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Sete desafios para promover o autocuidado nas farmácias

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O uso racional de medicamentos, a farmácia 4.0, o fim do confinamento dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs), o papel das distribuidoras no gerenciamento de categorias nas farmácias independentes e o switch (processo de reclassificação de um medicamento de prescrição para MIP). Estes foram os temas discutidos no V Workshop Retail Farma Brasil, que ocorreu na última sexta-feira, 24 de julho, e que tratou dos desafios no desenvolvimento do autocuidado.

O evento contou com a participação do professor Rogerio Lima, da Retail Farma Brasil; Edison Tamascia, presidente da Febrafar; Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma; Rodrigo Kurata, diretor de Pharma e Consumer Health da IQVIA; Vinícius Andrade, presidente da Abradilan; e Marli Sileci, vice-presidente executiva da Abimip. Confira a seguir os sete desafios para desenvolver o autocuidado nas farmácias:

Limitação da legislação sobre MIPs

Para a vice-presidente executiva da Abimip, a representatividade dos MIPs não é traduzida na exposição do autosserviço e poderia ser muito maior caso houvesse mudança na RDC 44. “Estamos trabalhando para inserir outros medicamentos da mesma área terapêutica a fim de melhorar a experiência do consumidor, como escolher um medicamento para problemas intestinais e ter a opção de uma fibra. Hoje há limitações em função da legislação”, afirma.

Switch demanda mais espaço nas gôndolas

O switch é outro ponto importante que vai exigir mudanças por mais espaço na gôndola. Marli anunciou em primeira mão durante o workshop a reclassificação da levocetirizina, antialérgico usado para tratamento de rinite. “É fundamental ampliar o leque de opções para o consumidor e isso só ocorrerá por meio da reclassificação do medicamento que já existe há anos em outros países”, ressalta a executiva.

Segundo ela, um exemplo emblemático é o omeprazol, que é um medicamento que é tido como um MIP na cabeça do consumidor, vendido como tal, mas que por não ser enquadrado como medicamento isento de prescrição, a indústria   não consegue passar informações essenciais em relação ao medicamento. “É essa nossa argumentação junto à Anvisa. Se ele já é vendido como MIP, é preciso informar o consumidor que não basta simplesmente tomar o medicamento para algum problema estomacal e achar que está tudo resolvido”, explica.

Distribuidor como consultor

O presidente da Abradilan alerta para a falta de disseminação de informações sobre a importância do bom gerenciamento de categorias nas farmácias independentes localizadas em regiões mais remotas. “Em visita a uma farmácia no interior, na ponta da gôndola, a área mais nobre do estabelecimento, havia botina para andar a cavalo”, exemplifica. Tamascia, da Febrafar, também acrescenta que muitas lojas utilizam o espaço valioso da prateleira com algodão e soro fisiológico .

Para Andrade, o empresário do interior tem pouco espaço de gôndola e acaba muitas vezes utilizando com produtos que não agregam valor para o negócio. “Trata-se de um desafio muito grande de desconfinamento, seguido por um maior ainda que é saber qual é o mix ideal para aquela farmácia, como expor os MIPs adequadamente”, explica.

Nesse ponto, o papel do representante da distribuidora como consultor é fundamental para criar um planograma adaptado às necessidades daquele estabelecimento, lembrando que 65% das demandas do mercado são feitas via distribuição. “Com mais de 7.300 vendedores visitando o ponto de venda, ele acaba exercendo um papel de destaque no gerenciamento de categorias e no desconfinamento de MIPs.

Adequação de linguagem

O presidente da Febrafar enfatiza que o grande desafio da indústria é encontrar uma forma de conversar com as 65 mil farmácias independentes numa linguagem que seja compreendida pelo empresário do pequeno varejo. “Encomendamos com a IQVIA um planograma customizado não só para o tamanho da loja, mas também por região e faturamento, pois muitas vezes observamos que a indústria cria projetos para as grandes redes achando que eles se encaixam no formato de negócio das independentes”, afirma.

Segundo ele, é preciso que os executivos da indústria passem a enxergar melhor a realidade do pequeno varejo farmacêutico. “Sem adequar a linguagem e falar no termo que ele conhece, dificilmente haverá convencimento ou adesão. E o que vemos são alguns diretores de marketing totalmente desconectados com o que é o varejo de farmácia independente”, desabafa.

Venda cruzada

Para o diretor da IQVIA, a missão de compra de medicamentos é a essência do canal farma. Trata-se de uma grande oportunidade para melhorar não só a maneira como o consumidor se conecta com a loja, mas também como incrementar a cesta. “Exemplo disso são os produtos para pacientes diabéticos, que além dos fármacos também podem incrementar a cesta com agulhas, seringas, lancetas e até outros itens relacionados a problemas de movimentação. Há que se pensar em uma maneira de fornecer um serviço mais adequado por meio da assistência farmacêutica e em produtos que melhorem a experiência de compra”, reflete Kurata.

Farmácia 4.0

Prover informação segura e oferecer a possibilidade para que o paciente se engaje na adesão ao tratamento e tenha uma vida mais longeva é o papel da nova farmácia. “Quando as pessoas começam a perceber que ter saúde é muito mais do que não estar doente, elas passam a gerenciar melhor seu estado físico, buscando fortalecer o sistema imunológico, atuando mais na prevenção”, afirma o CEO da Abrafarma.

Para ele, a farmácia caminha, cada vez mais, para ser um centro de soluções e cuidados em saúde. O grande desafio é garantir a adesão ao tratamento, seja pela curadoria para aumentar a recorrência, seja pela oferta dos serviços farmacêuticos e da telemedicina.

“Temos 3.500 farmácias com salas clínicas dentro das lojas, que realizam 4 milhões de atendimentos por ano. Até o último domingo (19), realizamos 310 mil testes rápidos da Covid-19 em 1.500 farmácias, uma média de 60 mil testes por semana”, afirma Mena Barreto.

Espaço nobre?

Segundo pesquisa sobre autocuidado realizada pela IQVIA em 2018, 63% das pessoas recorrem aos MIPs quando sintomas de males menores se manifestam. Somente 15% deles recorrem ao médico. Após a ingestão do medicamento, 71% das pessoas esperam sentir a melhora do sintoma entre 30 minutos e 1 hora e 55% dos usuários de MIP esperam apenas um dia para melhora do sintoma antes de procurar ajuda médica.

“As principais fontes de referência no autocuidado são médicos (91%) e farmácia (77%), mas a grande questão é se os funcionários da farmácia estão preparados para fornecer informações e engajar o consumidor no autocuidado. Trata-se de um profissional que tem que ser um craque na categoria dentro e fora do balcão, uma fusão entre o autosserviço e o atendimento uma vez que os medicamentos de prescrição são a porta de entrada dos MIPs”, afirma o professor da Retail Farma Brasil.

Além disso, Rogério Lima também questiona se a farmácia está oferecendo o espaço que o MIP merece no autosserviço. “Replanejar a planta baixa requer escolhas comerciais difíceis, mas cada vez mais necessárias na nova realidade do varejo farmacêutico”, analisa.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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