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Petróleo pode bater US$ 100 e gerar ainda mais pressão inflacionária

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Mesmo com a circulação da variante omicron e o aumento das contaminações virais em todo o mundo, que estão levando a uma nova onda de restrições, o preço do petróleo pode continuar resiliente em 2022. Bancos de investimentos e especialistas do setor acreditam que o petróleo Brent, principal referência para a cotação do combustível pela Petrobras, pode bater 100 dólares por barril ou até mesmo ultrapassar esse valor neste ano.

Na visão do especialista em petróleo da Blackstone, Byron Wien, o petróleo Brent pode atingir este patamar dos 100 dólares. As previsões do Bank of America calculam preço ainda maior. O banco norte-americano americano falava no ano passado que o Brent tinha fôlego para alcançar 120 dólares por barril ainda na primeira metade deste ano. Analistas consultados por VEJA não descartam essa possibilidade. Para Flávio Oliveira, chefe de renda variável da Zahl Investimentos, a previsão é realista e pode se concretizar. ‘Um dos fatores que está mantendo o petróleo alto foi falta de investimentos que tivemos na última década no setor, gerando desequilíbrios para igualar a oferta com a demanda’, diz.

Segundo Everton Medeiros especialista da Valor Investimentos, a previsão pode se concretizar se a Opep+ for ainda mais vagarosa para aumentar a produção de petróleo e a demanda, especialmente por combustível, nos países desenvolvidos for ainda mais acelerada. ‘Isso depende também da capacidade dos países produtores de incrementar sua capacidade produtiva num prazo menor’, diz. Segundo o especialista, em outubro, quando o preço estava nas máximas de 3 anos, houve um apelo da Casa Branca aos países da Opep+ para que eles elevassem a produção, no período os estoques de petróleo divulgados estavam em um patamar muito baixo do esperado para o período.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, a demanda global vai aumentar 3.3 milhões de barris por dia nos próximos anos, bem acima do prévio a pandemia, que era de pouco mais de 1 milhão. Esse desequilíbrio ainda deve perdurar pelos próximos anos, e também acaba sendo impactado com a mudança da transição energética. Para Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, a recuperação do crescimento da China também pode impulsionar o preço do petróleo.

As previsões já parecem começar a se concretizar. Na terça-feira, 4, o petróleo Brent saltou para 80 dólares por barril, seu maior nível desde novembro, quando as primeiras notícias sobre a nova variante derrubaram o preço. A alta dos preços foi incentivada pelo anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de manter o aumento de produção planejado para fevereiro. ‘Por mais que possa ajudar a equilibrar esse mercado, a Opep não tem dado sinais de que vai aumentar de forma desenfreada a produção para derrubar o preço’, diz Gustavo cruz, estrategista da RB investimentos.

No ano passado, a cotação do petróleo Brent subiu 60,9% em relação a 2020, em meio a trajetória de retomada econômica, que fez disparar a demanda pela commodity. O Brent chegou ao valor máximo de 85 dólares por barril em 2021 entre setembro e novembro. Antes da pandemia, o preço médio anual mantinha-se estável na casa de 60 dólares por barril. A alta do preço do barril do petróleo tem sido um dos principais vilões para a disparada do preço dos combustíveis no Brasil. Gasolina e diesel ficaram 43% mais caros, enquanto o etanol chegou a encarecer 61,2% nas bombas em 2021, segundo a ANP. A Alta combustíveis supera a inflação no acumulado de doze meses e deve também superar a inflação do ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação, encerrou 2021 em 10,42%. A previsão dos especialistas é que o IPCA de 2021 seja algo em torno de 10,03%. A inflação dos combustíveis é quase quatro vezes maior que a inflação oficial no caso da gasolina e do diesel, e 6x maior no caso do etanol.

A alta no preço dos combustíveis é de grade preocupação para os bancos centrais, que possuem o compromisso de manter a inflação na meta. Mas, segundo analistas entrevistados por VEJA, o preço do petróleo não deve arrefecer neste ano, devendo se manter acima de 75 dólares por barril. ‘Nosso cenário base é de 75 a 80 dólares por barril’, diz Oliveira, da Zahl Investimentos. Para o Bank of America, a omicron terá efeito limitado na demanda e o Brent deve encerrar o ano de 2022 cotado a 85 dólares por barril, preço máximo atingido no ano passado.

Além do preço do barril, o comportamento do preço dos combustíveis também depende do dólar, isso porque a política de preços da Petrobas é orientada pelo câmbio. No Brasil, caso as projeções se concretizem, o cenário fica ainda pior com a desvalorização do real. O dólar registrou alta de 7,47% sobre o real em 2020, e as expectativas para esse ano não são animadoras. Com a crise fiscal e em meio a ano eleitoral, o risco Brasil fica maior, impactando na cotação do dólar. A projeção do mercado para o dólar é de R$ 5,60, de acordo com o último boletim Focus. A escalada no aumento dos juros americanos também fazem pressão sobre a elevação do dólar. Por isso, alguns bancos e casas de análise já falam em um câmbio a 6 reais no fim de 2022. Com o dólar mais caro, o preço médio dos combustíveis também será impactado. ‘O aumento do petróleo é preocupante tendo em vista o cenário mundial que sofre com fortes pressões inflacionárias. Além disso, a commoditie distribui a inflação para vários setores’, avalia Morelli.

A inflação brasileira pode ser uma das principais prejudicadas nesse cenário. As projeções do mercado são de uma inflação de 5,03% para este ano, mas maiores pressões no preço do petróleo podem elevar para patamares ainda maiores essa perspectiva. Para os especialistas, é difícil prever o quanto isso pode significar de aumento nas bombas. ‘O que se pode esperar é que o aumento sentido pelo consumidor seja bem maior do que o aumento no preço da commoditie’, diz Medeiros, da Valor Investimentos.

Fonte: Veja Online


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