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Nova técnica usa anticorpo para detectar aterosclerose

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Identificar a aterosclerose em seus estágios iniciais é um dos principais desafios clínicos para controlar a doença e evitar que ela possa terminar em infarto do miocárdio, uma das principais causas de morte no Brasil. Para isso, são necessários exames de imagem ou bioquímicos com maior sensibilidade e especificidade na avaliação do risco de um evento cardiovascular. Visando obter avanços nos métodos de diagnóstico, pesquisa realizada em conjunto pela USP (Universidade de São Paulo) e pela Universidade de Umëa, na Suécia, propõe uma nova abordagem para a detecção da doença. A técnica utiliza como marcadores os anticorpos que são produzidos pelo organismo para combater algumas das toxinas liberadas durante a formação da aterosclerose.

 

A formação da aterosclerose ocorre quando placas de ateroma (gordura) se acumulam nas artérias, estreitando e enrijecendo os vasos sanguíneos, e até obstruindo-os. A responsável por este processo é a lipoproteína de baixa densidade (LDL), que uma vez oxidada libera os componentes que se acumulam nos vasos. Atualmente, a detecção da aterosclerose é feita por métodos de imagem invasivos (cateterismo cardíaco) ou por métodos de imagem indiretos (ressonância magnética, angiotomografia etc). “O sistema imune produz anticorpos que eliminam alguns desses componentes liberados pela LDL.

 

Assim, quando mais placas de ateroma são formadas, mais LDL oxidada estará presente e mais anticorpos serão produzidos pelo organismo”, explica Magnus Gidlund, professor do ICB (Instituto de Ciências Biomédicas) da USP, que estuda o processo patológico da aterosclerose há mais de 25 anos. “Com a determinação dos níveis desses anticorpos, é possível usá-los como marcadores para a evolução da doença.” Gidlund é um dos autores de um estudo, realizado com 1.500 pacientes, que mostra esta correlação. “Constatou-se que, caso o indivíduo possua um nível baixo desses anticorpos, a chance de sofrer um infarto nos próximos dez anos aumenta em 10% a 15%”, afirma. “Se for fumante, esse percentual aumenta para 25%”.

 

O estudo, que acaba de ser submetido à publicação, foi feito em colaboração com o grupo de pesquisa do professor Stefan Nilson, da Universidade de Umëa, e com pesquisadores da FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP, liderados pela professora Nágila Damasceno. O ICB foi responsável por desenvolver e testar, em estudos menores, toda a base intelectual da atual pesquisa. Riscos Embora seja considerado “vilão”, o colesterol tem funções importantes no organismo: auxilia na formação das membranas das células e na produção de hormônios esteroides (estrógeno e testosterona). No entanto, pode ser perigoso quando sofre oxidação – e quanto maior o nível de LDL no organismo, maior a chance de isso acontecer.

 

Dessa forma, a LDL sozinha não é responsável pelas lesões nas artérias, mas funciona como um “combustível” que pode contribuir para a progressão da aterosclerose. Popularmente chamada de “colesterol ruim”, a LDL é, na verdade, uma partícula constituída de proteínas, lípides e também uma molécula de álcool de cadeia longa. Sua função na corrente sanguínea é distribuir o colesterol no organismo. Vários fatores de risco cardiovascular, como a hipertensão e o fumo, geram radicais livres que atacam a partícula de LDL, degradando-a e transformando-a em uma partícula “vilã”, isto é, uma LDL oxidada ou modificada.

 

Os componentes desse colesterol ruim podem provocar lesões nos vasos sanguíneos, mas o maior perigo é quando eles se acumulam em macrófagos (células de defesa) nas artérias, formando as placas. De acordo com o médico Henrique Fonseca, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e pesquisador colaborador do laboratório do professor Magnus Gidlund no ICB, a doença cardiovascular é multifatorial. “Os estudos procuram marcadores mais específicos do processo de aterosclerose, independente dos métodos de imagem tradicionais”, explica, “que possam dar uma visão da evolução da doença nas artérias coronárias, e com isso tratar mais precocemente pacientes, especialmente os que possuem mais chance de sofrer infarto agudo do miocárdio ou, no caso das artérias cerebrais, um acidente vascular encefálico”.

 

“Um diagnóstico mais preciso e barato poderá nos levar a outros patamares na avaliação e terapêutica dos pacientes com maior risco de um evento cardiovascular futuro”, conclui Fonseca. Os pesquisadores ressaltam que o trabalho do grupo com anticorpos no cenário de doenças cardiovasculares, além de possibilitar uma técnica mais barata e efetiva de diagnóstico da aterosclerose, também é promissor para o desenvolvimento de novas terapias para combater a doença, especialmente no que se refere a uma vacina para as doenças cardiovasculares.

Fonte: UOL

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