Governadores contestam veto à Sputnik V

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Os governadores do Nordeste ficaram surpresos e alguns deles viram com desconfiança as afirmações contundentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) contra a vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia. A informação é da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.

A diretoria da agência negou na noite de segunda-feira (26), por unanimidade, pedidos de aval à importação excepcional do imunizante. Entre outras alegações, afirmou que há falhas de desenvolvimento que resultam em incertezas quanto à qualidade, segurança e eficácia do produto.

Disse ainda que foi detectada “presença de adenovírus replicante na vacina”, o que seria uma “uma não-conformidade grave”. Um eventual veto ou restrições da Anvisa já era esperado – mas não a desqualificação completa da Sputnik V.

“A Anvisa está dizendo que a vacina inteira não presta, que ela é perigosa e que representa um risco para o ser humano”, diz o governador do Piauí, Wellington Dias, presidente do Consórcio Nordeste, que reúne governadores da reunião e firmou contrato para a importação de 37 milhões de doses da Sputnik V.

“A vacina é feita pelo maior e mais antigo centro de pesquisa do planeta, o Instituto Gamaleya. Foi aprovada pelas agências de 16 países, entre eles a Rússia, a Argentina e o México. Está sendo aplicada em mais de 60 países e a OMS deve incorporá-la ao consórcio mundial de vacinas. Mas a Anvisa diz que ela é extremamente arriscada. Alguém está mentindo”, segue Wellington Dias.

“O Brasil precisa alertar o planeta. O governo brasileiro tem que fazer comunicado aos outros países e à OMS sobre o risco que a Sputnik V representa para a humanidade, segundo a Anvisa“, diz. “A agência não é um centro de ciência e pesquisa. Mas apontou impurezas, falhas em regras de higiene e disse que não há monitoramento para comprovar a eficácia e a segurança da vacina. É grave”, diz o governador.

Supremo

Segundo o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB-MA), os governos que já firmaram contrato para a compra esperam uma contestação científica para, se for o caso, contestar a decisão da Anvisa no Supremo Tribunal Federal (STF).

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), declarou que respeita o veto da Anvisa, mas afirmou que não podia deixar de expressar “decepção e estranheza”. Santana disse que o estado continuará na busca pela autorização, “principalmente diante da lentidão do Governo Federal no repasse de vacinas”. “O que não aceitarei jamais é que haja qualquer tipo de politização desse processo”, declarou no Twitter.

“A VACINA É FEITA PELO MAIOR E MAIS ANTIGO CENTRO DE PESQUISA DO PLANETA,

O INSTITUTO GAMALEYA. FOI APROVADA PELAS AGÊNCIAS DE 16 PAÍSES, ENTRE ELES A RÚSSIA, A ARGENTINA E O MÉXICO. ESTÁ SENDO APLICADA EM MAIS DE 60 PAÍSES E A OMS DEVE INCORPORÁ-LA AO CONSÚRCIO MUNDIAL DE VACINAS. MAS A ANVISA DIZ QUE ELA É EXTREMAMENTE ARRISCADA. ALGUÉM ESTÁ MENTINDO.”

WELLINGTON DIAS, governador do Piauí

Rússia nega problema e diz que decisão da Anvisa foi “política”

Horas depois de a Anvisa ter negado o pedido de dez estados brasileiros para a importação da vacina russa Sputnik V, o CEO do Fundo Russo de Investimento Direto, Kirill Dmitriev, acusou a agência de ter tomado uma “decisão política” e de ter sido influenciada pelos Estados Unidos. A declaração foi dada em coletiva de imprensa ontem.

“A decisão da Anvisa de adiar a aprovação da Sputnik V é, infelizmente, de natureza política e nada tem a ver com o acesso do órgão regulador à informação ou à ciência. Em nossa opinião, essa decisão é consequência direta da pressão dos Estados Unidos”, disse em nota o fundo russo, que financia o desenvolvimento do imunizante.

A nota afirma ainda que as questões técnicas levantadas pela Anvisa na reunião desta segunda-feira “não têm embasamento científico e não podem ser tratadas com seriedade na comunidade científica e entre os reguladores internacionais.” Diz também que a equipe da agência “teve pleno acesso a todos os documentos relevantes, bem como aos locais de pesquisa e produção.”

Um dos problemas da Sputnik V apontados pela Anvisa foi a presença de adenovírus replicante. Sobre isso, o Instituto Gamaleya, que desenvolve a vacina, falou que tem um controle de qualidade rigoroso e que “nenhum adenovírus competente para replicação (RCA) foi encontrado em qualquer um dos lotes da vacina Sputnik V que foram produzidos.”

Na coletiva de imprensa conduzida na manhã desta terça-feira, o CEO do fundo russo falou que a Anvisa não foi “profissional” e nem “ética” e acusou a agência brasileira de estar tentando barrar a entrada do imunizante no país. Também disse que a Anvisa solicitou mais documentos do que todos os órgãos reguladores dos outros 60 países onde a vacina foi aprovada -e que todos os documentos pedidos foram entregues.

Outro fato mencionado pela Anvisa para negar a autorização de importação da vacina foi que os servidores da agência não puderam entrar em algumas instalações, como o Instituto Gamaleya Dmitriev disse que há “certos procedimentos” que devem ser feitos para visitar o instituto, sem mencionar quais, e que isso pode ser um pouco demorado, mas não especificou quanto tempo.

Diante disso, segundo Dmitriev, os servidores teriam pedido para o Gamaleya apresentar os documentos de controle de qualidade. “Nós mostramos (os documentos) e eles ficaram felizes com isso”, afirmou. Sobre este ponto, o executivo acusou a Anvisa de ser “injusta” e “antiprofíssional”.

Dmitriev acredita que a Anvisa ainda possa revisar a sua decisão e lembrou que vários estados brasileiros já estavam negociando a compra do imunizante russo. “Vamos fazer de tudo para que isso seja possível. Mas, se o Brasil não quiser, vamos focar nos outros países”, disse.

Fonte: Jornal de Brasília

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/04/28/informacoes-sobre-a-reuniao-que-negou-a-importacao-da-sputnik-v-solicitada-por-10-estados/

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