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Farmácias: o futuro passa pela venda de saúde

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FarmáciasFarmácias – Entre os meses de janeiro e dezembro de 2020, as farmácias e drogarias brasileiras realizaram 888 milhões de atendimentos. É como se cada brasileiro tivesse passado quatro vezes em uma unidade de atendimento no decorrer do ano. Neste período, foram comercializados 2,72 bilhões de produtos, que representaram um faturamento de R$ 58,17 bilhões – um crescimento de 8,8% na comparação com o ano de 2019.

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O movimento de expansão também se deu no número de lojas, de quase 5% somente em 2020. Em dezembro do ano passado, havia 8.364 farmácias e drogarias no Brasil, dando vida ao meme que diz que até na lua é possível encontrar unidades de uma famosa rede.

Medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em conjunto com as vendas de artigos médicos, ortopédicos, além de perfumaria e cosméticos, a venda de artigos farmacêuticos aparece com uma alta de 8,4% no Brasil e de 4,6% na Bahia.

E por mais que a pandemia do novo coronavírus apareça logo no imaginário de quem vê os resultados deste segmento, é recomendável trocar a expressão ‘por conta de’ por outra: ‘apesar de’. A verdade é que há alguns anos o varejo de medicamentos iniciou uma revolução em direção a um novo conceito de negócio, onde a venda de remédio caminha para se tornar apenas uma das fontes de recursos.

No lugar de só atender quem já está doente, em um mercado altamente regulado e com margem de lucro baixa – 2% em média, segundo dados do setor -, o futuro passa pelo conceito de espaços para a promoção da vida saudável, ou hubs de saúde, no jargão do mercado.

‘Somos um setor em transformação. Trabalhamos com gestão moderna de preços, estoques, pessoal e muita automação. As grandes redes investem muito em inovação e na estrutura de distribuição’, conta Sergio Mena Barreto, CEO da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).

Nada irrita mais um cliente que encontrar apenas parte da receita. Isso levou as maiores redes do Brasil a investir pesado em sistemas de estoque e logística. Segundo Mena Barreto, isso se resolveu com o uso de dados e o desenvolvimento de inteligência do negócio. Mas, além disso, complementa, houve uma percepção de que é preciso oferecer um mix mais diversificado.

Conveniência

O setor travou uma verdadeira guerra com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), lembra o executivo da Abrafarma. Até que em 2014 o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a possibilidade da venda de produtos de conveniência, lembra Mena Barreto.

A transformação do setor passa ainda por uma nova visão em relação ao consumidor, que deixa de ser o comprador de um medicamento e passa ser alguém que vai receber ofertas personalizadas e um verdadeiro serviço de curadoria em saúde.

Essa transformação passou por um processo de profissionalização das equipes, que passaram a ter mais conhecimento em gestão de preços, logística e distribuição dos produtos. A tomada de decisões passou a ser baseada em dados utilizados para abastecer sistemas de informação robustos.

Dia após dia, as redes de farmácias e drogarias no Brasil avançam em direção a um novo papel, que a Abrafarma chama de uma ‘Revolução além da pílula’. Cada vez mais, os serviços investem na identificando riscos, prevenção e na ajuda ao paciente no processo de monitoramento e aconselhamento quanto ao tratamento.

‘Cerca de 54% das pessoas abandonam os tratamentos depois de três meses’, diz Mena Barreto. Pensando em reforçar o acompanhamento, a associação identificou 8 serviços que podem ser realizados no acompanhamento à saúde da população: acompanhar a tensão arterial, colesterol, diabetes, revisão da medicação, vacinação, autocuidado, tabagismo e peso.

Orientação

Na Farmácia do Trabalhador Baiano, no Engenho Velho de Brotas, a orientação sobre o uso correto e racional da medicação é algo rotineiro. Muita gente chega lá com dúvidas, conta a farmacêutica Lorena Miranda de Oliveira, sócia do estabelecimento junto com a também profissional da área Grazielly Katarinny Freire Costa. ‘O farmacêutico é o profissional que mais entende de medicamentos e tem como objetivo orientar de forma correta sobre interações medicamentosas e o uso indiscriminado’, explica Lorena.

