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Trabalhadores cumprem seu dever na luta contra o coronavírus

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Funcionários de supermercados, garis, entregadores, empregadas domésticas e carteiros, entre outros trabalhadores, tornam possível a vida em um mundo imerso no confinamento, embora seus empregos, hoje essenciais, sejam mal remunerados e muitas vezes invisíveis ou menosprezados.

Os fotógrafos da AFP no mundo registraram imagens destes trabalhadores, chamados de soldados da segunda linha, que, além de manter o sustento, cumprem com seu dever.

Não são aplaudidos todas as noites como os médicos e enfermeiras na França ou Itália, mas são observados de outra forma. Agora as pessoas falam mais com estes funcionários ou agradecem por seu trabalho, às vezes escrevendo a palavra “Obrigado” em uma lata de lixo ou vitrine de supermercado. São os soldados da segunda linha na guerra contra a COVID-19, indispensáveis para que a população permaneça confinada.

De 18 a 25 abril, 50 pessoas de 25 países aceitaram posar para a AFP em seu local de trabalho, entre prateleiras de verduras ou de medicamentos, em um açougue ou padaria, diante de um ônibus ou um contêiner de lixo, uma cozinha ou cemitério. Comentaram sobre sua vulnerabilidade, irritação, missão e seu orgulho.

– “Sobreviver” –

Trabalhar para não morrer de fome. Alguns não têm opção quando a paralisação da atividade econômica deixa milhões de desempregados no mundo e aumenta a desigualdade social.

Este é o caso da afegã Zainab Sharifi, de 45 anos e que tem sete filhos, padeira em Cabul. “A fome mataria minha família antes do coronavírus se eu não trabalhasse”, afirma.

A opinião é similar a do egípcio Karem Khalafallah, de 21 anos, que entrega verduras com sua motocicleta no Cairo: “É a única forma de sobreviver”.

“Os riscos estão em todas as partes, para todos, temos medo de sermos infectados, de infectar os outros”, disse Fatou Traore, marfinense de 43 anos, funcionário da limpeza em um hospital de Cremone (Itália). Em Lisboa, a portuguesa Emilia Lomba, de 64 anos, vende pescado em um mercado e teme o contato intenso com os clientes, mas destaca que precisa pagar as contas.

Às vezes ela pensa que está entre os sacrificados da sociedade. “Quem deseja trabalhar nestas condições? Mas não tenho escolha, há desemprego, esta é minha única fonte de renda, tenho um filho de três anos”, diz a brasileira Larissa Santana, de 26 anos, vendedora de bolos em Salvador.

Eboueur Thierry Pauly, francês de 54 anos, mantém a coleta de lixo em Mulhouse (leste da França) com o uniforme laranja tradicional por “consciência profissional”. Mas não esconde a irritação: “É um emprego de risco que não é reconhecido”.

– Um dever, uma missão –

Para alguns, trabalhar é um dever: garantir a continuidade dos serviços públicos e de interesse geral. “Você deve fazer bem o seu trabalho. Cada um escolhe sua profissão e deve carregar sua cruz”, afirma a búlgara Sofia Stoyanka Dimitrova, 49 anos, condutora do serviço de bonde.

As pessoas precisam do correio, destaca Aline Alemi, 53 anos, carteira em Hayange (leste da França), que modificou o horário de trabalho para encontrar menos pessoas nas ruas e não entrega os pacotes em mãos.

A britânica Jackie Ferney, 54 anos, nunca pensou em fechar sua mercearia, a única da localidade de Glenam, na Irlanda do Norte: “A população conta com a loja, é vital para os alimentos frescos, a carne, os produtos de limpeza, pagar suas contas, comprar os jornais. Alguns são idosos e talvez seja sua única possibilidade de interação”. Mas agora isto acontece através de um vidro.

“É normal (…) mostrar minha responsabilidade perante a sociedade, a minha família e comigo mesmo”, afirma em Belgrado o motorista de ônibus sérvio Marjan Andjelkovic, de 45 anos, que acredita ter os equipamentos necessários para proteção.

Patrick Blake, 65 anos, dono de funerária em Derrylin, Irlanda do Norte, resume sua missão: “É um dever fazer mais que as simples formalidades, conceder um contato cara a cara, conselhos, um apoio às famílias enlutadas”.

– Em guerra contra a epidemia –

Trabalhar também é um meio de combater o novo coronavírus. Ao entregar mercadorias em Halat, no Líbano, Anas, um sírio de 29 anos, tem a “impressão de estar com os médicos na linha de frente”.

No Rio de Janeiro, Thiago Firmino, 39 anos, passou a higienizar as ruas da favela Santa Marta. “Não vou ficar olhando o que acontece. Minha maneira de lutar contra o coronavírus é sair e desinfectar”. Ele precisa de dinheiro para obter produtos de limpeza, ferramentas, equipamentos de proteção. “Mas estou disposto a correr riscos (…) quero proteger o local onde vivem minha família e meus pais”.

Ou simplesmente um ato de humanidade. Em Johannesburgo, Rize Jacobs, uma professora de 63 anos, se ofereceu como voluntária em um restaurante improvisado para crianças que moram nas ruas porque, explica, “ajudar quando você pode é uma benção”.

Em Glasgow, o escocês Robin Barclay, 30 anos, oferece os serviços de sua empresa de limpeza para desinfectar as ruas. “É natural. Uma questão de humanidade e de dever para nossa comunidade. Se isto fizer com que pelo menos uma pessoa não contraia o vírus, terá valido a pena”.

Fonte: Gaúcha ZH

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