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Pacientes com doenças psiquiátricas relatam falta de medicamentos

Sentir perseguida por outras pessoas, ouvir vozes que comentam ou te ameaçam. A esquizofrenia atinge 1% da população mundial. É um distúrbio mental causador de surtos e delírios. A crise é imprevisível. Pode-se ter situações leves, como também muito graves. A presidente da Associação Mãos de Mães de Pessoas com Esquizofrenia, Sarah Nicoleli, releva que faltam remédios na rede pública de pelo menos cinco estados para o tratamento da doença.

Os remédios são fundamentais para estabilizar os pacientes e dar a eles a chance de uma vida normal. Sarah, afirma que tem tentado ligar no Ministério da Saúde e que não obtém resposta. Segundo ela, esta não é a primeira vez que farmácias de alto custo ficam sem a medicação. “Eu não obtive nenhum retorno. Tentei ligar para Brasília várias vezes, não consegui falar com ninguém”, conta a presidente.

De acordo com a Associação Mãos de Mães de Pessoas com Esquizofrenia, há registro de falta de medicamentos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Rio Grande do Sul, Piauí e também em Aracajú e Maceió. Os remédios custam caro, cerca de R$ 300 reais. Alguns podem chegar a custar R$ 1 mil e são fornecidos pelo SUS às famílias de baixa renda que não podem arcar com o pagamento. Segundo Sarah, “em algumas farmácias de alto custo, me parece, até dois meses sem o medicamento”.

Valéria Medeiros, mãe de um esquizofrênico conta que não consegue agendar a busca de remédios do seu filho na farmácia de alto custo. Seu filho Henrique, 21 anos, foi diagnosticado aos 11 anos e ele demorou muito para estabilizar. Hoje o rapaz toma três caixas por mês, o equivalente a R$ 900. No entanto, agora, ela se vê em uma situação difícil e de incertezas. Isso porque o remédio do filho, fornecido pelo SUS, não é disponibilizado desde o final de novembro.

Para piorar a situação, o pai de Henrique morreu de covid em março deste ano, desde então a família sobrevive com a pensão do INSS, mas o dinheiro é insuficiente para manter o tratamento de Henrique e o estoque de remédios está no fim, há comprimidos para mais três dias.

“É muito difícil, quando ele estava em delírio, ele falava mãe tira essa dor de mim porque dói a minha alma e daí doía a minha porque não tinha o que fazer”, relata Valéria.

A presidente Sarah Nicoleli diz que, na tentativa de conseguir a medicação para os filhos, muitas mães trocam medicações entre si. “As mães trocam medicamentos. Aquelas que têm de repente sobrando mandam para outra, a gente apresenta a receita atualizada e troca entre si para que uma possa ajudar a outra, mas você não tem medicamento para todo mundo”, disse. Sarah afirma que algumas mães do grupo tiveram a informação de que esses medicamentos chegariam no dia 15 de dezembro. No entanto, não há ainda uma posição oficial.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que “mantém todos os esforços para garantir o abastecimento de medicamentos ofertados pelo SUS e alega que o atendimento do quarto trimestre das demandas por medicamentos dos estados é feito de maneira parcelada, considerando a disponibilidade de estoque e de entrega pelas empresas contratadas”.

Fonte: SBT News

 

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