Saúde prevê vacinar grávidas e pessoas com deficiência

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Em nova etapa da campanha nacional de imunização contra a covid-19, o Ministério da Saúde prevê aplicar, até o fim de maio, ao menos a primeira dose da vacina em pessoas com doenças prévias como diabetes e hipertensão e deficiência permanente, mais gestantes e puérperas.

Dentro desse grupo, a orientação do governo federal é priorizar a imunização das pessoas com síndrome de Down; doentes renais que fazem diálise; pessoas com deficiência permanente (de 55 a 59 anos e cadastradas no Programa de Benefício de Prestação Continuada); com comorbidades (de 55 a 59 anos), além de gestantes e puérperas com comorbidades. Em uma segunda etapa, a recomendação é imunizar os mais jovens que apresentem as mesmas condições.

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Esses grupos já estavam previstos no plano de vacinação para a covid, mas sem o detalhamento de prazos nem ordem de prioridades Antes, o governo enviou doses para a imunização de grupos como trabalhadores da saúde, pessoas com mais de 60 anos, povos indígenas, além de parte das forças de segurança, salvamento e Forças Armadas.

Em nota técnica, o ministério prevê que os novos grupos serão vacinados até o fim de maio, mas pondera que essa programação está “sujeita a alterações a depender da entrega efetiva de vacinas”. Estados e municípios podem alterar a ordem de vacinação, mas a Saúde alerta que é importante destinar doses aos grupos determinados no plano nacional.

O ministério estima que mais de 25 milhões de pessoas serão vacinadas nesta nova etapa. Trata-se do grupo mais volumoso previsto no PNI. Até agora, a Saúde afirma que pelo menos 27,45 milhões de pessoas já receberam ao menos a primeira dose do imunizante no País. No cronograma mais recente, ela espera receber 32,48 milhões de doses em maio.

Segundo edição mais recente do PNI, de 15 de março, são consideradas doenças preexistentes que podem agravar a covid-19 (comorbidades) diabete, hipertensão arterial resistente e doenças cardiovasculares. Também são prioridades nesses grupos os pacientes com doença cerebrovascular; doença renal crônica; anemia falciforme; obesidade mórbida; síndrome de down; cirrose hepática e imunosssuprimidos (incluindo pessoas com o HIV).

Em reunião no Senado, na segunda, o secretário executivo da Saúde, Rodrigo Cruz, disse que todos os grupos prioritários devem receber pelo menos a primeira dose da vacina até a primeira quinzena de junho. A partir daí, outras pessoas poderiam receber os imunizantes. Em setembro, todos os grupos prioritários já teriam recebido a segunda dose, disse Cruz.

O número de pessoas vacinadas com ao menos uma dose contra a covid-19 no Brasil chegou ontem a 30.259.475, o equivalente a 14,29% da população total. Nas últimas 24 horas, 704.752 pessoas receberam a primeira dose da vacina, de acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto a secretarias de 25 Estados.

Entre os mais de 30 milhões de vacinados, 13.989.783 milhões receberam a segunda dose, o que representa 6,61% da população com a imunização completa contra o novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, 862.184 pessoas receberam essa dose de reforço. Somando as vacinas de primeira e segunda dose aplicadas, o Brasil administrou 1.566.936 doses ontem.

Em termos proporcionais, o Rio Grande do Sul é o Estado que mais vacinou sua população até aqui: 19,16% dos habitantes receberam ao menos a primeira dose. A porcentagem mais baixa é encontrada no Acre, onde 9,93% receberam a vacina. Em números absolutos, o maior número de vacinados com a primeira dose está em São Paulo (7,18 milhões), seguido por Minas Gerais (3,1 milhões) e Bahia (2,3 milhões).

Cientistas elogiam o veto à Sputnik V

A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de negar o pedido de importação da vacina Sputnik V, imunizante russo contra a covid-19, recebeu apoio de membros da comunidade científica e críticas de governadores e da farmacêutica.

Os cinco diretores seguiram na segunda-feira, 26, as recomendações das três áreas técnicas que analisaram o pedido e encontraram falhas nos estudos e processos produtivos da Sputnik, além da falta do relatório técnico da vacina. A análise feita pela agência era referente ao pedido de importação de 29,6 milhões de doses por dez Estados.

