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Biomm poderá produzir vacina chinesa em 2023

Há dois anos, o surgimento de uma ‘gripe misteriosa’ na China mudaria a história do mundo com consequências sanitárias e econômicas jamais imaginadas. A propagação do Sars-Cov-2 pelo Planeta na velocidade das viagens internacionais impôs aos cientistas o desafio do desenvolvimento de uma ou mais de uma vacina contra aquele que ainda era chamado de ‘novo coronavírus’ em tempo recorde.

Agora já temos cerca de uma dezena de imunizantes com eficácia comprovada e utilizados por milhões de pessoas. Ainda que de forma muito heterogênea, boa parte dos países já começou seu plano de vacinação e vários, como o Brasil, já aplicam a dose de reforço na população adulta.

Mais uma boa notícia é que mais um imunizante, já em uso em países da Europa e das Américas, pode ser incluído no Plano Nacional de Imunização e vir a ser produzido no Brasil já em 2023.

A vacina Convidecia, produzida pela CanSino Biologics – laboratório chinês – já está com o pedido de uso emergencial em andamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já tem acordo comercial fechado com a farmacêutica mineira Biomm.

De acordo com o diretor de Tecnologia da Biomm, Luciano Vilela, assim que autorizada, a farmacêutica, que tem planta em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), pode começar a importar insumos. O acordo prevê, ainda, que após algumas adequações, a fábrica comece a produzir o imunizante já em 2023.

‘Submetemos a vacina para aprovação da Anvisa e acredito que a aprovação para uso emergencial sai no primeiro trimestre de 2022. Uma vez obtida a aprovação, já existe um contrato de fornecimento. Temos uma disponibilidade de 40 milhões de doses. A partir disso, a planta pode ser adaptada ao longo do próximo ano, para a produção começar em 2023′, afirma Vilela.

A Convidecia foi desenvolvida a partir do chamado ‘adenovírus tipo 5’, um dos vírus do sistema respiratório que causa sintomas semelhantes aos do resfriado comum e é o vetor viral mais utilizado em estudos clínicos em todo o mundo.

É um vetor de adenovírus humano tipo 5 geneticamente modificado que carrega as informações necessárias para sintetizar as proteínas do novo coronavírus e, dessa forma, estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos contra a Covid-19.

Ao contrário das vacinas que usam o vírus inativado, essa tecnologia tende a ter uma resposta imunológica maior. Segundo a CanSino Biologics INC, o imunizante tem eficácia geral de 68,83% na prevenção de todos os casos após 14 dias da aplicação. Para casos graves de Covid-19, a eficácia da vacina é de 95,47% no mesmo período.

Com aplicação em dose única e armazenamento em geladeira comum (entre 2 e 8 graus Celsius), a vacina desenvolvida pela CanSino vem sendo adotada por diversos mercados. Os estudos clínicos foram conduzidos no Paquistão, Rússia, Chile, Argentina e México.

‘Para a Anvisa aprovar um medicamento ou vacina, ele tem que ser submetido por uma empresa local. Essa empresa, então, passa a ser a detentora de um registro. Nesse momento a Biomm solicitou a aprovação da Convidecia. Uma vez aprovada, a Biomm como detentora do registro, tem a autorização para importar e distribuir o produto. No contexto da pandemia não podemos vender a Convidecia para o mercado privado, tem que ser o Ministério da Saúde, que fará a distribuição’, explica.

Reforço

A dose de reforço da vacina Convidecia, contra Covid-19, após duas doses de CoronaVac, pode aumentar seis vezes os níveis médios de anticorpos contra o Sars-Cov-2, quando comparados aos níveis médios de anticorpos com a própria CoronaVac, segundo estudo publicado recentemente pelo MedRXiv, plataforma da Universidade de Yale dedicado à divulgação de artigos antes da publicação em periódicos científicos.

A pesquisa ‘Heterologous prime-boost immunization with CoronaVac and Convidecia’ buscou avaliar a imunização heteróloga, ou seja, com vacina de plataformas tecnológicas diferentes. Neste caso, foram administradas uma ou duas doses da vacina Sars-CoV-2 inativada CoronaVac, sendo reforçada com a Convidecia.

‘O acordo com a Cansino envolve a importação e a futura produção da vacina e outros produtos do portfólio da empresa. Temos uma planta multiproposta e a vacina vai ser um dos nossos produtos. Não somos um importador, somos uma empresa de biotecnologia. No caso da Convidecia é diferente porque toda a compra será feita pelo Ministério da Saúde, mas para os demais produtos, a localização da fábrica perto da Capital ajuda nas questões logísticas de produtos tão delicados e ao mesmo tempo à economia do Estado’, completa o diretor de Tecnologia da Biomm.

Fonte: Diário do Comércio MG


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