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Frascos da CoronaVac têm quantidade insuficiente para 10 doses, dizem prefeituras na região de Ribeirão Preto

Profissionais de saúde envolvidos na vacinação contra a Covid-19 em Cravinhos (SP) e em Batatais (SP) afirmam que o conteúdo nos frascos da CoronaVac são suficientes para a aplicação de nove doses, e não dez como estabelece o Instituto Butantan, responsável pela fabricação do imunizante no Brasil.

Há duas semanas, o secretário de Saúde de Ribeirão Preto (SP), Sandro Scarpelini, levou o assunto a uma reunião com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi.

Na ocasião, Scarpelini afirmou que a quantidade menor nos frascos reduz o alcance das pessoas vacinadas, e solicitou o envio de mais 22 mil doses da CoronaVac ao estado para finalizar a campanha que abrange profissionais de saúde.

Agora, além das cidades paulistas, municípios de 12 estados relataram o mesmo problema.

Diferenças

Nesta quinta-feira (15), a EPTV, afiliada da TV Globo, acompanhou a vacinação em um posto de saúde em Cravinhos. Cada dose aplicada contém 0,5 mil do imunizante. Foram preparadas nove seringas com a quantidade indicada, mas faltaram 0,2 ml para completar a décima.

‘Cada frasco que a gente abre, a gente vai contando e vai marcando a hora que termina no frasco a quantidade aspirada daquela vacina. Às vezes acontece de 10 e muitas vezes de 9’, segundo a enfermeira chefe do posto de vacinação, Mariana Bernardes.

Segundo a enfermeira, a orientação dos órgãos competentes é que as 10 doses sejam retiradas exclusivamente de um único frasco. É proibido juntar restos de vidros diferentes. O procedimento todo precisa ser documentado.

‘A dose correta é 0,5. Agora, eu volto para o frasco [a quantidade que sobrou], identifico que foram feitas nove seringas e que restaram 0,3. Fica guardado’, explica Mariana.

Menos doses, menos vacinados

Em março, a pedido do próprio Instituto Butantan, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a alteração do volume do frasco da CoronaVac de 6,2 ml para 5,2 ml, para evitar desperdício.

Atualmente, a bula do imunizante alerta que o aplicador precisa se certificar de que o volume aspirado na seringa é de 0,5 ml, necessários para a dose da vacina.

Em Cravinhos, a Secretaria da Saúde avalia que a diferença nos frascos já causou um déficit de 300 doses aplicadas. Quando se confronta o numero de doses calculadas nos lotes e o numero de pessoas que deveriam ser vacinadas, o resultado é menor.

‘A gente não consegue vacinar 100% de um público-alvo. Se a gente pegar a população de 70 a 72 anos até agora, já está chegando a segunda dose para a gente fazer nessa população só que a gente não conseguiu vacinar 100% ainda do número real de pessoas no município dessa faixa etária’, diz a secretária de Saúde, Roberta Meneghetti.

Em Batatais, a Secretaria de Saúde também registrou diferenças, de acordo com a secretária Bruna Tonetti.

‘Nesta semana, nós identificamos sete frascos com um volume equivalente a nove doses ao invés de renderem dez doses. Nós temos reforçado a notificação desses frascos para que as providencias sejam tomadas, considerando que Muitos municípios não estão conseguindo atingir suas populações que precisam neste momento.’

Controle rigoroso

Nesta quinta-feira, o Instituto Butantan divulgou um vídeo sobre o envasamento da vacina. Segundo o diretor de qualidade, Lucas Moura, o processo é à prova de falhas.

‘Para liberar cada lote de CoronaVac, o controle de qualidade realiza testes também de volume para avaliar que tem, no mínimo, 5,7 ml dentro do frasco e dez doses extraídas. São dois testes – de volume total e volume extraído. Nós vamos atualizar a bula para incluir explicações mais detalhadas sobre como extrair as doses, nós vamos colocar fotos, vídeo e o descritivo. O objetivo é facilitar a extração das doses de cada frasco”, diz Moura.

Fonte: G1

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/04/14/butantan-explica-o-que-pode-mudar-na-bula-da-coronavac-apos-queixa-sobre-a-quantidade-de-doses/

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