Pesquisadores desenvolvem Teste Popular de Covid-19

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Um teste capaz de detectar anticorpos contra o novo coronavírus em apenas 10 minutos – a um custo até cinco vezes menor que a média de mercado – foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC) e da startup paulistana Biolinker, com apoio da FAPESP.

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O dispositivo funciona de forma semelhante à dos testes rápidos já disponíveis nas farmácias. Ao analisar uma gota de sangue do usuário, identifica a presença de anticorpos do tipo imunoglobulina G (IgG), produzidos ainda na fase aguda da doença (em média dez dias após o início dos sintomas). Quando isso acontece, duas bolinhas avermelhadas aparecem no leitor.

“Quanto mais anticorpos há no sangue, mais forte é o tom de vermelho das bolinhas. Por esse motivo, acreditamos que o teste também poderá ser usado para monitorar a resposta da população às vacinas. Sabemos que nem todo mundo desenvolve imunidade protetora após se vacinar e também que o nível de anticorpos diminui com o tempo”, diz à Agência FAPESP o professor do IQSC-USP Frank Crespilho, coordenador do estudo, desenvolvido pelas alunas Karla R. Castro e Isabela A. Mattioli. Segundo ele, a tecnologia poderá ser facilmente adaptada para as novas variantes virais, se necessário.

O pesquisador estima que o denominado “Teste Popular de COVID-19” poderá ser vendido por cerca de R$ 30 assim que o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) for obtido. O preço médio dos similares de mercado está em torno de R$ 140. Para baratear a produção, os pesquisadores otimizaram a quantidade de insumos utilizados e desenvolveram uma tecnologia baseada em nanopartículas que facilita a identificação dos anticorpos.

“Nós conjugamos uma nanopartícula de ouro [que dá a cor avermelhada às bolinhas] a um pedaço da proteína spike do SARS-CoV-2, que é reconhecido pelos anticorpos humanos. Esse bioconjugado é aproximadamente 1 milhão de vezes menor do que um fio de cabelo”, explica Crespilho.

Também conhecida como proteína de espícula, a spike forma a estrutura de coroa que dá nome à família dos coronavírus. É ela a responsável por se ligar ao receptor presente na superfície da célula humana – a proteína ACE-2 – de modo a viabilizar a infecção.

Para desenvolver a molécula usada no teste, os pesquisadores da Biolinker produziram em laboratório apenas a ponta da proteína viral, região conhecida como RBD (sigla em inglês para domínio de ligação ao receptor). De acordo com Mona Oliveira, chefe científica e fundadora da startup, foi usada uma tecnologia conhecida como DNA recombinante, que consiste em usar bactérias geneticamente modificadas para expressar a proteína viral in vitro). Essa parte do trabalho foi apoiada pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP e também contou com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep.)

“Todos os insumos usados no dispositivo são produzidos no Brasil, o que contribui para reduzir o custo. Trabalhamos em turno dobrado para finalizar o trabalho em apenas quatro meses”, comenta Crespilho, que coordena o Laboratório de Bioeletroquímica e Interfaces da USP.

O objetivo, segundo o pesquisador, foi ampliar a testagem no país, tornando-a mais acessível às populações de baixa renda. “A ideia é possibilitar a análise em massa da população a um custo bem mais competitivo e viável para a nossa realidade econômica”, afirma.

Os testes de eficácia, que revelarão a porcentagem de acerto do método desenvolvido no IQSC-USP, ainda estão sendo concluídos. Atualmente, a equipe também trabalha para escalar a produção, para que possam ser feitos os ensaios de validação da metodologia por outros grupos de pesquisa.

A ideia é produzir cerca de 500 unidades, que serão testadas em amostras de pacientes atendidos na Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“Também estamos em negociação com grupos do Nordeste. Finalizada essa etapa de validação, que ao todo deve levar cerca de um mês, podemos pedir o registro na Anvisa”, conta Crespilho, que recebeu apoio da FAPESP por meio de diversos projetos (19/15333-1, 19/12053-8, 18/11071-0 e 18/22214-6) e também do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Fonte: Região Noroeste

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Doria quer colocar todo o Estado na fase vermelha aos finais de semana

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Doria – O governador João Doria (PSDB) deve anunciar nesta sexta-feira (22) que todas as cidades do Estado de São Paulo devem entrar na fase vermelha durante os finais de semana, o que significa que somente atividades essenciais como mercados, farmácias, entre outros, poderão funcionar durante este período.

