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Marketplaces de medicamentos se consolidam mesmo com restrições

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A moda dos marketplaces – as lojas virtuais que reúnem inúmeros vendedores de produtos e serviços no mesmo ambiente – chegou ao segmento de medicamentos. Nos últimos dois anos surgiram no Brasil plataformas como Farmácias APP e Qual Farmácia. Outras, como a Consulta Remédio, começaram como sites informativos e hoje também atuam no e-commerce.

Diferente de outros segmentos, os marketplaces de medicamentos têm de atender exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que monitora a emissão e a retirada de pedidos de medicamentos controlados. Para consolidar-se, portanto, as plataformas tiveram primeiro de se adequar a essas exigências e desenvolver soluções para obter permissão de revenda de remédios à distância, com controle de retirada e guia médica.

Assim, ainda que tardiamente, o segmento de medicamentos juntou-se a outros que já atuavam no formato de marketplace. Segundo relatório da consultoria Ebit, 2017 foi um ano marcado pela consolidação das vendas virtuais por meio desse tipo de plataforma. No total, o faturamento proveniente das vendas via marketplaces atingiu R$ 73,4 bilhões no Brasil, uma alta de 21,9% em relação a 2016.

Logística

De 2016 para cá, algumas startups conseguiram desenvolver alternativas logísticas e legais para comercializar no ambiente virtual os produtos disponíveis em farmácias. No caso de medicamento controlado, o cliente tem de apresentar a receita ao receber o produto por delivery ou ao retirá-lo na loja física.

A brasiliense Qual Farmácia opera há pouco menos de dois anos. Seu mecanismo busca artigos mais em conta e próximos ao consumidor. O pagamento é feito via aplicativo ou na loja física, sem necessidade de filas no caixa, se o comprador optar por retirar o produto.

Com 200 conveniadas em Brasília, a startup participou de acelerações em São Paulo e pretende ampliar a atuação para a cidade já neste mês, consolidando até outubro sua rede credenciada. Hoje, o aplicativo tem 32 mil usuários.

A companhia desenvolveu soluções para consolidar o autoatendimento por filtros de pesquisa personalizados e interação direta com as páginas das conveniadas. Até o fim de 2018, a meta é atingir mil pedidos mensais e 30 mil novos consumidores.

“Nossa ideia é nos integrarmos a qualquer rede, grande ou pequena”, diz o CEO da Qual Farmácia, Sérgio Bergman. “Mas, no início, pela dificuldade em atingir marcas maiores e adaptação aos trâmites da Anvisa, nos integramos às farmácias locais, de bairro”, completa.

Em São Paulo, a meta é chegar a 150 lojas parceiras, incluindo grandes marcas, e estendendo os convênios também às unidades de Brasília das redes, num total de 350 farmácias.

A questão logística levou a uma parceria com outro setor. Em novembro de 2017, a startup participou de uma integração com o sistema de desenvolvimento da Ford, acoplando seus dados aos dos carros da montadora para traçar rotas para o cliente pegar suas compras.

A curitibana Consulta Remédio surgiu em 2000, como um site para pesquisa de medicamentos genéricos, e mais recentemente começou a atuar como marketplace. Em 2017, já integrada aos sistemas mobile, atingiu a marca de 7 milhões de visitas mensais e 65 mil produtos disponíveis em seu balcão virtual. O usuário cadastrado pode buscar remédios a partir do nome, princípio ativo, código de barras ou sintomas. A plataforma também disponibiliza as bulas.

Qual Farmácia e Consulta Remédio têm sistemas integrados de serviços, permitindo que o cliente compre tanto via site quanto via mobile. A seleção dos produtos evita o redirecionamento para os sites de cada lojista.

Já a catarinense Farmácias APP, criada em 2017, hoje reúne 30 empresas anunciantes e mais de 160 mil ofertas atualizadas. A startup tem convênios com cinco redes de farmácias e abrange também as áreas de beleza, nutrição e perfumaria. De acordo com o CTO, Robson Michel Parzianello, o grosso dos pedidos vem, inclusive, das 25 parceiras não-farmacêuticas.

O anunciante se integra ao sistema do APP e ele atualiza instantaneamente as promoções, direcionadas a consumidores potencialmente interessados. O dispositivo já conta com 19 mil usuários, 16 mil destes ativos semanalmente. No site, que tem maior tráfego do que a aplicação, o número vai a 59 mil cadastrados.

Tendência

Para o professor de Empreendedorismo Artur Motta, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), os marketplaces de medicamentos vieram para ficar e a adaptação das lojas físicas a eles se dará pelo entendimento coletivo das farmácias.

“O segredo é não se isolar e inteirar-se com especialistas, estar a par das demandas e tendências do mercado. Entidades de classe e associações farmacêuticas são a chave para se ter poder de barganha junto aos marketplaces, para ampliar essa relação de ganha-ganha (plataforma-cliente) também para a farmácia física”, aponta.

“A tendência de impactar o movimento no espaço físico existe, mas é cedo para arriscar uma dimensão desse impacto. Necessariamente haverá um aumento na procura pelos produtos das farmácias nos aplicativos, mesmo que elas tenham de baixar a margem de lucro. Tudo é uma questão de adaptação e análise dessas novas soluções.”

De acordo com dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que abrange 27 grandes redes farmacêuticas do país, um montante de R$ 523 milhões foi gasto em e-commerce e delivery em 2017. O órgão representa 44% do consumo em farmácias do país, a despeito de englobar apenas 8,6% dos 74,5 mil estabelecimentos desse tipo no Brasil.

Fonte: DCI

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