As ferramentas de inteligência artificial na farmácia já não representam uma novidade quando aplicadas no gerenciamento do estoque, na composição correta do mix e na gestão operacional. Mas a grande revolução pode estar na implementação dessas soluções para empoderar a linha de frente do PDV.
Entretanto, para que isso se torne realidade, é necessário, primeiramente, uma mudança de mentalidade e cultura organizacional. “Muitas empresas ainda têm uma visão arraigada de que a IA só pode estar atrelada ao alto comando das corporações. Além disso, também há um certo temor de que disponibilizar a ferramenta via smartphone para as equipes da farmácia vai desviar a atenção dos colaboradores”, analisa Fernando Ferreira, consultor e fundador da plataforma de cursos Retail Jedi.
Porém, na visão do especialista, é justamente no chão de loja que a tecnologia potencializaria os maiores ganhos na operação do varejo. “O ponto de discussão não é mais o custo da inteligência artificial, que é bastante acessível. Hoje se tem uma ferramenta como o ChatGPT por US$ 20 (R$ 115) e consegue-se escalar o uso para a empresa inteira. É um problema muito mais cultural”, acredita Ferreira.
Aplicações da inteligência artificial na farmácia
Uma das aplicações da inteligência artificial na farmácia, com foco nos colaboradores, é a organização de escalas de trabalho. Outro caso prático e acessível é o uso da ferramenta Chatbase, plataforma especializada na personalização e implementação de chatbots, cuja aquisição custa menos que US$ 50 (R$ 287,60).
“O PDV pode alimentar o Chatbase com manuais de atenção farmacêutica, dados sobre medicamentos, lista de Classificação Internacional de Doenças (CID), entre outros itens. E tudo sem acesso à internet, o que garante que a consulta seja realizada em uma base local confiável”, explica. Com isso, as equipes de balcão conseguem recorrer a essas informações quando o farmacêutico não estiver a postos para sanar dúvidas dos clientes.
Essas ferramentas devem chegar na ponta de duas maneiras – por meio da liberação do uso do celular entre os times de atendimento e via ERPs, que cada vez mais precisam embarcar elementos de IA para potencializar a jornada do paciente. “Ao consultar o preço de um remédio, o software já indica as possíveis interações medicamentosas e a recomendação de venda de itens correlacionados”, ressalta.
Novo papel do gestor da loja
A operação do varejo acumula inúmeros relatórios em PDF, com dados e indicadores de vendas. Mas muitas vezes essas informações não são compartilhadas com a ponta ou, quando são, a linguagem não é a adequada. “Não adianta um gestor de loja saber que o faturamento dele subiu ou caiu, pois a métrica aponta claramente esse indicador. O mais importante é entender se o resultado teve mais impacto na área de OTC ou atrás do balcão. A inteligência artificial ajuda nessa tarefa e assegura mais subsídios para lapidar a abordagem do time do PDV”, explica Ferreira.
Os recursos de IA funcionam como uma mentoria e permitem ao gestor montar um plano de ação para aumentar o tíquete médio e bater metas de vendas. Também facilitam o checklist de inspeção da loja e o sequenciamento de tarefas para otimizar a rotina das equipes. “A tecnologia, inclusive, traz lembretes a respeito da necessidade de manutenção e troca de equipamentos e mobiliários, agilizando a comunicação entre os setores e mantendo o foco dos times de atendimento na sua atividade-fim.