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As informações são do jornal o Estado de São Paulo, que afirma que a medida teria o objetivo de conter o avanço da covid-19. Nesta semana, o Estado registra mais de 50 mil mortes pela doença.

Desde que o ano começou, houve um aumento de 42% no número de novos casos confirmados de covid-19 e de 39% nas mortes na comparação com o mesmo período de dezembro do ano passado.

Na fase vermelha aos finais de semana, bares ficam fechados, comércios têm capacidade reduzida e restaurantes só podem trabalhar com delivery.

De acordo com o Estado, os jovens são os principais responsáveis pela contaminação na segunda onda. Em Guarulhos, a SDU (Secretaria de Desenvolvimento Urbano) teve de intervir, multar e encerrar 10 baladas na Rua Tapajós, durante a noite. A ação contou com o apoio da GCM (Guarda Civil Municipal).

A vacinação contra a covid-19 começou no domingo (17), com vacinação no Hospital das Clínicas. Até o fechamento desta reportagem, quase 55 mil pessoas foram vacinadas em todo o Estado.

Guarulhos recebeu, na quarta-feira (20), 13.680 doses da vacina Coronavac, e como a apliacação se dá em duas doses, a Prefeitura afirmou que vai vacinar 6.840 profissionais de saúde, já que somente assim haverá a imunização e não há prazo para a chegada de novas vacinas.

Fonte: GRU Diário

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Farmácia Menor Preço é alvo de ação do Ministério Público por “preço abusivo” do álcool gel

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Menor Preço – O Ministério Público da Paraíba (MPPB) ajuizou uma ação civil pública de obrigação de fazer contra a Farmácia Menor Preço localizada no centro do município de Bayeux, na Grande João Pessoa, e contra o representante legal do estabelecimento pela comercialização, durante o período mais crítico da pandemia da covid-19 em 2020, de álcool em gel 70% com preço abusivo. A ação ajuizada pela 5ª promotora de Justiça de Bayeux que atua na defesa do consumidor, Fabiana Lobo, requer a condenação da empresa ao pagamento de multa e indenização pelo dano coletivo sofrido pelos consumidores no valor não inferior a R$ 20 mil reais, a ser revertida para o Fundo Estadual de Direitos Difusos.

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Conforme explicou a promotora de Justiça, a ação civil pública é um desdobramento do inquérito civil público (nº 013.2020.000518), instaurado a partir de um ofício do Procon do Município de Bayeux, informando a realização de inspeção na Farmácia Menor Preço, no dia 17 de março do ano passado, após recebimento de denúncia. Na ocasião, o órgão de defesa do consumidor constatou que, durante a pandemia de covid-19, o estabelecimento comercializava álcool em gel de 400ml pelo valor de R$ 29,95, quando antes custava R$ 13,00. A diferença representa um aumento de 130%. Em face disso, foi lavrado auto de infração, tendo sido remetidas cópias à Promotoria de Justiça para adoção de providências na esfera cível.

Segundo Fabiana Lobo, paralelamente ao processo administrativo do Procon de Bayeux, tornou-se necessária a reparação ao dano coletivo causado pela empresa aos consumidores, pela venda de produto álcool em gel 70%, no período de pico da pandemia mundial, com valor abusivo. A empresa foi notificada, na esfera extrajudicial, para que prestasse informações, mas não se manifestou.

Código de Defesa do Consumidor

A representante do MPPB esclareceu também que o Código de Defesa do Consumidor (CDC), em seu artigo 4º, estabelece a Política Nacional das Relações de Consumo, tendo por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos princípios como o do reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo.

Segundo ela, o CDC, em seus artigos 39 e 51, proíbe ao fornecedor elevar o preço de produtos ou serviços sem justa causa, bem como a celebração de cláusulas que estabeleçam obrigações que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.

Para a promotora, a empresa violou o Código de Defesa do Consumidor. “O aumento arbitrário de preços que imponha vantagem exagerada de produtos voltados à prevenção do novo coronavírus, no pico da pandemia, não configura justa causa, mas sim insensibilidade com os mandamentos emanados da solidariedade social. Em situações de crise, espera-se dos comerciantes um mínimo de solidariedade e esforços para não haver aumento dos preços, sendo justa e legítima a busca do lucro, mas não de forma abusiva, aproveitando de uma triste situação de calamidade pública. A livre concorrência não autoriza o fornecedor fixar preço aleatório, sem critérios, sobretudo em momentos de crise, em que a população precisa ter acesso a produtos essenciais. A elevação de preços sem justa causa, em situações que afete a saúde e a segurança dos consumidores e da população em geral, enseja dano moral coletivo, a ser imputado ao fornecedor que assim agir”, argumentou.

