Uma vacina desenvolvida por pesquisadores da UFMG apresenta potencial para proteger grávidas dependentes de cocaína, bem como seus bebês, dos efeitos negativos dessa droga.
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Os primeiros experimentos do imunizante, que está em desenvolvimento na instituição desde 2018, mostraram que a proteção foi eficaz no cérebro de camundongos fêmeas durante a gestação e a amamentação.
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A vacina também foi capaz de estimular a produção de anticorpos do tipo igG, que impedem a passagem da cocaína para o sistema nervoso central. O imunizante é composto da proteína GNE-KLH, criada a partir da modificação da própria droga, e que é capaz de induzir o organismo a produzir células de defesa.
Durante os testes em laboratório, a vacina foi aplicada em 26 cobaias grávidas. Metade foi vacinada e o restante recebeu apenas placebo. Ao analisar os resultados, os pesquisadores observaram que o imunizante estimulou a produção de anticorpos de quatro a seis vezes mais do que o uso da droga.
Comparadas às fêmeas tratadas com placebo, os roedores imunizados durante a gestação também apresentaram maior ganho de peso gestacional e tiveram mais filhotes. Além disso, o IgG passou pelo leite materno, protegendo também os roedores recém-nascidos. Os filhotes também sofreram menos problemas de locomoção e de desinibição causados pela droga.
Para o coordenador do estudo e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Frederico Garcia, o uso de crack e cocaína na gravidez é um problema de saúde pública. ‘A droga não só afeta diretamente o feto, mas também a mãe e a criança em médio e longo prazos. Dessa forma, a vacina pode beneficiar as novas gerações e oferecer prevenção primária na área de saúde mental’.
Ao analisar os resultados, os pesquisadores observaram que o imunizante estimulou a produção de anticorpos de quatro a seis vezes mais do que o uso da droga
O pesquisador acredita que, em breve, o imunizante poderá ser disponibilizado tanto na rede pública de saúde, quanto privada. ‘Não existem soluções no mercado de medicamento ou outros tratamentos para a prevenção da exposição intrauterina à cocaína. Essa seria a primeira solução disponível para isso’, explica o cientista.
A vacina ainda pode evitar problemas gestacionais como pré-eclâmpsia grave, aborto espontâneo e parto prematuro com complicações, nas usuárias de cocaína.
Quanto aos bebês, o experimento aponta chances significativas de prevenção do baixo peso ao nascer, das malformações e da síndrome de abstinência, sintomas comuns observados em recém-nascidos de dependentes químicas.
A próxima etapa da pesquisa é o registro da vacina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e autorização para a realização de testes clínicos em humanos.
Fonte: Hoje em Dia MG