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Pandemia do novo coronavírus avança em cidades mineradoras de Minas Gerais

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Em 19 de maio, Itabira, cidade com cerca de 120 mil habitantes na Região Central de Minas Gerais, tinha 17 casos confirmados de Covid-19. No dia seguinte, o número saltou para 44 – foi nesta data que os resultados dos testes rápidos realizados pela Vale dentro de suas minas começaram a ser divulgados.

Nesta quinta-feira (4), o município chegou a 448 casos, segundo a prefeitura. De acordo com o Ministério Público do Trabalho, pelo menos metade dos contaminados são funcionários da mineradora. O órgão chegou a pedir a suspensão das atividades, depois de a fiscalização ter identificado irregularidades que facilitavam a disseminação do coronavírus, mas a Justiça anulou a interdição.

A então Companhia Vale do Rio Doce nasceu em Itabira, nos anos 1940. Hoje, a empresa tem duas minas e três usinas de beneficiamento de minério de ferro na cidade.

Além de Itabira, outras cidades de Minas Gerais – como Mariana, Barão dos Cocais e Itabirito – tiveram aumento significativo dos registros de Covid-19 entre quem trabalha no setor, principalmente depois que a Vale começou a fazer testes rápidos em seus funcionários.

Além de Itabira, outras cidades de Minas Gerais – como Mariana, Barão dos Cocais e Itabirito – tiveram aumento significativo dos registros de Covid-19 entre quem trabalha no setor, principalmente depois que a Vale começou a fazer testes rápidos em seus funcionários.

A empresa informou que “está realizando a testagem de todos os seus empregados e terceiros, e retirando do ambiente de trabalho aqueles que testaram positivo, ainda que assintomáticos, bem como todos os que eventualmente possam ter tido contato com o empregado que testou positivo”.

A Vale disse ainda que diminuiu o contingente de pessoas nas operações e que segue os protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS). Também afirmou que a produção não sofreu impacto material.

Nº de casos disparou em outras cidades

Em Itabirito, o boletim divulgado nesta quinta apontou 100 casos confirmados de Covid-19. Entre eles, 94 correspondem aos testes feitos dentro da área da Vale. Porém, o infectologista Marcelo Araújo Campos, que integra o gabinete de enfrentamento ao coronavírus na prefeitura da cidade, alerta que esses números podem não demonstrar a real velocidade da contaminação.

“Estes testes rápidos servem mais como triagem do que como diagnóstico. Mas claro que não devem ser desprezados. A questão é que ainda estamos no escuro. Uma pessoa que tenha tido contato com o vírus e que apresentou resultado positivo pode não oferecer mais risco de contaminação já que são os anticorpos que são registrados”, disse médico.

“Estes testes rápidos servem mais como triagem do que como diagnóstico. Mas claro que não devem ser desprezados. A questão é que ainda estamos no escuro. Uma pessoa que tenha tido contato com o vírus e que apresentou resultado positivo pode não oferecer mais risco de contaminação já que são os anticorpos que são registrados”, disse médico.

Uma nota técnica emitida pela vigilância epidemiológica da cidade orienta pessoas que tiveram o resultado positivo em testes rápidos a procurar o sistema de saúde apenas quando apresentarem sintomas.

“O teste rápido detecta anticorpos, defesas que o corpo produz no processo de cura, contra o vírus. Quando o TR se torna positivo, o vírus já foi controlado e não é mais transmitido. Uma exceção é o período de transição, quando o teste rápido foi feito por volta do 7º a 10º dia de inicio dos sintomas: o TR já pode dar positivo e ainda pode haver algum vírus na mucosa (detectável pelo PCR do swab)”, disse a nota.

“O teste rápido detecta anticorpos, defesas que o corpo produz no processo de cura, contra o vírus. Quando o TR se torna positivo, o vírus já foi controlado e não é mais transmitido. Uma exceção é o período de transição, quando o teste rápido foi feito por volta do 7º a 10º dia de inicio dos sintomas: o TR já pode dar positivo e ainda pode haver algum vírus na mucosa (detectável pelo PCR do swab)”, disse a nota.

“Além disso, se o TR detecta anticorpos da classe IgM (os primeiros a aparecerem e darem positivo no teste), colhem também o swab para procurar vírus.”

Agentes fazem desinfecção de ruas históricas de Ouro Preto, em Minas Gerais — Foto: Ane Souz/Prefeitura de Ouro Preto

Em Ouro Preto, dos 62 casos de Covid-19 confirmados , 80% têm relação com a mineração.

“Nosso quadro se mostra ascendente, portanto, muito em função da atividade mineradora. As mineradoras e suas empreiteiras foram orientadas a testarem seus funcionários em massa, possibilitando diagnosticar também os casos assintomáticos, que assim, passaram a ficar no isolamento domiciliar, com monitoramento pelas nossas equipes de saúde, bem como, seus familiares e seus contatos mais recentes”, disse a prefeitura.

