Isto é, de cada 100 pessoas que entram numa loja, 16 compram. Em 2019, este número chegou a 13 e, em 2021, a 19.

Em suas lojas, diz Martins, a taxa de conversão é um pouco maior do que a média, de 18%.

“Sapato é um produto que as mulheres compram mais do que precisam porque é um item de moda. Nosso treinamento é para que a cliente volte sempre à loja.”

Quando aumenta o fluxo no caso de uma venda assistida, como em lojas de roupas, de acordo com Heloisa, geralmente a conversão cai.

Se há fila para pagar, há desistência da compra, que também ocorre quando o cliente vê que não está sendo bem atendido.

“Com a pandemia, os lojistas reduziram o quadro de funcionários. Se aumenta o movimento na loja, clientes acabam não sendo bem atendidos”, afirma.

Para aumentar a taxa de conversão, de acordo com Heloisa, os lojistas não podem perder a oportunidade e focar no atendimento, receber muito bem o consumidor.

“A experiência para o cliente não é ter uma loja toda tecnológica, cheia de luzes, som e ação. O que o cliente quer e ser bem atendido e encontrar o que precisa.”

Vale a pena, diz ela, identificar quais os horários de maior movimento na loja e estar preparado para dar atenção a todos os que entram.

Martins, franqueado da Constance, diz que está treinando à exaustão as funcionárias de suas sete lojas para que não percam venda.

Se a conversão ficar acima de 18%, funcionários recebem prêmios em dinheiro.

A Constance também possui uma ferramenta que permite às vendedoras entrar em contato com clientes, por meio do WhatsApp, para oferecer produtos e ou chamá-las para as lojas.

Fonte: Diário do Comércio

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