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Abordagem investigativa e estrutura montada para extensa vivência prática: no Vital, Ciência é muito mais que teoria.

Numa segunda-feira de março, Raquel Ingegneri pisou no Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular do Instituto de Química da Universidade de São Paulo pela primeira vez. Era a sua primeira aula de Química Geral do curso de Farmácia da USP, que ela tinha iniciado havia apenas uma semana. A aula consistiu em exercícios de medição de volume e densidade de líquidos e outros experimentos básicos, para que os alunos fossem apresentados a alguns dos instrumentos que terão de utilizar em sua vida profissional, como provetas, balanças, bicos de Bunsen, entre outros.

Raquel tirou de letra. Raquel estudou no Vital Brazil, onde só nos dois primeiros anos do Ensino Médio os alunos recebem 174 aulas de laboratório, cerca de 130 horas no total, entre aulas de Biologia, Química e Física. “Na minha escola anterior, eu nunca tinha tido aula de laboratório”, diz a jovem, que entrou no Vital na 1a série do Médio. “Isso hoje está sendo muito importante, porque eu já conhecia e sabia utilizar a maioria dos instrumentos”. Se tivesse estudado no Vital desde o 6o ano do Fundamental, teria acumulado outras 90 horas mais, aproximadamente, de vivência laboratorial.

A extensa parcela da matriz curricular destinada a aulas de laboratório é apenas um dos meios pelos quais o Colégio oferece um ensino de Ciências que ultrapassa o livro didático. No Vital, desde a Educação Infantil, o saber científico é baseado em vivências concretas, das quais o aluno é o protagonista.

Espírito inquisidor
“Hoje em dia, o foco do ensino de Ciências está na investigação”, diz Carolina Leite, professora do 5o ano, assessora de Ciências do Fundamental I e mestranda pela USP (v. matéria na pág. 12). “O texto didático por si só é insuficiente”.

A observação remete ao conceito de aprendizagem ativa, em que o foco é menos a transmissão de conteúdo e mais a promoção, no aluno, de um espírito inquisidor, que o faz querer buscar conhecimento. Ele ainda precisará do professor, da estrutura física, dos livros e materiais que a escola proporciona, mas agora numa posição mais autônoma, de agente do processo.

Segundo Carolina, aulas com atividades práticas – como jogos, experimentos ou projetos – são meios importantes de promover a aprendizagem ativa, mas não são os únicos; a atitude do professor também deve mudar em relação ao paradigma expositivo tradicional. Mesmo uma contação de histórias, a exibição de um vídeo ou a leitura de um texto, diz a assessora, podem ser feitas com uma abordagem investigativa. Em vez de exigir dos alunos apenas silêncio e escuta, por exemplo, o professor pode engajá-los no processo, buscando ouvir deles o que já sabem a respeito do enredo ou do tema (levantamento de conhecimento prévio), o que supõem que vão encontrar (formulação de hipóteses) e a que conclusões chegarão no fim (observação, reflexão e registro). No caso de aulas concebidas em torno de atividades práticas, essa abordagem é mais evidente, já que o aluno está diretamente envolvido na ação que leva às descobertas, mas o princípio é o mesmo.

Em certo sentido, é no Ensino Fundamental que a aprendizagem ativa e a abordagem investigativa se revelam um desafio maior para o professor. É o que diz Káthia Kobal, coordenadora pedagógica da Educação Infantil e do Fundamental I. “Até o 1o ano, em geral, as crianças são naturalmente mais curiosas, fazem pergunta de tudo, ‘por que isso, por que aquilo’. E toda a proposta pedagógica está baseada em vivências concretas e lúdicas”. A partir do 2o ano, no entanto, inicia-se o uso dos livros didáticos – e com eles o risco de o processo de aprendizagem se tornar mais passivo. Um risco que, tanto Káthia quanto Carolina garantem, a equipe docente do Vital sabe como evitar.

“Cobrimos todo o conteúdo dos livros didáticos, implementamos as propostas de atividades práticas que eles trazem, mas vamos além”, diz Carolina, referindo-se ao projeto de Ciências do Fundamental I. “Nossa meta, este ano, é de uma atividade prática a cada 15 dias”.

Para isso, toda sala de aula do 2o ao 5o ano conta com uma caixa de experimentos, com materiais simples que ajudam os alunos a realizar testes, verificar hipóteses ou a visualizar, concretamente, conceitos científicos de alto grau de abstração. É o caso da atividade do 5o ano sobre o Sistema Solar, na qual bastam algumas bolas de papel, em tamanhos proporcionais aos dos planetas, para que os alunos percebam com clareza nossa dimensão no universo. “Nossa, professora, como a Terra é pequena perto do Sol!”.

Cultura de laboratório
A partir do 6o ano, os alunos do Vital passam a ter aulas de laboratório. Uma vez por semana, eles utilizam os laboratórios do Colégio: o de Ciências e Física e o de Química e Biologia. Já na 1a e 2a séries do Ensino Médio, são três aulas de laboratório por semana (a 3a série, dedicada à revisão de conteúdos dos anos anteriores, é toda em sala de aula).

Para João Batista Petucco, professor de Biologia e assessor de Ciências do Fundamental II e do Médio, as aulas de laboratório consolidam a teoria dada em sala de aula. “Propomos atividades que demonstrem ou simulem o que acontece na natureza”, diz ele, citando experimentos que vão da criação de minhocários, no 6o ano, à observação de uma cultura de protozoários, no 7o ano, até a dissecação do coração de um porco ou boi, no Ensino Médio.

Petucco, como Carolina Leite no Fundamental I, também busca promover junto à equipe docente atividades investigativas com objeto de pesquisa, formulação de hipótese, execução de experimento, verificação de dados e conclusão. “Queremos fortalecer a metodologia de pesquisa, um campo sistematizado sobre o qual os alunos serão cobrados na faculdade”, diz o assessor. Ele sabe que a quantidade de conteúdo do projeto pedagógico nem sempre permite tal abordagem investigativa, que leva tempo. Ainda assim, Petucco nota outro enorme benefício das aulas práticas de laboratório, mesmo se limitadas a observações: a familiaridade com o ambiente laboratorial. “Nossos alunos sabem manusear microscópios, a vidraria e os demais equipamentos, conhecem os procedimentos e as normas de segurança”, diz ele. “Eles saem preparados para o ambiente universitário”.

Que o diga a futura química Raquel Ingegneri, que está dando apenas os primeiros passos de uma carreira na indústria farmacêutica, na qual pretende desenvolver e testar medicamentos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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