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Dificuldades na compra de insumos para pacientes intubados preocupam gestores

Dificuldades na compra de insumos para pacientes intubados preocupam gestores

Além da dificuldade de ampliar o número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respiradores, hospitais e municípios gaúchos têm, agora, enfrentado obstáculos para comprar sedativos e relaxantes musculares utilizados na intubação de pacientes com Covid-19 em estado grave. O alerta é da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), entidade representante dos 497 municípios do Estado, e da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Filantrópicos e Religiosos do Rio Grande do Sul, representante das 269 casas de saúde.

De acordo com as entidades, a demanda dos últimos três meses pelos medicamentos que compõem o chamado kit intubação nas UTIs, usado nos pacientes com o novo coronavírus, já equivale à totalidade do que foi utilizado em todo o ano de 2010 no Estado. As dificuldades em comprar os kits ocorrem por dois motivos: a alta de manda e os preços elevados. As entidades alertam que em dezenas de hospitais há falta dos medicamentos, afetando a saúde e ameaçando a vida dos pacientes.

Vice-presidente da Famurs, o prefeito de Taquari, Maneco Hassen de Jesus, explica que para tentar estocar os sedativos e relaxantes musculares, alguns hospitais estão adiando cirurgias eletivas. “Aconteceu com o meu município. O hospital que é referência para a gente comunicou a suspensão temporária das eletivas para guardar estes medicamentos para a intubação dos pacientes de Covid-19 porque estão com dificuldades com os fornecedores.” De acordo com Maneco, alguns dos fármacos usados tiveram um aumento de 900% no preço.

Além do manifesto, a Famurs irá acionar o governo do Estado e órgãos de controle como o Ministério Público e o Tribunal de Contas, alertando sobre as dificuldades e pedindo ajuda na tentativa de buscar um entendimento com fornecedores.

Presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (Amvars), Tânia Terezinha da Silva admite que a pandemia inflacionou desde o preço de equipamentos de proteção individual (EPIs) até medicamentos. Além deste empecilho, o afastamento de servidores da saúde infectados com o novo coronavírus é outro problema enfrentado por prefeituras da região, especialmente de cidades maiores, como Novo Hamburgo, Sapiranga e Campo Bom. “São muitas as dificuldades.”

Entrega fracionada no Hospital Municipal

Entre os hospitais gaúchos com dificuldades na aquisição de insumos está Municipal, de Novo Hamburgo. Conforme a Fundação de Saúde de Novo Hamburgo (FSNH), como em várias outras cidades, é de conhecimento público que há escassez de insumos no mercado. No momento, a empresa fornecedora licitada tem entregue de maneira fracionada ao Município, como em demais hospitais públicos, o kit de medicamentos utilizados na entubação de pacientes.

“Na última sexta-feira, dia 26, houve reabastecimento de 15% do pedido feito à empresa pelo Hospital Municipal dos fármacos que compõem o kit para o procedimento em casos mais graves de Covid-19 e outras enfermidades”, informa, em nota, a FSNH. “Toda semana, a coordenação de UTI organiza com a farmácia da instituição outras combinações de medicamentos, a fim de suprir essa necessidade emergencial”, complementa.

Sindicato das indústrias farmacêuticas admite problemas

O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) esclarece que os problemas de abastecimento se devem ao grande aumento de demanda em curtíssimo espaço de tempo, muito superior à capacidade de produção. “Apesar de terem quadruplicado a produção, as indústrias enfrentam, desde o início do ano, as restrições à compra de insumos impostas pela conhecida crise mundial de suprimento de matérias-primas farmacêuticas e produtos para a saúde provocada pela pandemia”, justifica. Segundo o Sindusfarma, as empresas estão trabalhando para regularizar logo o fornecimento. O Sindusfarma não comentou sobre as reclamações de preços abusivos.

Impasse nacional

Levantamento recente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) mostra que o valor de alguns sedativos aumentaram quase 300% e seis em cada dez hospitais enfrentavam dificuldades de encontrá-los. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), quase todos os estados enfrentam problemas no abastecimento destes insumos.

Esta situação é tema de debates na Comissão Externa do Coronavírus na Câmara dos Deputados, que pressiona a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) para controlar eventuais condutas abusivas no preço praticado. Alterações temporárias na regulamentação que normatiza a política de fixação de preços máximos dos fármacos são algumas das alternativas cogitadas para tentar frear a subida dos preços. Além disso, o Ministério da Saúde pretende mediar compras de Estados e municípios, na tentativa de evitar uma espécie de leilão entre os entes federativos.

Em alguns Estados, o Ministério Público Federal conseguiu na Justiça liminares obrigando a União a garantir o abastecimento de fármacos necessários para os pacientes com Covid-19.

Fonte: Jornal NH

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