A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk completou, no último dia 20 de agosto, 30 anos de atividades no Brasil na confortável posição de líder de mercado na área de diabetes, obesidade, transtorno de crescimento e distúrbios hematológicos. De acordo com a consultoria IQVIA, a companhia ocupa, pela quarta vez, a primeira colocação em crescimento de vendas dentre as 25 indústrias farmacêuticas do país.
“Nos últimos cinco anos, conseguimos triplicar o tamanho da empresa, atingindo a liderança nos segmentos em que atuamos superando ao final de 2019 a marca de R$ 1 bilhão em vendas”, afirma Allan Finkel, vice-presidente corporativo e gerente geral da Novo Nordisk no país, em entrevista exclusiva ao Panorama Farmacêutico.
A farmacêutica finalizou neste mês um plano de investimentos de R$ 98 milhões. Desse montante, R$ 10 milhões foram injetados na consolidação dos dois centros de distribuição do Paraná em um único armazém em São José dos Pinhais, na região metropolitana.
Aporte em pesquisa clínica
Outros R$ 88 milhões foram destinados, nos últimos cinco anos, à pesquisa & desenvolvimento no Brasil. Foram 19 pesquisas clínicas, com quase 800 pacientes envolvidos. “No primeiro semestre de 2021 teremos o lançamento da versão oral do GLP-1, na qual será a primeira vez que uma empresa consegue encapsular o hormônio. E também teremos mais uma novidade na área de obesidade até 2022”, resume Finkel.
Maior produtora de insulina da América Latina e única do Brasil, a fábrica da Novo Nordisk em Montes Claros (MG) também exporta para a Europa, Oriente Médio e Ásia. No ano passado, a empresa lançou o Ozempic (semaglutida), um análogo do peptídeo humano 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) indicado para o tratamento do diabetes tipo 2, mercado em que conta com 19% de participação.
Em junho deste ano, ocorreu o lançamento do Fiasp, uma nova insulina ultrarrápida, com um composto análogo que mais se aproxima de simular o funcionamento do pâncreas humano.
Pioneirismo no segmento de obesidade
Há quatro anos, a companhia ganhou destaque com o lançamento do Saxenda (liraglutida), primeiro e único análogo do hormônio natural GLP-1 aprovado para o tratamento da obesidade em território nacional. O medicamento foi responsável por 48% do market share em 2019, o que representou um crescimento de nove pontos percentuais em relação ao ano anterior.
No início do mês, a Anvisa aprovou a ampliação do uso do medicamento para jovens a partir de 12 anos. “Trata-se da única opção de tratamento medicamentoso para crianças e adolescentes. O Brasil foi o primeiro país no mundo a aprovar o Saxenda para esta faixa etária”, ressalta o executivo. “Os tratamentos disponíveis atualmente para crianças e adolescentes com obesidade eram limitados e havia necessidade de mais opções que pudessem ajudar esses jovens a alcançar e, principalmente, manter uma perda de peso clinicamente relevante”, acrescenta.
Os grandes entraves da indústria
Para Finkel, um dos entraves da indústria no Brasil é o tempo de aprovação das pesquisas clínicas. “Por mais que o país seja atrativo para pesquisas em função da sua diversidade étnica e pelo excelente corpo técnico de cientistas, muitas oportunidades de pesquisas acabam desperdiçadas em função da lentidão do processo de aprovação”, afirma.
Outro problema mundial é a questão do acesso. “Como fazer com que a maior parte da população tenha acesso às inovações é um trabalho que tem de ser feito entre indústria e governos. Só com uma cooperação efetiva entre público e privado, poderemos encontrar ferramentas e metodologias para disponibilizar medicamentos novos e modernos para os pacientes”, finaliza.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico
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