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Síndrome pós-Covid: saiba os mitos e verdades da condição que pode afetar até 70% dos recuperados

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Covid – Ao longo de quase um ano e meio de pandemia, a comunidade médica constatou que, mesmo de curados, um número bastante significativo de pessoas que contraíram Covid-19 continuam a sofrer com sintomas da doença. Especialistas estimam que pelo menos 70% dos recuperados terão algum sintoma até seis meses depois do diagnóstico, e em um número significativo de casos, os problemas podem durar mais que isso. A chamada síndrome pós-Covid engloba uma ampla gama de problemas de saúde, recorrentes ou contínuos, que vão desde distúrbios cardíacos, respiratórios e até dermatológicos. A Lupa verificou alguns dos mitos e verdades sobre essa condição, às vezes também chamada de Long Covid ou Late Covid, confira:

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“Perda de olfato, fadiga e palpitações no peito são sintomas comuns da síndrome pós-Covid”

VERDADEIRO

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as condições mais relatadas pós-Covid são fadiga, falta de concentração, dores no peito, perda de olfato e paladar, diarreia, dor abdominal, depressão, palpitação no peito e falta de ar, dores musculares, febre recorrente e vermelhidão na pele.

Estudos indicam que cerca de um terço das pessoas que testaram positivo para SARS-CoV-2 não voltaram ao seu estado normal de saúde depois de três a seis semanas do diagnóstico. Ainda não se tem informações concretas sobre a duração desses sintomas. A experiência com outros coronavírus, como o SARS (2003) e o MERS (2012), contudo, dá algumas pistas.

Um estudo feito em 2010 mostrou um comprometimento persistente e significativo no estado de saúde de sobreviventes da SARS depois de até dois anos. Outra pesquisa, publicada em 2009 no Journal of the American Medical Association (Jama), revelou que 40% das pessoas em recuperação do SARS ainda apresentavam sintomas de fadiga crônica três anos e meio após o diagnóstico.

“Todos os sintomas pós-Covid podem ser considerados sequelas da doença”

FALSO

Existe uma diferença entre sintomas persistentes e sequelas. A maioria dos sintomas pós-Covid não podem ser considerados sequelas, já que são efeitos temporários — ainda que, em alguns casos, por um período relativamente longo. Em uma minoria de casos, porém, há sequelas de fato, danos no organismo que podem ser considerados permanentes.

De acordo com o pneumologista e professor da Universidade de São Paulo (USP), André Nathan, membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), uma sequela acontece quando se tem uma lesão irreversível num órgão, como uma fibrose pulmonar, por exemplo, que pode ser verificada por meio de uma tomografia; ou uma alteração neurológica, comprovada por meio de uma ressonância magnética. “Você pode ter uma urticária crônica, mas se tratar ela desaparece em algum momento. Uma queimadura, por outro lado, mesmo depois de tratada deixa cicatriz. Então se um paciente desenvolve um quadro de fibrose pulmonar, o órgão não regenera. Já uma fadiga crônica é ruim, mas é provável que se tenha uma melhora progressiva”, exemplificou o médico, por telefone.

Segundo o professor, é importante entender que não é que todo mundo terá sequelas, mas muitas pessoas terão sintomas crônicos e que ainda não se sabe quando ou se eles irão desaparecer. “Os pacientes que desenvolvem fibrose são a minoria. Menos de 10% e normalmente são os que ficaram intubados e tiveram ventilação mecânica”, explicou.

Até o momento, as principais sequelas documentadas pela OMS podem aparecer no sistema cardiovascular, respiratório e nos sistemas nervoso central e periférico.

“Somente pacientes com casos graves podem ter síndrome pós-Covid”

FALSO

Mesmo pessoas que não foram hospitalizadas e tiveram apenas um quadro leve da doença podem apresentar sintomas persistentes ou tardios. Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (Jama) mostrou que 30% dos pacientes pesquisados ​​ainda apresentavam sintomas persistentes depois de nove meses. A maioria das pessoas que fizeram parte do estudo (85%) teve um quadro leve da doença. Mesmo as pessoas sem sintomas quando foram infectadas podem apresentar alguma condição pós-Covid.

“Os sintomas da síndrome pós-Covid são sempre os mesmos”

FALSO

Assim como a Covid-19 pode afetar o corpo de diferentes formas, a síndrome pós-Covid também pode se manifestar de maneiras totalmente distintas. O novo coronavírus afeta de forma aguda vários órgãos do corpo humano, especialmente o coração, os pulmões e os vasos sanguíneos. É por isso que os sintomas persistentes e as sequelas relatadas até o momento são tão variadas e podem aparecer em diferentes sistemas, como o cardiovascular, o respiratório e os sistemas nervoso central e periférico.