Fonte: Política & Etc

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Covid-19: uso do plasma abre possibilidades, diz o médico André Nicola

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Em junho do ano passado, teve início no Distrito Federal um estudo sobre a eficácia do uso de plasma sanguíneo como forma de tratamento contra a covid-19. O método consiste na transferência do componente coletado de pessoas que tiveram a doença e se recuperaram para transferir a pacientes que estão infectados pelo novo coronavírus. A iniciativa é promovida pela Fundação Hemocentro de Brasília, em parceria com a Secretaria de Saúde (SES-DF) e a Universidade de Brasília (UnB).

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Até agora, 34 pessoas receberam o plasma de participantes da pesquisa, e cerca de 400 pessoas se voluntariam para doar sangue. Ontem, em entrevista à jornalista Carmem Souza, para o programa CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília —, o professor de medicina da UnB André Nicola explicou como a técnica funciona. O médico abordou as vantagens e desvantagens desse método e chamou a atenção para que a população evite o uso de medicamentos que não são comprovadamente eficazes.

Qual é a participação do Distrito Federal nessa pesquisa? E dos países envolvidos?

Há diversos estudos acontecendo no mundo. Existe a possibilidade de o plasma funcionar, mas não sabemos ainda. Começamos um ensaio clínico no DF com o registro de cerca de 400 voluntários e recrutamos 34 pessoas para receber o plasma. Em paralelo, há vários outros estudos no mundo. Nós nos juntamos a uma colaboração internacional, com outras nove pesquisas — dos Estados Unidos, da Europa e da Índia —, para unir os dados de todo mundo. Quando conseguimos avaliar um número maior de pacientes, conseguimos respostas mais rápidas. Em Brasília, temos 34, mas essa colaboração mundial tem 1,8 mil pessoas. Então, a ideia é conseguir respostas sobre a eficácia do plasma de convalescentes mais rápido.

Os 34 participantes do DF estão sob acompanhamento? E o senhor chegou a conclusões específicas para esse grupo sobre a evolução da doença, por exemplo?

Os 34 receberam o plasma e terminaram a terapia. Nós gostaríamos muito de ter as conclusões, mas não conseguimos ainda, por não termos um número de pessoas grande o suficiente para poder chegar a alguma conclusão. É muito perigoso tentarmos usar a observação que fazemos no dia a dia para tirar conclusões. Os pesquisadores são seres humanos, e as pessoas gostariam muito que alguma coisa funcionasse. (Mas) não podemos tirar conclusões antes de ter um número grande o suficiente de pessoas para poder responder as perguntas, por mais que todos estejam ansiosos.

Em relação aos outros estudos de mesma abordagem, a pesquisa de vocês dialoga com os resultados divulgados?

O estudo da Argentina, por exemplo, foi bastante interessante, mas ele é um pouco diferente do nosso. Eles fizeram o estudo com pessoas idosas com covid-19 bem no início da doença, e todos (os pacientes) foram tratados nos primeiros três dias depois do diagnóstico. Nós pegamos pessoas que estão internadas. O estudo argentino mostrou que o plasma reduz em mais de 50% a chance de a pessoa precisar ir para um hospital, ou seja, de desenvolver a forma mais grave da doença. Por outro lado, há estudos de outros países com pacientes internados em UTI (unidade de terapia intensiva), por exemplo, mostrando que, nessas pessoas, o plasma de convalescentes não faz nenhuma diferença no tratamento. Então, as pesquisas estão em andamento, mas o que parece surgir é que o plasma possivelmente funciona em pessoas no começo da doença, na fase em que o vírus está crescendo, mas ainda não gerou uma inflamação grande. Já nas fases finais, quando a pessoa tem uma pneumonia ou uma inflamação muito intensa, o plasma de convalescentes parece não funcionar.

Essa é uma abordagem cara? Quais são as vantagens e desvantagens do uso do plasma caso a eficácia seja comprovada?

O plasma de convalescentes tem uma série de vantagens. O preço é razoavelmente barato, porque você precisa fazer o procedimento de coleta, mas não precisa comprar o plasma nem pagar royalties de patente para nenhuma empresa. Uma segunda vantagem é que bancos de sangue com capacidade de coletar plasma de convalescentes estão disponíveis em diversas cidades do Brasil e em vários locais do mundo. Você não depende de uma empresa que vai exportar ou não de acordo com problemas geopolíticos. Isso faz com que essa terapêutica esteja disponível no momento que precisar. Não é preciso esperar muito tempo para produzir ou testar.

