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Plataforma de gestão hospitalar quer melhorar a qualidade do atendimento médico

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Unindo conhecimentos de administração, medicina e computação, a empresa Medtech nasceu com o propósito de desenvolver uma solução tecnológica para gestão hospitalar com foco na área médica, a plataforma Medtime. O objetivo é permitir que os profissionais que atuam em um hospital sejam mais eficientes na comunicação entre si e nas rotinas administrativas, ganhando tempo para se dedicar aos pacientes de forma mais humanizada.

Em seu projeto de estreia, a empresa já assume um desafio considerável: seu parceiro de pesquisas, e primeiro cliente em potencial, é o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, um complexo hospitalar com 2.400 leitos distribuídos entre oito institutos especializados e dois hospitais auxiliares.

Para o desenvolvimento da plataforma de gestão hospitalar, os pesquisadores da Medtech também contam com o apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Eles iniciaram a Fase 2 do projeto em julho de 2017, com a perspectiva de ter nas mãos um produto comercializável até o final deste ano.

A Medtech foi criada por um administrador de empresas que concluiu a faculdade buscando um projeto para desenvolver. “Fiz o caminho inverso de muitos empreendedores: saí da administração e fui para a pesquisa”, diz Ricardo Murville Camps, pesquisador responsável pela plataforma Medtime.

Ele encontrou o projeto que procurava após ingressar no setor farmacêutico, logo depois de se formar. Atuando na área da saúde, identificou uma lacuna a ser preenchida: “O hospital está no século passado com relação à tecnologia”, afirma Camps. “A revolução de processos que ocorreu na indústria, a partir do século XX, não chegou à área hospitalar. Essa será a grande mudança que teremos nos próximos anos: a tecnologia sendo utilizada para aperfeiçoamento da gestão e otimização do tempo”, prevê o administrador.

Por meio do sistema Medtime, as equipes médicas poderão controlar dados como escalas de plantões, alocação de especialistas, leitos ocupados, fluxos e prontuários de pacientes. O acesso ao sistema será feito pela internet, com dispositivos para garantir o sigilo e o armazenamento seguro das informações. No futuro, essas mesmas informações poderão ser acessadas por meio de um aplicativo de celular. Ricardo Camps diz que já existem alguns softwares de gestão hospitalar disponíveis no mercado, mas, em geral, eles são mais voltados ao administrador do que às equipes médicas. “O objetivo da Medtech foi desenvolver um sistema com foco na área médica e facilidade de acesso”, explica.

Ao facilitar o acesso aos dados e a comunicação entre médicos e enfermeiros, pretende-se agilizar a gestão dos processos e aumentar o tempo de dedicação ao paciente. Camps cita uma pesquisa publicada em 2013 no Journal of General Internal Medicine segundo a qual apenas 12% do tempo de um médico residente é despendido ao lado do leito. A maior parte do tempo (40%) ele gasta sentado à frente do computador. “Paradoxalmente, o uso mais racional da tecnologia pode ser a solução para humanizar a relação médico-paciente”, afirma.

Segundo Camps, para desenvolver uma ferramenta que possa acompanhar cada paciente em sua especificidade – seja em um hospital do porte do HC, seja numa pequena clínica – é necessário um alto nível de planejamento e conhecimento da necessidade do cliente. Por esse motivo, buscou parceria de profissionais de outras áreas, sobretudo da medicina e engenharia. Hoje, a Medtech tem três sócios: o administrador e mais dois médicos, Ernesto Sasaki Imakuma e Guilherme Agustin Louzada. Para a área de computação, Camps conta com a ajuda de especialistas contratados.

Aprendendo a mudar
A constituição da empresa e do modelo de negócio foi facilitada pela formação de Ricardo Camps e dos sócios. Nem por isso os empreendedores ficaram livres de surpresas que exigiram mudanças de percurso, principalmente depois da participação da Medtech no PIPE High-Tech Entrepreneurial Training, realizado entre abril e maio de 2016.

O programa de treinamento de sete semanas oferecido pela FAPESP, em colaboração com a George Washington University (GWU), dos Estados Unidos, fez com que os pesquisadores reavaliassem todo o escopo do projeto. “Não esperávamos ter que fazer tantas entrevistas”, lembra o pesquisador. Foram cerca de 250. Eles ouviram donos de hospital, enfermeiros, residentes, médicos, diretoria clínica, profissionais de RH etc. E chegaram à conclusão de que precisariam mudar o objetivo do projeto. “Inicialmente tínhamos o propósito de desenvolver um aplicativo para celular. O aplicativo tem a facilidade de trabalhar off-line e é mais fácil e intuitivo. Mas não consegue ter todas as funcionalidades administrativas de um computador. Trabalhar com uma planilha de Excel fica mais fácil no monitor, por exemplo.” Assim, os pesquisadores resolveram “congelar” o projeto do aplicativo por enquanto. “Ele será uma extensão da plataforma”, planeja o administrador.

E essa não foi a única mudança pela qual o projeto passou ao longo da Fase 1. “Nesse período, o que a gente mais aprendeu foi a mudar.” A cada nova necessidade de mercado identificada pelo grupo, novas alterações são feitas no software e novas funcionalidades são acrescentadas. E essa possibilidade de reformular a tecnologia deve ser um atrativo para a comercialização. “Teremos modelos de uso diferentes, com diferentes funcionalidades e faixas de preço, que o hospital poderá escolher de acordo com suas características e necessidades. O site terá desde a versão mais simples da ferramenta – oferecida gratuitamente, para degustação – até a versão premium.”

Os sócios da Medtech ainda não calcularam o custo final do produto, mas já começaram a receber consultas de hospitais que souberam da pesquisa por intermédio da experiência desenvolvida no HC. Para os futuros clientes, Ricardo Murville Camps pede um pouco de paciência: “Até novembro ou dezembro a plataforma estará disponível”.

Fonte: Pequenas Empresas e Grandes Negócios

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