A farmácia oferece ainda serviços de aplicação de injetáveis, aferição de pressão, glicemia e perfuração lobular, entre outros. ‘Os pacientes/clientes gostam muito desses serviços, um bom atendimento faz com que fidelizamos eles’, explica Lorena Oliveira.

Ela explica que a grande maioria dos farmacêuticos é habilitada a prescrever alguns tipos de medicamentos e solicitar alguns exames clínicos.

‘Essa prática está voltada para a atuação farmacêutica clínica em farmácias, porém alguns exames mais específicos que seriam importantes são vetados pelos legislação, dificultando um atendimento mais rápido, uma vez que a população menos favorecida tem dificuldade ao acesso à saúde básica’, diz.

A oferta dos chamados produtos de conveniência é importante para equilibrar as contas do negócio. ‘Atualmente houve uma diminuição considerável dos lucros sobre a venda de medicamentos, fazendo com que a venda de produtos de perfumaria, higiene pessoal e correlatos, incluindo serviços farmacêuticos, tragam um aumento nas vendas e maior lucratividade para a empresa’, explica.

A busca por estes itens se dá muito pela facilidade de encontrar todos os produtos em um só lugar, explica.

Anick Andrade, diretora técnica da rede A Fórmula, destaca que um dos pontos mais frequentes é a interação entre o farmacêutico e quem prescreve o medicamento na busca de um tratamento mais confortável. ‘Atendemos do público infantil à melhor idade e cada grupo tem uma particularidade e os nossos farmacêuticos interagem com demais profissionais na sugestão de uma forma farmacêutica adequada, como formas farmacêuticas lúdicas para crianças como balas e pirulitos, medicamentos ou xaropes e soluções orais para idosos com dificuldades de deglutição’, conta.

Ela lembra que a rede iniciou o serviço de armários inteligentes, conhecidos como lockers. A Fórmula é a primeira empresa do setor a oferecer este tipo de comodidade. ‘O cliente pode pegar o produto próximo de casa, mesmo em local onde a rede não possua unidades’, explica.

Atuação das farmácias na pandemia

Do mesmo modo que não se pode atribuir à pandemia o bom desempenho da atividade em 2020, não se deve negar que a crise ampliou o leque de atuação do negócio. Os testes rápidos para a covid-19 realizados em 2020 são apenas um exemplo deste movimento e do impacto que esta nova visão em relação ao negócio pode trazer para a sociedade. Foram realizadas 6 milhões de testagens nos locais, evitando aglomerações em postos de saúde.

A ideia da Abrafarma é fortalecer cada vez mais esta visão, inclusive com cessão dos pontos de vendas como postos de vacinação e a estrutura de distribuição para o armazenamento dos imunizantes, se necessário. O projeto Vacina na Farmácia já foi apresentado ao governo federal e depende apenas de um aumento na disponibilidade de doses e da demanda do Ministério da Saúde.

Para garantir o atendimento sem aglomerações, foi criado um aplicativo que vai permitir à população agendar a vacinação na farmácia mais próxima de sua residência. No app, será possível armazenar o comprovante de vacinação, manter o registro das imunizações e agendar novas doses.

Cerca de 5,5 mil pontos de vendas possuem estrutura para a aplicação de vacinas. Além disso, os 40 centros de distribuição pertencentes a empresas filiadas à Abrafarma estão disponíveis para auxiliar na logística de distribuição dos medicamentos.

Mas os planos vão além da imunização contra a covid-19, serviço que o segmento pretende oferecer ao consumidor final sem custos. A insituição identificou que existe espaço para oferecer um serviço de prevenção para a população. ‘Nós acreditamos que 100 milhões de brasileiros deveriam estar tomando vacinas diversas, mas não tomam porque o acesso a elas é difícil, temos poucas clínicas de vacinas’, acredita.