Há alguma desvantagem?

Nós temos um limite de produção, porque dependemos de pessoas que tenham a doença para doação do plasma. Você não consegue fazer milhões de doses como faria de uma droga. Então, o plasma de convalescentes, se funcionar de fato, é uma terapia que funciona como um tampão até o momento em que drogas mais eficazes chegarem ao mercado. (Com ele,) você consegue cuidar das pessoas no primeiro momento antes de aparecerem tratamentos mais eficazes.

Podemos falar em tratamento precoce contra a covid-19?

Esse é um assunto superimportante para doenças infecciosas ou câncer. Faz todo o sentido a gente tratar a doença no começo, antes que ela piore, e a covid-19 tem duas fases. A primeira, em que o vírus está crescendo, se multiplicando e causando dano, e uma segunda, em que o dano vem de uma resposta muito intensa do nosso sistema imune, nosso próprio corpo, destruindo pulmão, coração e rins. Faz todo sentido pensarmos em tratar a doença nessa primeira etapa para controlar o vírus antes de ele chegar à segunda etapa. É muito interessante isso, mas o fato é que não temos, neste momento, nenhuma droga ou tratamento (precoce) que, comprovadamente, funcione para controlar o crescimento do vírus na primeira etapa.

Então, os kits recomendados por autoridades que algumas pessoas procuram em postos de saúde não têm eficácia?

Eles não têm eficácia comprovada. Eu gostaria muito — provavelmente como qualquer profissional de saúde — que existisse uma droga que funcionasse. Mas, infelizmente, ainda não temos nenhuma droga que comprovadamente funcione para tratar a doença na primeira etapa.

Uma pesquisa da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, mostrou que a ivermectina pode ser uma opção de abordagem ao reduzir o risco de morte por covid-19 em até 75%. O senhor poderia comentar sobre isso?

Ainda não vi os detalhes dessa pesquisa, mas ela parece bastante interessante. Como pessoa que vive no meio dessa pandemia e tem medo da doença, eu gostaria muito que essa droga realmente funcionasse. Mas, até o momento, o conjunto das pesquisas científicas existentes não comprova a eficácia desses tratamentos. Raramente fazemos um tratamento com base em um único trabalho. Os cientistas fazem um trabalho, depois um conjunto de outros cientistas junta tudo e gera recomendações. Até o momento, a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Pneumologia, a Sociedade Americana de Infectologia, a Organização Mundial da Saúde e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (dos Estados Unidos) não indicam ivermectina como tratamento contra a doença (covid-19).

Então, não é para as pessoas iremà farmácia comprar o remédio por causa do resultado dessa pesquisa?

Uma pessoa ir à farmácia e se automedicar é uma coisa perigosa que não deve ser feita. Os profissionais de saúde e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) precisam avaliar essas informações (do estudo) para chegar a recomendações cientificamente válidas para o tratamento.

Assim que surgiu a pandemia, as pessoas tinham a expectativa de que tratamentos surgiriam antes da vacina, mas foi o contrário. Por que isso ocorreu?

O vírus é um organismo bem pequeno e vive dentro de nossas células (quando ocorre uma infecção). A maior parte das ferramentas que ele usa para se multiplicar e crescer é nossa. Então, é muito difícil fazer tratamento contra um vírus porque, se você faz um tratamento que mate o vírus, você pode acabar matando a pessoa. Fazer terapias contra vírus é um desafio muito grande. Algumas que existem no mercado demoraram 10, 15, 20 anos para serem feitas. As vacinas poderiam ter demorado muito também. Mas que bom que elas funcionaram. Foram iniciados mais de 200 estudos e, menos de um ano depois, temos algumas no mercado. Isso é fantástico.

De alguma forma, esse avanço histórico no desenvolvimento das vacinas pode ajudar no avanço dos tratamentos?

Imagino que sim, porque, na hora em que vemos que uma vacina funciona e que o sistema de defesa (do organismo) consegue prevenir a doença, podemos criar novos tratamentos com base nesse sistema imune. É o exemplo de dois fármacos que estão em uso emergencial nos Estados Unidos e são anticorpos monoclonais contra o vírus. Um deles, inclusive, foi usado para tratar o então presidente dos EUA, Donald Trump, quando ele teve covid-19.

Sobre a vacinação, estas últimas semanas são importantes para o enfrentamento à pandemia?