“Nosso quadro se mostra ascendente, portanto, muito em função da atividade mineradora. As mineradoras e suas empreiteiras foram orientadas a testarem seus funcionários em massa, possibilitando diagnosticar também os casos assintomáticos, que assim, passaram a ficar no isolamento domiciliar, com monitoramento pelas nossas equipes de saúde, bem como, seus familiares e seus contatos mais recentes”, disse a prefeitura.

A situação é a mesma em Barão de Cocais, onde há duas barragens em situação de alerta. Uma delas – a Sul Superior – está em nível 3, o que significa risco iminente de rompimento. A cidade, que tem cerca de 30 mil habitantes, tem 44 casos confirmados. Há duas semanas, eram quatro.

“Cerca de 80% dos casos [em Barão dos Cocais] são a partir de testes rápidos de mineradoras da região. A Prefeitura faz o acompanhamento dos dados fornecidos pelas empresas”, disse o município.

“Cerca de 80% dos casos [em Barão dos Cocais] são a partir de testes rápidos de mineradoras da região. A Prefeitura faz o acompanhamento dos dados fornecidos pelas empresas”, disse o município.

Em São Gonçalo do Rio Abaixo, com 10 mil habitantes, há 25 registros de Covid-19. Desse total, 14 foram identificados em testes feitos na área da mineradora. A vizinha Santa Bárbara, com 30 mil habitantes, tem 77 casos confirmados, segundo boletim desta quarta-feira (3).

Santuário do Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas, patrimônio cultural da humanidade reconhecido pela Unesco — Foto: Pedro Ângelo/G1

Na cidade de Congonhas, também na Região Central de Minas Gerais, metade dos 32 casos confirmados até agora são de funcionários de mineradoras que passaram pelos testes rápidos.

Em Mariana, os casos triplicaram em uma semana. Entre os dias 26 de maio e 2 de junho, o número subiu de 104 para 306. Dos 328 confirmados até esta quinta-feira (4), 185 são de empresas mineradoras.

Em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde a barragem B3/B4 está em nível 3 de alerta, há 184 registros de Covid-19, o que acendeu o sinal vermelho na capital.

O aumento do número de casos em cidades que ficam perto de Belo Horizonte foi uma das justificativas para que o prefeito da capital, Alexandre Kalil (PSD), suspendesse a segunda etapa da flexibilização do isolamento social.

Avião fretado do Pará

Leitos do hospital de campanha de Parauapebas — Foto: Prefeitura de Parauapebas

No dia 11 de maio, Kalil mencionou preocupação com um avião fretado da Vale que trazia do Pará para Belo Horizonte cinco funcionários com Covid-19.

“A Secretaria de Saúde está entrando em contato com a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], porque parece que a Vale resolveu realmente que Minas Gerais é o cemitério preferido dela. A maioria vem de Carajás, do Pará, onde está a grande exploração do Brasil e do minério. Então, eu quero dizer que estas ‘fake news’ que estão espalhadas, que nós estamos tomando providências. Avisar a Vale que aqui não é cemitério. Se eles tiram dinheiro lá, que invistam lá, porque têm muito dinheiro”, afirmou.

Na oportunidade, a Vale disse que, durante a pandemia, permite aos funcionários a transferência para o município de origem e oferece, àqueles que estão doentes, a possibilidade de tratamento fora de domicílio em centros de referência particulares.

Ainda de acordo com a mineradora, no caso de trabalhadores com sintomas ou confirmação de Covid-19, todos os protocolos exigidos pelo Ministério da Saúde são adotados.

De acordo com o governo do Pará, Canaã dos Carajás, onde há o maior complexo minerador da Vale no país, tem 1.077 casos confirmados e 15 mortes. As informações estão no boletim desta quinta-feira (5). Em Parauapebas, onde a mineradora exerce um papel de protagonismo na economia, há 2.588 casos e 66 mortes.

O que diz a Vale

A mineradora informou que oferece a seus empregados a oportunidade de transferência temporária para as suas bases de origem durante a pandemia do novo coronavírus. “Importante esclarecer que, antes de continuarem em trabalho remoto, eles passam por uma triagem de saúde e um período extra de quarentena preventivo”.

A Vale disse ainda que presta toda assistência médico-hospitalar a seus empregados:

“Estão incluídos neste grupo pessoas já internadas em hospitais, de acordo com protocolos estabelecidos entres as Secretarias Estaduais de Saúde dos Estados envolvidos. Aos empregados que apresentam sintomas da COVID-19, sem tratamento hospitalar, a Vale determinou um protocolo extra de segurança que inclui quarentena em hotel com área isolada exclusivamente para este fim. Após o cumprimento do tempo de observação ou tratamento de saúde, o empregado é liberado para retornar a seu local de origem. Importante ressaltar que o deslocamento até o aeroporto é feito por veículo exclusivo e que todos os empregados são transportados em aeronave própria e cumprindo os protocolos de distanciamento tanto no voo quanto no embarque e no desembarque. Além disso, todos os empregados são orientados a cumprir rigorosamente as medidas de quarentena e distanciamento social”.

Fonte: G1

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Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/05/21/projeto-permite-a-realizacao-de-testes-rapidos-de-covid-19-em-farmacias/

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