Atuando em um setor em que a margem de lucro é de 2% em média, em que muita coisa é regulada pelo poder público, é necessário realmente muita criatividade para sobreviver. Esse cenário explica o movimento de concentração do setor em grandes redes, muitas com atuação nacional. Marcas locais como a rede de farmácias Sant’Anna e outras cedem espaço para grandes conglomerados.

Mas para Mena Barreto, da Abrafarma, existe sim espaço para redes regionais e até para farmácias independentes que prestem serviços de qualidade para a população. ‘É possível encontrar espaço para todos. Nos Estados Unidos, 80% do mercado é dominado por grandes redes. Quando o cliente procura um produto e não encontra, isso o deixa insatisfeito, mas com bom serviço há espaço para todos’, acredita.

Os clientes querem achar tudo em um lugar

Comodidade é a grande moeda no varejo de farmácias e drogarias. A ampla oferta de produtos e serviços concentrados em um mesmo local é um dos diferenciais de mercado da Pague Menos, diz o vice-presidente de Operações, Digital e Real Estate da rede, José Rafael Vasquez. ‘Nossas lojas não são apenas um lugar onde o cliente compra medicamentos, mas onde ele pode realizar exames e testes de rotina, acompanhamento para obesidade ou parar de fumar’, conta. ‘E, principalmente, ter apoio para dar continuidade ao tratamento médico, além de acesso a um profissional capacitado para tirar dúvidas sobre medicações’, enumera.

Na rede, uma das principais em atuação na Bahia, a variedade de soluções e produtos vai desde as linhas de marcas próprias, com cosméticos, vitaminas e suplementos, kits de primeiros socorros e cuidados básicos, até inovações nas maneiras de entregar os produtos e serviços.

A Pague Menos complementa isso com uma plataforma que leva conteúdo sobre saúde, autocuidado, cidadania, bem-estar e muito mais, por meio de programa de televisão, revista, portal e redes sociais. Segundo José Rafael Vasquez, o próximo passo será o lançamento do Sempre Bem Club, com planos de descontos para consultas médicas e exames em laboratórios, além de outras vantagens. ‘Tudo isso faz parte do nosso hub de saúde, da nossa proposta de levar mais do que apenas medicamentos para o brasileiro’, diz.

Atualmente, os consultórios farmacêuticos Clinic Farma presentes em mais de 800 unidades em todos os estados. O serviço é oferecido desde 2016, porém passou a ser mais procurado após a crise da covid-19. ‘Com a pandemia, as pessoas começaram a dar ainda mais relevância para a sua própria saúde e a necessidade de estarem sempre atentas a sintomas, realizando check-ups com mais frequência, verificando níveis de glicemia ou pressão arterial constantemente, por exemplo. E a farmácia vem para cumprir um papel essencial nesse sentido, muitas vezes ajudando até mesmo a desafogar o sistema de saúde em algumas regiões por meio de triagens, exames e acompanhamentos mais simples’, acredita.

O Clinic Farma é um local de vacinação, participando de campanhas como a vacinação contra a gripe, além de oferecer imunização contra meningite, HPV, pneumonia, entre outras.

‘Também realizamos outros procedimentos, como exames de perfil lipídico, testes toxicológicos, para dengue e PSA, por exemplo. Sempre fez parte da nossa proposta as unidades da rede serem consideradas verdadeiros hubs de saúde’, conta. ‘Vemos com bons olhos a possibilidade de aumentar cada vez mais a atuação de farmácias nesse sentido, facilitando o acesso da população à saúde’.

A Pague Menos tem 114 unidades na Bahia, sendo 45 em Salvador. Além disso, a empresa tem um centro de distribuição de 8 mil metros quadrados em Simões Filho. ‘Com a abertura de capital que realizamos em setembro do ano passado, o nosso foco inicial está sendo a expansão orgânica no Nordeste, como também na região Norte. Já inauguramos três novas unidades esse ano, sendo que a primeira delas foi exatamente em Salvador’.

Fonte: Hora Bahia

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/05/10/plano-gratuito-da-clinicarx-viabiliza-servicos-clinicos-em-pequenas-farmacias/

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