Certamente. As vacinas são uma ferramenta absurdamente importante em termos de doenças infecciosas. São uma das maiores revoluções da história da medicina. Elas já salvaram a vida de dezenas de milhões de pessoas. Ter vacinas que são seguras e eficazes contra a covid-19 é importantíssimo para controlar a pandemia e, em algum momento, conseguir sair dessa situação terrível em que estamos no mundo inteiro.

Mesmo com o início da vacinação, o Instituto Butantan disse, esta semana, que o Brasil ainda vai enfrentar os piores momentos da pandemia. Qual é a avaliação do senhor?

Não sou especialista em epidemiologia, mas tudo que tenho lido e acompanhado sobre isso segue que, sim, o pior da pandemia está por vir. Não só o Butantan falou isso, mas, nos Estados Unidos, pesquisadores também mostraram. De fato, sofremos bastante, mas, infelizmente, falta muita coisa para conseguirmos sair da situação difícil em que estamos.

Fonte: Correio Braziliense Online

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Remédios sem eficácia contra a covid podem causar resistência bacteriana

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Covid – O uso de remédios sem comprovação científica contra a covid-19 – incentivado até por autoridades, como o presidente Jair Bolsonaro – preocupa especialistas, que veem risco de reações adversas, resistência bacteriana (com o surgimento de doenças como “supergonorreia”) e efeitos desconhecidos em longo prazo. Entre os mais buscados, estão a hidroxicloroquina, remédio para malária, os antiparasitários ivermectina e nitazoxanida e o antibiótico azitromicina.