“O vírus ataca virtualmente qualquer órgão. É mais comum no centro respiratório, mas pode causar deficiência renal, hepática. A alteração de olfato e paladar, uma das principais queixas, por exemplo, é uma alteração neurológica”, explica o pneumologista e professor André Nathan.

Isso acontece pela característica do novo coronavírus, que não se replica apenas em um tipo de célula, como as do trato respiratório. “O corona consegue invadir e se replicar em vários órgãos e, à distância, causa transtorno inflamatório em toda a parte”, disse Nathan. É como um vírus de computador, que causa um efeito sistêmico. “Ele não causa trombose diretamente, por exemplo. Mas invadindo a célula, ele gera uma resposta anormal do organismo e, em alguns casos, o corpo resolve que precisa fazer coágulos. Não é ele [o vírus] por si só, é um efeito indireto, em razão da cascata inflamatória que ele provoca. Além disso, o vírus tem a capacidade de, a depender do indivíduo, não fazer nada e em outros afetar todos os órgãos.”

“Mulheres são mais propensas a desenvolver essa síndrome”

VERDADEIRO

A comunidade médica já sabe que a Síndrome Pós-Covid pode afetar qualquer pessoa, mas há indícios de que mulheres e profissionais de saúde correm mais risco. Um estudo ainda não revisado por pares conduzido em 31 hospitais no Reino Unido mostrou que sete em cada dez pacientes internados relataram sintomas de “Long Covid” até cinco meses após a alta hospitalar. Os sintomas foram mais prevalentes em mulheres com idades entre 40 e 60 anos.

Outro estudo em andamento pelo Consórcio Internacional de Infecções Respiratórias Agudas Graves e Emergentes (Isaric, na sigla em inglês) descobriu que mulheres com menos de 50 anos tinham menor probabilidade de relatar total recuperação depois da Covid, duas vezes mais probabilidade de relatar fadiga e sete vezes mais probabilidade de ter falta de ar do que os homens da mesma idade que hospitalizados por Covid-19.

As razões para essa prevalência da Síndrome Pós-Covid em mulheres ainda são especuladas. Pesquisadores acreditam que a diferença da resposta imune do organismo de homens e mulheres pode ser uma explicação plausível. Isso porque doenças autoimunes(quando o corpo tem uma resposta imune às suas próprias células e órgãos saudáveis) são mais comuns em mulheres.

“A síndrome pós-Covid pode afetar o cérebro”

VERDADEIRO

Problemas neurológicos são uma das condições mais comuns da síndrome pós-Covid. Um levantamento feito pelo neurologista Luiz Paulo de Queiroz, do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), constatou que cerca de 36% das pessoas que passam pela fase aguda da Covid-19 têm algum problema neurológico como dor de cabeça, perda de olfato e paladar, alteração na consciência e tontura.

Um estudo recente sobre as sequelas da Covid publicado na revista científica Nature indica que as neuropatologias causadas pelo SARS-CoV-2 podem ser consequência das alterações que o coronavírus causam em células e vasos cerebrais. Por meio de autópsias, pesquisadores descobriram que o vírus pode provocar efeitos nas barreiras localizadas entre o sangue e o cérebro em si e entre o sangue e o líquido cefalorraquidiano (fluído encontrado no cérebro e na medula espinhal). Esses efeitos podem levar à “inflamação nos neurônios, células de suporte e vasculatura cerebral”.

Essa inflamação, juntamente a outros fatores, como a capacidade reduzida de responder a novos antígenos (substâncias estranhas ao organismo), podem desempenhar um papel nos efeitos persistentes da doença.

“Ainda não existe tratamento para os sintomas pós-Covid”

FALSO

Muitos dos sintomas persistentes da Covid podem ser tratados. Pessoas que apresentaram perda de olfato, por exemplo, podem buscar apoio de um otorrinolaringologista para entender a condição e “treinar” esse sentido por meio de exercícios específicos. “Depende do que cada pessoa vai apresentar. Em primeiro lugar, é preciso investigar se tem dano algum órgão. Há muitos casos de transtorno de ansiedade e estresse pós-traumático, que podem confundir o diagnóstico de Síndrome Pós-Covid”, afirma o pneumologista e membro da SBPT, André Nathan.

Especialistas recomendam a criação de protocolos clínicos e unidades para tratamento de pacientes com essa condição para que os efeitos da pandemia não impactem ainda mais o sistema de saúde.

Pesquisadores concordam que mais estudos são necessários para identificar corretamente as principais características clínicas, sorológicas, de imagem e epidemiológicas da Covid em todas as fases da doença — do diagnóstico até o pós-Covid — até se chegar às melhores práticas clínicas para cada etapa.

Fonte: Folha de S. Paulo

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