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EUA têm o primeiro caso confirmado de reinfecção de Covid-19

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Cientistas americanos divulgaram o primeiro caso confirmado de reinfecção de Covid-19 nos Estados Unidos.

O estudo de caso foi publicado na noite desta segunda-feira (12) na revista científica The Lancet. O caso aconteceu no estado de Nevada e foi investigado por pesquisadores da Universidade de Nevada, do Instituto de Medicina Personalizada e do Laboratório de Saúde Pública.

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Além de Nevada, outros casos de reinfecção do Sars-CoV-2 foram confirmados em Hong Kong, Bélgica e Equador. Um quinto caso, ainda sem confirmação formal, foi reportado na Holanda.

Para confirmar a reinfecção, os cientistas sequenciaram o material genético do Sars-CoV-2 colhido do mesmo indivíduo em cada uma das infecções e viram que se tratava de cepas distintas.

O paciente, um homem de 25 anos, apresentou sintomas gripais compatíveis com a doença -dor de garganta e de cabeça, tosse- no final de março e teve a confirmação de Covid-19 por meio do exame RT-PCR em abril. O exame é considerado padrão ouro para verificar se a pessoa está infectada.

Um novo exame realizado no dia 9 de maio comprovou o fim da infecção. No dia 26 de maio, outro teste RT-PCR foi feito para verificar que o vírus não estava mais em seu organismo, e o resultado foi negativo.

O paciente, porém, voltou a apresentar sintomas no dia 31 de maio, e foi a um hospital com febre, diarreia, náusea e tosse. Após uma análise de radiografia do pulmão, o paciente foi liberado para casa. Cinco dias depois, o homem buscou novamente ajuda médica, dessa vez com quadro de hipóxia (falta de ar), e foi encaminhado a um serviço de urgência.

A segunda infecção, confirmada por outro exame RT-PCR em 5 de junho, foi bem mais violenta, com hospitalização, necessidade de suporte de oxigênio e danos ao pulmão. O paciente se recuperou em 6 de junho. Nessa mesma data, um exame sorológico confirmou a presença de anticorpos IgM e IgG para o Sars-CoV-2.

Com as duas amostras de “swab” (aquele cotonete usado em exames) em mãos, chamadas A e B, os pesquisadores sequenciaram o material genético do vírus. Os dois vírus são da mesma linhagem, chamado clado 20C, que corresponde à quase totalidade de vírus isolados no estado de Nevada.

Comparando as amostras com outras do clado 20C e com uma sequência vinda de Wuhan -sequência “zero”-, os pesquisadores obtiveram uma árvore evolutiva das amostras e viram que, embora do mesmo clado, elas possuem muitas diferenças genéticas.

Entre as diferenças estavam pelo menos quatro mutações distintas na sequência da amostra A em relação à B, e sete mutações na sequência da amostra B em relação à A.

Em outras palavras, os vírus podem ser classificados como duas linhagens diferentes com base nessas alterações na sequência do seu RNA viral.

Os pesquisadores afirmam que outras hipóteses possíveis, como o vírus A da primeira infecção ter permanecido latente no organismo do homem por 48 dias e sofrido mutações, ou ainda a coinfecção pelas duas cepas diferentes, com uma infecção de cada vez, são pouco prováveis.

Na primeira hipótese, de evolução do vírus no organismo, isso implicaria em uma taxa de mutação do vírus quase quatro vezes maior do que a encontrada na natureza, o que é muito improvável, afirmam os autores.

“É de enorme relevância a presença das quatro mutações entre as amostras A e B, que, se ocorressem no mesmo vírus, seriam um tipo de mutação [chamado reversão] ligado ao genótipo ancestral, algo com chances tão remotas que chegam a ser inexistentes.”

Caso o homem tivesse sido infectado pelos dois vírus ao mesmo tempo e cada um tivesse se sobressaído em um momento distinto da doença, isso implicaria que, na primeira infecção, o vírus A causou os sintomas e foi detectado pelo exame RT-PCR, mas o vírus B teria permanecido latente. Na segunda infecção, o contrário teria acontecido. Novamente, os autores argumentam ser um evento muito improvável.

Assim, a hipótese mais plausível, na qual os autores acreditam, é a de uma reinfecção por duas cepas distintas. A segunda infecção, mais severa e que levou à hospitalização do paciente, pode ser resultado de uma carga viral maior ou de uma cepa com maior virulência.

O estudo possui algumas limitações, como o fato de o homem não ter realizado exame sorológico após a primeira infecção. Assim, não é possível saber se ele desenvolveu anticorpos contra o vírus após o primeiro contágio.

Após a segunda infecção, o exame sorológico realizado foi o da farmacêutica Roche, de alta eficácia, o que diminui as chances de um resultado falso positivo.

No entanto, esse exame avalia quantidades totais de anticorpos, e não é possível saber se os anticorpos são do tipo neutralizantes -se ligam à proteína S do Spike, ou espícula, do vírus, impedindo a sua entrada nas células- ou são genéricos para toda a estrutura do vírus.

Como a durabilidade dos anticorpos contra o Sars-CoV-2 no organismo ainda é desconhecida, e alguns estudos indicam que ela pode durar até três meses, não é possível saber se o paciente estava protegido ou não do vírus.

Essa será uma pergunta importante de ser respondida pelos pesquisadores no desenvolvimento da vacina contra a Covid-19: a resposta imune induzida após a infecção pelo coronavírus garante proteção ou apenas reduz a severidade do quadro clínico da doença?

A julgar pelo caso confirmado nos Estados Unidos e um segundo caso no Equador, onde os dois pacientes tiveram quadros mais severos no segundo contágio, não é possível ainda saber se essa resposta imune -quando presente- pode proteger o organismo.

Segundo os autores, a segunda infecção ocorreu concomitantemente ao contágio de uma pessoa que mora na mesma casa do paciente, e não há nenhuma informação sobre o paciente tomar remédios imunossupressores ou ser imunodeprimido. A análise do RNA viral do outro morador está em andamento e pode trazer novas informações sobre o caso.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/08/26/novos-relatos-de-reinfeccao-agora-na-europa/ 

Os autores concluem que as dificuldades de rastreamento e testagem de casos suspeitos podem ainda interferir no diagnóstico e na descoberta das reinfecções.

“É crucial notar que a frequência de ocorrência de reinfecções não é definida por um ou dois estudos de caso: esse evento pode ser raro. A falta de sequenciamento genômico dos casos positivos nos Estados Unidos e em todo o mundo limitam a vigilância necessária para encontrar esses casos.”

Fonte: Rádio CIdade 670

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