Informações das secretarias municipais de Saúde mostram que, em vários estados, os estoques públicos de medicamentos para intubação estão em níveis críticos e podem acabar nos próximos 20 dias.
O chamado kit intubação tem, entre outros itens, remédios para anestesia, sedação e relaxamento muscular. “Os bloqueadores causam um relaxamento profundo na musculatura do tórax e do abdômen, fazendo com que haja uma melhor ventilação neste paciente. Quando você não tem esses bloqueadores neuromusculares, essa estratégia não pode ser feita e isso acarreta um prejuízo muito grande e um possível desfecho de aumento de mortalidade nesses doentes”, explicou o médico intensivista Alexandre Amaral.
No Pará, os 12 hospitais da rede estadual só têm estoque para mais 15 dias. No Paraná, os bloqueadores neuromusculares são suficientes para apenas dois dias; sedativos e analgésicos só para mais uma semana.
No Distrito Federal, o presidente do Conselho Regional de Medicina alertou para o baixo estoque de antibióticos e sedativos na rede pública. O dia começou com estoque zerado de dois remédios: o propofol, que é um anestésico geral de curta duração; e o vecurônio, relaxante muscular, que serve para facilitar a introdução do tubo na traqueia.
Em Florianópolis, no Hospital Estadual Nereu Ramos, medicamentos de intubação estão sendo diluídos para render mais. A Secretaria de Saúde de Santa Catarina diz que há risco de desabastecimento.
O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde calcula que as reservas atuais durem só 20 dias e pede que o Ministério da Saúde garanta com a indústria a continuidade do fornecimento.
‘Em todo o país, nós estamos vivendo um momento extremamente crítico. O importante é que, nesse momento de gravidade, nós estejamos reunidos principalmente sob a regulação do Ministério da Saúde com a participação da indústria para nós estarmos regulando essa produção desses medicamentos; Ministério da Saúde e indústria para que não faltem nos hospitais de referência, principalmente nas unidades que estão no plano de contingência”, afirmou o presidente do CONASEMS, Wilames Freire.
O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, passou o dia nesta terça (16) no ministério e já foi informado da situação. Fontes ouvidas pelo Jornal Nacional disseram que representantes de laboratórios afirmaram ao governo que não conseguem atender toda a demanda em curto prazo e sugeriram que o ministério importe esses remédios.
Na ponta, onde os profissionais de saúde se desdobram para dar conta de tantos pacientes, a preocupação é que o baixo estoque de remédios comprometa também outros atendimentos de emergência.
‘Muitos desses medicamentos são usados para outros pacientes, são usados para cirurgias, por exemplo, e a hora que faltar vai ser um grande problema para continuar tocando as cirurgias de emergência e depois as cirurgias eletivas’, declarou a presidente da AMIB, Suzana Lobo.
O Ministério da Saúde afirmou que faz reuniões semanais com secretários municipais e estaduais de Saúde para planejar o apoio federal com com base no consumo de cada um, e que as informações são repassadas à Anvisa e à indústria farmacêutica para que a produção e a venda dos medicamentos sejam adequadas à realidade.
Fonte: G1