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Diretor exonerado da Saúde diz que não conhecia vendedor de vacinas e que jantava com amigo quando ele apareceu

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Exonerado da Diretoria de Logística do Ministério da Saúde após denúncia de que exigiu propina para fechar um contrato de aquisição de doses de vacina contra a Covid, o servidor Roberto Ferreira Dias disse em entrevista ao G1 e à TV Globo que não conhecia nem convidou para jantar o denunciante, Luiz Paulo Dominguetti.

Dominguetti depôs nesta quinta-feira (1º) à CPI da Covid. Ele se apresentou como representante da empresa Davati Medical Supply, que supostamente seria uma intermediária na venda de 400 milhões de doses de vacina da farmacêutica AstraZenica para o governo.

Segundo Dominguetti afirmou à comissão, ele foi convidado em 25 de fevereiro para jantar no restaurante Vasto, em um shopping de Brasília. Dominguetti relatou aos integrantes da CPI que, além de Roberto Dias, participaram do encontro um empresário e o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-auxiliar de Dias na Diretoria de Logística.

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou nesta quinta-feira que a comissão promoverá uma acareação entre todos os participantes do jantar.

Aos senadores, Dominguetti disse que havia um empresário à mesa, mas que não lembrava do nome dele.

Pela versão de Roberto Dias, o empresário é José Ricardo Santana, ex-secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial cuja secretaria-executiva é ocupada por um servidor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo Dias, Santana é um ‘grande amigo’ e eles jantavam quando Blanco e Dominguetti chegaram.

Dominguetti disse à CPI que, durante o jantar, fez a oferta de venda da vacina por US$ 3,5 a dose, mas Dias teria pedido uma elevação do preço para US$ 4,5.

“A conversa começou assim: ‘Nós temos que melhorar esse valor. É para cima, é para mais’. Aí se pediu acréscimo de US$ 1 por dose. Eu, de imediato, disse que não tinha como fazer”, disse Dominguetti à comissão.

Roberto Ferreira Dias contesta essa versão. “Nego veementemente”, declarou. Segundo ele, o jantar não foi realizado com a finalidade de negociar vacinas. Dias afirmou que Dominguetti e Blanco apareceram sem que ele soubesse.

“Não existiu um jantar com essa pessoa no Vasto. Existiu um jantar cuja essa pessoa apareceu. Eu fui no Vasto, como fui diversas vezes durante a minha estada em Brasília, e lá estava jantando com um amigo. Nessa oportunidade, o coronel Blanco, que foi meu assessor e foi diretor-substituto da diretoria do departamento – que até então eu era o diretor – apareceu [junto com Dominguetti] e sentaram à mesa. E daí a gente começou a conversar. Então, não houve um encontro marcado, isso nunca aconteceu”, afirmou Roberto Dias.

Veja abaixo um trecho do diálogo de Dias com os repórteres do G1 e da TV Globo:

Pergunta – O senhor estava jantando com quem?

Roberto Ferreira Dias – Ricardo Santana, é um grande amigo daqui de Brasília, trabalhava na Central de Medicamentos, uma pessoa do setor de medicamentos.

Pergunta – Ele estava lá quando o coronel Blanco ligou?

Roberto Ferreira Dias – Não ligou.

Pergunta – Ele apareceu?

Roberto Ferreira Dias – Sim.

Pergunta – E como ele sabia que o senhor estava lá?

Roberto Ferreira Dias – Não sei.

Pergunta – Foi coincidência?

Roberto Ferreira Dias – Eu falei com o Blanco naquele dia algumas vezes, não lembro de ter marcado nenhum tipo de encontro. Isso não aconteceu. Isso é muito importante registrar: essa pessoa que se apresenta como senhor Dominguetti nunca tinha visto, nunca tinha nominado. Para mim, era um completo desconhecido.

Pergunta – O coronel Blanco levou o Dominguetti?

Roberto Ferreira Dias – Veja bem, a gente tá falando de um jantar que aconteceu. Não foi nem um evento específico. Aconteceu no mês de fevereiro. Tenho talvez uma lembrança de que ele chegou junto com Blanco. Mas, enfim, fica prejudicado dizer se chegou junto ou chegou separado, saiu antes, saiu depois. São detalhes específicos de um momento que era extremamente corriqueiro, um evento, um jantar, que não fazia parte do jantar, nem o coronel Blanco nem o Dominguetti.

Pergunta – O coronel Martinelli estava junto? [Na CPI, confrontado com uma foto do coronel Alexandre Martinelli, Dominguetti afirmou acreditar que ele estivesse presente ao jantar. “Acredito que seja”, afirmou. Martinelli negou que estivesse no jantar].

Roberto Ferreira Dias – Não não, coronel Martinelli não. Não estava. Coronel Martinelli, ele trabalhou no Ministério da Saúde, mas não estava lá.

Pergunta – Então eram só vocês quatro?

Roberto Ferreira Dias – Sim

Pergunta – E como é que foi a conversa?

Roberto Ferreira Dias – Bom, depois que essa pessoa, esse senhor Dominguetti se senta à mesa e se apresenta, ele começa a fazer perguntas técnicas de vacina, de como faz, como funciona importação, como funciona a venda, enfim, a conversa gira em torno disso

Pergunta – Em nenhum momento ele ofereceu alguma coisa, de alguma vantagem?

Roberto Ferreira Dias – A mim, não. Até porque, até esse momento, ele não era preposto ou representante de empresa alguma e eu não o conhecia.

Pergunta – Não se apresentou como representante da Davati?

Roberto Ferreira Dias – Não. Ali na mesa, depois da conversa, é que ele falou que gostaria de vender vacinas.

Pergunta – Só depois?

Roberto Ferreira Dias – Só, não o conhecia.

Pergunta – E o senhor não pediu nada quando ele falou isso?

Roberto Ferreira Dias – Eu?

Pergunta – É.

Roberto Ferreira Dias – Não, claro que não.

Pergunta – Propina, um…

Roberto Ferreira Dias – Não, claro que não, pelo amor de Deus, claro que não.

Pergunta – Então o senhor nega que tenha feito o pedido?

Roberto Ferreira Dias – Nego veementemente, o que já está errado porque não teria que ser eu a provar isso. É o contrário não é? Alguém tem que provar que eu fiz, não eu ter toda essa exposição para provar que não fiz.

Fonte: G1.Globo

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/brasil-chega-a-marca-de-100-milhoes-de-doses-de-vacina-contra-a-covid-19/

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