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Novo plano deve causar onda de demissões na Sanofi

Novo plano deve causar onda de demissões na Sanofi
Divulgação: Sanofi

Uma nova estratégia global deve levar a uma onda de demissões na Sanofi. Fontes ouvidas pelo Panorama Farmacêutico avaliam que até 2 mil colaboradores poderiam perder seus empregos em nível global, incluindo farmacêuticos e profissionais de força de vendas.

E embora a indústria farmacêutica francesa tenha sido procurada pela redação e declarado ser cedo para falar em impactos no mercado brasileiro, o país não deverá ficar ileso.

Segundo apuração original do portal norte-americano Fierce Biotech, um e-mail enviado no último dia 4 de abril foi usado pela direção do laboratório para revelar as demissões na Sanofi.

O documento com a assinatura de Houman Ashrafian, líder de pesquisa & desenvolvimento (P&D), contém 230 palavras que expuseram as ambições da companhia – entre elas a de construir “uma potência em imunociência, preparada para acelerar lançamentos e transformar a prática da medicina”. Mas…

Mas a mensagem veio acompanhada da previsão de uma “estrutura simplificada de P&D”. O executivo confirmou que, “como esta redefinição de prioridades não pode ser alcançada sem um impacto na nossa força de trabalho, a nossa prioridade é comunicar as equipes afetadas em todas as áreas terapêuticas”.

Detalhe: as conversas com as equipes já tiveram início e a decisão integra uma coordenação entre lideranças de toda a organização, incluindo departamentos como o comercial.

A estratégia que levará a demissões na Sanofi

As demissões na Sanofi estão condicionadas a uma completa redefinição de pipeline. Autor do e-mail, Ashrafian foi recrutado pela indústria farmacêutica em setembro do ano passado, com a meta de conduzir a estratégia focada em medicamentos inovadores na área de imunologia.

O laboratório almeja a liderança mundial em terapias contra doenças como asma, diabetes tipo 1, DPOC e esclerose múltipla, por meio da produção de medicamentos e também vacinas.

A própria assessoria de comunicação da Sanofi ratifica essa meta, mas acrescenta que a companhia decidiu “interromper vários projetos de pesquisa em oncologia”. A alegação é que os “custos de P&D são mais elevados do que em outras áreas terapêuticas, enquanto a probabilidade de sucesso dos ensaios clínicos é muito baixa”.

Farmacêutica também quer separar unidade de MIPs

Como parte desse redirecionamento, a Sanofi também começou a planejar a separação da unidade de MIPs. O Dorflex é o carro-chefe da farmacêutica no mercado brasileiro, sendo um dos 15 medicamentos com maior venda de unidades e um dos dez com maior faturamento.

A Sanofi ainda avalia quais seriam os caminhos para efetivar essa separação, mas a hipótese mais provável é a de uma transação por meio do mercado de capitais. Uma nova empresa seria formada e listada na bolsa de valores da França. Porém, o plano também passa por reduzir custos operacionais.

Com foco na inovação radical em um segmento específico, em detrimento de outros setores, a redução do quadro de colaboradores é uma consequência natural. Entretanto, podem haver mais elementos nessa história.

Meta de lucro reduzida e queda na Bolsa

Mas as demissões na Sanofi parecem estar associadas não só a um novo plano estratégico. No início de 2023, a farmacêutica anunciou que demitiria cerca de 800 funcionários das duas fábricas de vacinas baseadas na Índia, oferecendo um plano de aposentadoria voluntária.

No segundo semestre do ano passado, sob o argumento de mover esforços rumo aos medicamentos inovadores, a Sanofi abriu mão da meta de margem de lucro de 32% estipulada para 2025 para se concentrar na “rentabilidade em longo prazo”. O discurso não convenceu tanto assim os analistas e investidores, a ponto de a farmacêutica perder US$ 21 bilhões (R$ 106 bi) em valor de mercado no mês de outubro.

Os índices do Brasil podem ser outro prenúncio de tempos difíceis. De acordo com indicadores da Close-Up International, o laboratório é o quinto colocado em receita com venda nas farmácias, com cerca de R$ 5,6 bilhões movimentados nos últimos 12 meses até fevereiro de 2024. O crescimento percentual de 5,43% em relação ao mesmo período anterior foi o segundo menor entre as 20 maiores farmacêuticas em faturamento.

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