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Apesar do alerta de especialistas, o Ministério da Saúde lançou este mês o TrateCov, aplicativo que estimula médicos a prescreverem esses medicamentos e indica cloroquina e antibiótico até para bebês. O ministro Eduardo Pazuello, porém, nega que a pasta recomende esses remédios.
Tontura, dor de cabeça, aumento da pressão arterial, taquicardia, alterações gastrointestinais estão entre os efeitos adversos de algumas dessas medicações. Embora tenham ocorrências raras quando usadas no tratamento das doenças para as quais são indicadas e no tempo adequado – que não costuma superar duas semanas no caso dos antiparasitários -, o cenário pode mudar quando usadas para funções não previstas na bula e sem indicação médica.
Conforme o Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, todos esses medicamentos necessitam de prescrição médica, mas a ivermectina e nitazoxanida não precisam de retenção de receita, exigida para a compra de azitromicina. “Já o controle e retenção de receita são obrigatórias para os medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina, pela publicação da RDC 405/2020 da Anvisa, de julho do ano passado, que se mantém válida para os dois medicamentos citados e possui critérios para a prescrição e dispensação”, informa.
Ana Cristina Gales, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e coordenadora da pós-graduação em infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) diz que, além de estudos terem provado que não há eficácia das substâncias, é impossível garantir que não haja consequências futuras. “A combinação de hidroxicloroquina e azitromicina foi um tratamento suspenso por causar arritmia, efeito colateral que é um risco para pacientes com doença cardiológica e estava sendo dado justamente para uma população com fator de risco. A gente não sabe dos impactos do uso estendido por semanas e até meses, porque os estudos foram feitos para uso por período curto. Da ivermectina, por exemplo, sabemos que ela se acumula no pulmão, mas a gente não sabe o efeito em longo prazo.”
Diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, Ekaterini Simões Goudouris diz que qualquer medicamento deve ser prescrito a partir da verificação dos riscos e benefícios para o paciente. Ela alerta que, no caso da automedicação, há risco para quem já faz tratamento para outras doenças. “Tem de desconstruir a ideia de que se não fizer bem, mal não faz. Se os benefícios não estão estabelecidos, não justifica submeter a um risco, mas, infelizmente, vários médicos estão fazendo prescrição e há pessoas se automedicando. Tem gente usando esses remédios toda semana para prevenir covid. Usam durante dois, três meses e não se dão conta da interação medicamentosa.”
Balanço da plataforma Consulta Remédios apontou que os medicamentos mais buscados em 2020 foram ivermectina, com 9,2 milhões de buscas, azitromicina (3,5 milhões) e hidroxicloroquina (2,7 milhões). Em relação a 2019, houve alta de 1.201,49% nas buscas por ivermectina, 53,58% por azitromicina e 2.826,82% por hidroxicloroquina.
Já levantamento da ferramenta Farmácias APP, de vendas online de produtos de saúde e beleza, apontou aumento de 100,3% no faturamento dos amebicidas, onde está englobada a nitazoxanida, em novembro de 2020 em relação a agosto. No caso dos anti-helmínticos (ivermectina), o incremento foi de 35,3% no mesmo período. Os antimaláricos apresentaram queda de 39,6%. Apesar das evidências científicas, mais governos locais passam a aderir ao tratamento ineficaz. As novas gestões de Manaus e de Porto Alegre, por exemplo, passaram a recomendar este ano o uso de medicamentos desse tipo e incentivar a distribuição de kits à população.
Estudos comprovaram que medicações não eram eficazes
Quando a pandemia teve início e ainda não se sabia o que fazer para salvar os pacientes, profissionais de saúde tentaram administrar o que havia de disponível e pesquisas foram iniciadas com o objetivo de reverter os impactos devastadores da doença. Infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Maria Cláudia Stockler explica que a tentativa de intervenção acompanha a história da humanidade, desde a pajelança ao uso de sanguessugas, mas que a Medicina busca inovação com eficácia e testes já apontaram que essas medicações não funcionam contra o vírus.
“Esta doença, por ser nova, não tem ainda critérios prognósticos”, afirma ela. ‘O que a gente sabe de tratamento para covid? Dexametasona para quem precisa de oxigênio suplementar. O remdesivir tem impacto para pacientes graves, mas é muito caro. Todo o resto não é nada. Em sites americanos e europeus, não há recomedação para usar azitromicina, hidroxicloroquina e ivermectina.”
No Brasil, a Coalizão Covid-19, que reúne hospitais e institutos de pesquisa do País, realizou estudos com hidroxicloroquina e azitromicina, associadas ou não, e os resultados não apontaram eficácia. “No primeiro deles, em pacientes hospitalizados com covid-19 de gravidade moderada, verificamos que hidroxicloroquina ou azitromicina são incapazes de melhorar a evolução clínica dos pacientes. Nos grupos que receberam hidroxicloroquina, com ou sem azitromicina, houve aumento no risco de alterações de exames laboratoriais refletindo lesão do fígado e alterações do eletrocardiograma que podem predispor a arritmias cardíacas”, explica Alexandre Biasi, superintendente de pesquisa do HCor e membro do grupo.
