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Sistema de distribuição de vacinas no Brasil é falho, diz especialista

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O serviço de distribuição de vacinas no Brasil é falho. Há mais de duas décadas ele era feito a partir da cidade do Rio de Janeiro pela Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi), mas se decidiu terceirizá-lo e contratar uma empresa privada em São Paulo para tomar conta do serviço, conforme reportagem publicada pela Folha.

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A escolhida foi a VTCLog, do grupo Voetur, responsável agora por receber, armazenar e controlar a distribuição de todas as vacinas, soros, medicamentos, praguicidas, kits para diagnóstico laboratorial e outros insumos do Ministério da Saúde, incluindo os da COVID-19.

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A Cenadi era diretamente subordinada ao governo. Além de controlar o estoque, o órgão também monitorava a entrada de imunobiológicos adquiridos pelo país no exterior

A Sputnik Brasil conversou com o médico Gonzalo Vecina Neto, fundador e primeiro diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, que comentou o que representou para o sistema de distribuição de vacinas no Brasil a extinção da Cenadi.

“Existe algumas contradições. A VTCLog foi uma empresa criada por funcionários que trabalhavam na distribuição do Governo Federal, que passaram para o setor privado, abriram uma empresa e acabaram sendo contratados pelo Ministério da Saúde para fazer a distribuição. O ‘cheiro’ desse tipo de ação não é bom, é um ‘cheiro’ ruim! Parece uma dupla porta”, avaliou o especialista.

Ele disse que terceirizar uma atividade é uma ação muito comum na administração pública, principalmente nos setores de limpeza, segurança, onde há contratação de mão de obra pouco qualificada em uma frequência muito alta.

“No caso dessa atividade de armazenamento e distribuição, faz o meio do caminho, é uma atividade que as empresas usualmente terceirizam hoje, todas as grandes empresas farmacêuticas têm toda essa área de logística terceirizada, e as coisas funcionam como um relógio. É uma tradição na indústria farmacêutica de grande porte a terceirização dessa logística”, disse Vecina.

Mas ele lembra que terceirizar não é ter mais compromisso com aquela atividade: “Com certeza terceirizar implica em transferir para um terceiro realizar uma atividade que não é fim para você, porém exige que você continue gerenciando o terceirizado. Tem que ter capacidade de acompanhar 100% das atividades”, continuou o especialista.

Segundo ele, uma pergunta a ser feita é que se o pessoal que trabalhava para o governo foi para a iniciativa privada, quem agora controla a terceirização no setor público?

“Não existe terceirização sem fiscalização e quem faz fiscalização é quem entende daquilo que foi terceirizado. Então, apesar de não ter nenhum problema de pronto, essa terceirização feita em 2018 tem um ‘cheiro’ ruim de negociata”, finalizou o também professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

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Fonte: Brasil 247

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