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Técnica inova em pesquisa anticâncer

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Cientistas do Instituto de Química (IQ) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) conseguiram sintetizar em laboratório moléculas que, em testes realizados em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), apresentaram eficácia contra células cancerígenas de próstata e mama.

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Uma dessas substâncias ainda apresentou dez vezes menos toxicidade (isto é, ação em células sadias) que a cisplatina, medicamento largamente utilizado contra o câncer.

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A pesquisa nasceu a partir de uma parceria entre o Laboratório de Sínteses Orgânicas, coordenado pelo professor Dennis Russowsky, e o Grupo de Pesquisa em Fotoquímica Orgânica Aplicada, sob coordenação do professor Fabiano Rodembusch.

Os docentes contam que trabalham juntos há aproximadamente cinco anos e, nesta pesquisa especificamente, há dois. “Eu trabalho com hibridização de moléculas, que é ‘juntar’ duas substâncias distintas para formar híbridos moleculares. Essas moléculas, uma vez conectadas, podem apresentar um aumento de determinada atividade ou a criação de uma nova atividade”, explica Dennis.

Fabiano, por sua vez, trabalha com a fluorescência, um fenômeno pelo qual uma substância emite luz quando exposta a determinadas radiações. “A fluorescência é algo muito poderoso, porque permite que cientistas enxerguem, no caso de sondas fluorescentes, regiões ou fenômenos que antes não se podiam visualizar”, afirma.

Os pesquisadores, então, reuniram as duas expertises: a partir do Monastrol, uma molécula com conhecida atividade anticâncer, eles sintetizaram novos compostos híbridos, com propriedades fluorescentes.

Dessa forma, as substâncias possuem uma espécie de sinalizador que permite que os cientistas consigam observar a localização e a atividade delas nas células.

“Assim, nós conseguimos olhar dentro da célula onde essa molécula vai, em que ‘organela’ ela atua, se ela se prende na parede, se atua no núcleo, ou seja, é possível visualizar in vivo onde exatamente essa molécula está agindo”, acrescenta Dennis.

Microscopia confocal

É nesse ponto que entra a parceria com a Unicamp: para que se possa visualizar essa atividade das moléculas, é necessário utilizar uma técnica chamada “microscopia confocal” — uma especialidade técnica existente na Unicamp.

“A microscopia confocal permite que o pesquisador vá usando corantes nas organelas, ou em certas partes da célula, e observar onde aquela molécula está atuando”, acrescenta.

Os pesquisadores da Unicamp forneceram as cepas das culturas celulares cancerígenas e realizaram os testes com as moléculas sintetizadas na UFRS.

Dennis esclarece que, a partir do recebimento da substância criada na UFRS, os cientistas da Unicamp preparam um ensaio com determinadas concentrações das células cancerígenas e da molécula e vão construindo uma curva de atividade dessa molécula frente à cultura celular.

Por exemplo: se os pesquisadores iniciaram o teste com mil células e, 24 horas após a aplicação da substância, restaram 500, se sabe que aquele composto “matou” 500 células naquele período de tempo.

“Dessa forma, vão se formando parâmetros — basicamente concentração, tempo e número de células — para dizer quais substâncias são mais potentes contra aquelas células”, explica. ( com informações da Assessoria de Imprensa da Unicamp)

Ensaio foi pré-clínico in vitro

O estudo que os pesquisadores do Instituto de Química e da Unicamp realizaram é o chamado ensaio pré-clínico in vitro, isto é, em células. O professor Dennis Russowsky explica que o próximo passo seria um ensaio pré-clínico in vivo, ou seja, com uso de cobaias animais, para investigar a segurança do uso em seres vivos.

Com bons resultados nessa fase, passariam para a chamada pesquisa clínica, com seres humanos.

Essa etapa é dividida em quatro fases, que podem durar vários anos, pois muitos testes são necessários, como de segurança, eficácia e risco/benefício.

A ideia de Dennis e Fabiano é seguir trabalhando com esse assunto, apesar das dificuldades.

“O desenvolvimento desse trabalho não depende só de termos um bom projeto. Também precisamos ter estudantes trabalhando conosco, pois eles são nossa força de trabalho”, afirma Dennis.

Esse ingresso de novos estudantes é sempre muito variável: “Às vezes temos quatro, cinco ou seis estudantes ingressando no mesmo ano; às vezes, ninguém entra”, completa. Também há outros fatores envolvidos, como os cortes de novas bolsas e a própria lógica de distribuição delas. Outros desafios são a necessidade de parcerias com pesquisadores de outras áreas. ( AAN)

Ensino e pesquisa orientam o LaSOM

No Laboratório de Síntese Orgânica Medicinal (LaSOM) da UFRS são desenvolvidas diversas atividades de ensino e pesquisa. As aulas práticas da graduação (síntese orgânica medicinal II) e do pós-graduação (planejamento de novos fármacos) são realizadas neste local. Os estudantes têm contato com a síntese, a purificação e a caracterização de fármacos, a partir de métodos clássicos e de alternativos, benignos ao meio-ambiente, relacionados aos conceitos de química verde (microondas, ultrassom, solventes mais verdes). O Grupo de Pesquisa desenvolve projetos com bolsistas de pós-graduação e de graduação, originados da UFRS ou de outras Universidades. Estes projetos são centrados principalmente no planejamento, na síntese e na avaliação farmacológica de quimiotecas de origem tanto sintética, quanto natural, incluindo a semi-síntese. O ponto central é a descoberta de um hit para atividade antitumoral e antiparasitária (leishmania e chagas principalmente), fácil e rapidamente obtido e com potencialidades para o escalonamento. Objetivando a utilização de método racional de drug design, o LaSOM desenvolve projetos em Modelagem Molecular, tais como docking molecular e dinâmica molecular.

O LaSOM possui uma rede de colaborações que objetiva promover ensaios biológicos das moléculas desenvolvidas em sua estrutura, gerando resultados farmacológicos úteis às linhas de pesquisa desenvolvidas. Juntamente com o Laboratório de Toxicologia (LATOX) da Faculdade de Farmácia está sendo desenvolvido e implementado um modelo alternativo de testes in vivo com o nematódeo Caenorhabditis elegans, um organismo bastante simples do ponto de vista estrutural e fisiológico. Salvo a ausência de alguns órgãos presentes no ser humano, o modelo animal é bastante promissor para a avaliação de toxicidade, principalmente no que tange avaliações do sistema nervoso e estress oxidativo.

Além disso, o LATOX é responsável também pelas investigações relacionadas às atividades antioxidantes da quimioteca do LaSOM através de testes com DPPH assim como testes in vitro em modelos celulares diversos. O Laboratório de Sinalização Purinérgica (Laboratório 22 do Departamento de Bioquímica/UFRS) também faz parte dessa rede de parcerias, no qual são desenvolvidos ensaios enzimáticos com a enzima ecto-5′-nucleotidase (CD73) solúvel para screening de séries de moléculas disponibilizada pelo LaSOM. Ademais, a colaboração também inclui testes de atividade farmacológica in vitro em modelos de células cancerígenas.

Fonte: Correio Popular 

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