“O segundo estudo avaliou o efeito da azitromicina em pacientes hospitalizados com formas mais graves de covid-19. Verificamos que não havia efeito algum da azitromicina para estes pacientes”, completa. Segundo Biasi, o grupo não estudou com ivermectina e nitazoxanida, mas pesquisas realizadas ainda não têm dados robustos para que a indicação seja feita.
“Em relação à ivermectina, não há trabalhos randomizados publicados. Alguns dados disponíveis de estudos no Irã, no Egito e na Índia sugerem potencial benefício, mas não há como avaliar conclusivamente os resultados, porque ainda não estão publicados. A nitazoxanida também tem sido estudada por ter efeito in vitro. Mas ainda se desconhece o real benefício nas infecções pelo Sars-CoV-2. Estudo brasileiro sugere redução modesta da carga viral nos pacientes que receberam a medicação, porém não houve efeito nos sintomas”, diz ele. O estudo sobre o vermífugo foi divulgado em cerimônia pelo Planalto apenas com dados parciais e com a divulgação de um gráfico de barras retirado de um banco de imagens.
O Estadão entrou em contato com farmacêuticas que trabalham com essas medicações e solicitou posicionamento sobre o uso das substâncias. Vitamedic e EMS não se posicionaram sobre a ivermectina, assim como a Eurofarma, que preferiu não comentar sobre o uso da azitromicina. Em nota, o laboratório Aché, que tem azitromicina em seu portfólio, informou que “valoriza e respeita a prescrição médica, recomendando que nenhum medicamento seja administrado pelo paciente sem a orientação do médico”.
Sobre a nitazoxanida, a FQM Farmoquímica, detentora do registro do medicamento Annita, também recomenda que o medicamento seja tomado só com indicação médica. Em relação aos estudos, disse ter apoiado iniciativas que seguem formalidades científicas e que em uma 1ª fase, “dados bastante positivos comprovaram a ação antiviral da nitazoxanida contra o vírus SARS-Cov2 (amostras do vírus circulante no Brasil) em estudos in vitro”.
A farmacêutica disse que “os ensaios clínicos ainda não foram disponibilizados para conhecimento público por formalidades éticas”. Também informou que apoiou um estudo de fase 2 que foi concluído recentemente e que foi submetido para publicação em uma revista científica internacional, mas que os dados ainda estão em sigilo e serão divulgados quando a revista permitir.
“A FQM nesse momento está concentrando todos os seus esforços para a aprovação, execução e conclusão da fase 3, que permitirá às autoridades regulatórias e comunidade médica, as evidências científicas necessárias para disponibilizar o medicamento para tratamento da população com covid-19”. A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde e o da Ciência, Tecnologia e Inovações também solicitando um posicionamento, mas as pastas não responderam.
Excesso de antibióticos pode causar resistência bacteriana e ‘supergonorreia’
Em julho do ano passado, pesquisadores das universidades Complutense de Madrid (UCM) e de Barcelona (UB) divulgaram um estudo que identificou um mecanismo das bactérias capaz de espalhar genes resistentes a antibióticos com eficiência até 10 mil vezes maior que a conhecida até então. Segundo a UCM, a pandemia deve aumentar essa proteção das bactérias por causa do uso em larga escala desses medicamentos.
Um dos riscos dessa situação é a resistência bacteriana. “Após alguns anos de início do uso de todos os antibióticos acabam surgindo bactérias resistentes, limitando a utilidade dos medicamentos e colocando pacientes com infecções bacterianas sob risco de serem tratados com medicamentos ineficazes. Quanto mais disseminado é o uso de um antimicrobiano maiores, as chances de surgirem bactérias resistentes e reduzirem o benefício da medicação”, explica Alexandre Biasi, superintendente de pesquisa do HCor e membro do grupo Coalizão Covid-19 Brasil. A azitromicina, antibiótico que tem sido em pacientes infectados pelo vírus, pode sofrer com esse processo, segundo ele.
Outra preocupação é a dificuldade para o tratamento de doenças como a gonorreia, que já apresenta uma variante resistente a antibióticos, também chamada de “supergonorreia”. Em setembro, o departamento de Saúde Pública da Inglaterra pediu que a população praticasse sexo seguro após alta de 26% nos casos de gonorreia entre 2018 e 2019. Segundo o boletim, a maior prevalência da doença foi entre homens gays, bissexuais e outros que praticam sexo com homens, além de mulheres heterossexuais. Juntos, os grupos representaram um aumento superior a 10 mil casos.
Ainda em janeiro de 2019, o mesmo departamento já havia alertado para o surgimento de uma nova gonorreia que seria resistente a antibióticos e foi registrada em duas pacientes heterossexuais. “Enquanto esse tipo de resistência é incomum, já existiram casos em outros países. … Encontrar esse tipo de gonorreia extensivamente resistente aos antibióticos serve como um lembrete importante da necessidade de praticar-se o sexo seguro”, dizia o comunicado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro para Controle e Prevenção de Doençasamericano (CDC, na sigla em inglês) já trazem informações sobre o tipo resistente a antibióticos em seus sites, com atualizações feitas em 2020. “Essa é uma preocupação real. Inclusive a OMS publicou alerta sobre o surgimento de bactérias resistentes a antibióticos na pandemia. Uma das ameaças atuais é a bactéria causadora da gonorreia, que está se tornando resistente aos antibióticos comumente usados, o que está se chamando de supergonorreia. Com o uso indiscriminado de antibióticos na pandemia, a resistência a essa classe de medicamentos tem aumentado”. diz Biasi.