Um dos problemas apontados pela agência foi a presença de adenovírus replicante nos lotes. Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), diz que este é um ponto importante, pois a possibilidade de replicação do adenovírus pode trazer consequências. “Pode causar amidalite, rash cutâneo, conjuntivite, afetar o sistema nervoso central, causando encefalite, meningite viral e doenças autoimunes, como Guillain-Barré.”

Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha afirma que é preciso confiar no trabalho da agência reguladora e o País deve buscar outras opções. Já o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio da Fonseca, destacou que foi uma decisão técnica. “Existe um rol de justificativas que deu suporte à decisão.”

Paulo Lotufo, professor da USP, alertou que a aprovação em outros países não significa garantia de que uma substância é segura. “A talidomida indicada para enjoo na gravidez nos anos 1950 foi proibida em um único país: EUA. Europa e Brasil a aprovaram e o resultado é conhecido até agora com pessoas que nasceram mutiladas.”

No Twitter, a epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin dos Estados Unidos, Denise Garrett, classificou o trabalho do corpo técnico da Anvisa como “exemplar”. “A pressão não deve ser na Anvisa – deve ser no Instituto Gamaleya.”

Resposta

O CEO do Fundo Russo de Investimento Direto, Kirill Dmitriev, voltou a acusar a Anvisa de ter tomado uma “decisão política”. “Nada tem a ver com o acesso do órgão regulador à informação ou à ciência. Em nossa opinião, essa decisão é consequência direta da pressão dos Estados Unidos.”

O Instituto Gamaleya negou a possibilidade de haver adenovírus nas amostras e falou que tem um controle de qualidade rigoroso. “Nenhum adenovírus competente para replicação (RCA) foi encontrado em qualquer um dos lotes da vacina.”

O CEO do fundo russo falou também que a Anvisa não foi “profissional” nem “ética”, além de ser “injusta” e “antiprofissional” e acusou a agência de estar tentando barrar a entrada do imunizante no País. Também disse que a Anvisa solicitou mais documentos do que todos os órgãos reguladores dos outros 60 países onde a vacina foi aprovada e que todos os documentos pedidos foram entregues. Sobre uma possível revisão futura, Dmitriev afirmou que “vamos fazer de tudo para que isso seja possível”. “Mas, se o Brasil não quiser, vamos focar nos outros países.’

Governadores tentam reverter decisão da Anvisa

Os governadores ainda mantêm a ideia de garantir aval da Anvisa para a importação da vacina Sputnik V. Uma contestação inicial será científica, apresentando mais informações e solicitando um novo parecer. Eles querem, inclusive, que técnicos da Anvisa visitem o Instituto Gamaleya, responsável pela produção da vacina, na Rússia. Posteriormente, essa contestação poderá chegar à Justiça.

“Vamos reunir um grupo de cientistas da Bahia, fazer uma reunião com o Instituto Gamaleya para discutir os pontos específicos apontados pela Anvisa“, disse Fábio Villas-Boas, secretário de Saúde da Bahia. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB-MA), adotou linha semelhante. “Vamos colher um parecer técnico para levar a temática para a Anvisa e ao STF (Supremo Tribunal Federal) para nova análise.”

“A Sputnik V está salvando vidas em México, Argentina, Hungria e mais 58 países. Infelizmente, para a Anvisa não há evidências suficientes para que os 37 milhões de doses adquiridas pelos Estados brasileiros sejam autorizadas a entrar no País”, tuitou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).

Enquanto isso, o Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar) busca alternativas. O grupo, que reúne mais de 2 mil cidades, esteve em tratativas para a compra de 30 milhões de doses da Sputnik ao longo deste ano. “Para a manutenção do cronograma, o Conectar já havia iniciado o processo de diálogo com outros possíveis fornecedores internacionais”, informou em nota oficial.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/04/28/zambon-diversifica-areas-terapeuticas-para-crescer-no-brasil/

Ontem, o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, disse que a negativa para a importação da vacina Sputnik V decidida pela agência na segunda-feira (26) não ‘inviabiliza’ o uso do imunizante no País, pois a análise pode ser refeita com novos dados.

Mas Mendes também afirmou, ontem, aos deputados da comissão externa da Câmara que acompanha o combate à pandemia que, durante o processo de avaliação técnica, os representantes do Instituto Gamaleya, da Rússia, afirmaram não ter alguns dos dados solicitados.

Fonte: Tribuna do Norte

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