Fonte: HiperNotícias 

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Problema em aplicativo provoca fila na farmácia de alto custo em Campinas

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Um problema no aplicativo “Remédio agora”, usado para agendar a retirada dos remédios, teria provocado aglomeração na farmácia de alto custo de Campinas (SP), no bairro Ponte Preta, na manhã desta quinta-feira (21). Um vídeo gravado por uma usuária mostra que a fila chegou a virar a esquina.

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No vídeo feito por Aparecida Oliveira é possível observar que muitas pessoas na fila estão à espera do atendimento, mas sem saber se teriam acesso ao remédio. Todas estavam de máscara, mas alguns pacientes não respeitavam o distanciamento social para evitar a contaminação da Covid-19.

Entre os usuários que foram até a farmácia de alto custo nesta quinta está Vanessa Vaneri, que há um ano foi diagnosticada com uma dor crônica que atinge um nervo do rosto e precisa do medicamento Gabapentina para controle da dor. Segundo ela, quando o aplicativo oferece a opção de retirar ou renovar o remédio, não há datas disponíveis.

A Secretaria de Saúde do Estado foi questionada sobre a funcionalidade do aplicativo, mas não respondeu até a publicação. Assim que a pasta se manifestar, o texto será atualizado.

Fonte: Notícias de Campinas

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Com pandemia, sites de venda de produtos estrangeiros ganham espaço

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Privados das viagens internacionais e em busca de preços baixos, os brasileiros durante a pandemia foram com forte apetite às compras pela internet de produtos estrangeiros. O maior interesse por esse segmento, conhecido como e-commerce cross border, obrigou empresas tanto nacionais quanto internacionais a investir pesado. Primeiro, para reduzir o prazo de entrega, mas também para oferecer condições de venda mais adequadas ao gosto do consumidor, como parcelamento, frete grátis e até devolução da compra sem ônus.

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A Americanas Mundo, braço de cross border da Americanas.com, única grande empresa nacional que atua nesse segmento, fechou acordo com três transportadoras para cortar pela metade o prazo de entrega de importados de oito países. Antes da parceria, explica Raoni Lapagesse, diretor de Relações Institucionais da B2W, o prazo girava em torno de 40 dias úteis e agora é de, no máximo, 21 dias úteis. O frete é grátis para todos os produtos.

O executivo não revela qual é a fatia do cross border dentro do e-commerce da empresa nem os investimentos. Mas diz que é “um negócio que vem crescendo rápido”. Lançada em março de 2019, a Americanas Mundo reúne 20 milhões de itens e 200 vendedores internacionais. No terceiro trimestre de 2020, as vendas de cross border cresceram 200% ante igual período de 2019, enquanto o marketplace que vende itens nacionais, avançou 60%. “É uma nova frente que dá certo e tem potencial”, diz.

A forte aceleração de vendas no Brasil durante 2020 foi sentida também pelo AliExpress, do grupo chinês Alibaba, o maior e-commerce cross border do mundo. Há 11 anos no País, o site tem 2,5 bilhões de produtos listados, fornecidos por 8,7 milhões de fabricantes chineses. Com a pandemia, itens relacionados com conforto da casa ampliaram vendas em mais de 130% e os ligados ao teletrabalho, como webcams, registraram avanço de 3.800%. “Em datas promocionais como Black Friday, dobramos as vendas e outros players também”, diz Yan Di, diretor geral do AliExpress Brasil. O executivo compara essa aceleração de vendas no Brasil em 2020 à pandemia de SARS na China em 2008 e diz que a mudança veio para ficar, mesmo com a vacina.

De olho nesse potencial, a partir do segundo semestre de 2020 o AliExpress freta quatro voos semanais da China para o Brasil. Com isso, reduziu o prazo de entrega para, no máximo, 30 dias corridos e, em alguns casos, chega a sete dias. O frete grátis, que valia para compras de no mínimo US$ 30, foi reduzido para US$ 15.

Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, diz que o prazo de entrega é o ponto frágil do e-commerce cross border. Pesquisa da entidade mostra que 48% dos brasileiros esperavam mais de 60 dias para receber o produto e que a grande maioria (71%) achava aceitável receber em, no máximo, 30 dias.

Segundo Terra, o e-commerce cross border tinha espaço menor por conta do prazo longo de entrega e do desconhecimento do consumidor. “De um ano para cá, esses dois obstáculos começaram a cair.” Além disso, houve avanço do cross border por meio de redes sociais.

Lacunas

Diante do potencial, os marketplaces buscaram saídas para tornar a venda mais “amigável”. “Verificamos todos os ‘gaps’”, diz Lapagesse. A companhia iniciou o parcelamento em 12 vezes sem acréscimo da compra em reais. Uma vantagem, apontada pelo executivo, é que a empresa tem uma marca nacional forte o que deixa o consumidor mais seguro em relação à aplicação do Código de Defesa do Consumidor, se houver problemas.

Nessa direção o AliExpress abriu uma central que atende o consumidor com profissionais falando português e passou a oferecer devolução grátis da compra por qualquer motivo.

A estratégia desses marketplaces tem endereço certo: conquistar uma fatia maior de um mercado que movimentou em 2018 – o último dado disponível – US$ 2,2 bilhões ou 23% da venda total do e-commerce.

Procurados, Magalu e Via Varejo, dois importantes marketplaces nacionais e que não têm cross border, não quiseram se manifestar sobre o tema.

Fonte: Estadão

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Inflação não dá trégua, mesmo com PIB fraco

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Apesar de manter a taxa básica da economia (Selic) em 2% ao ano, na primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central revelou desconforto com a inflação. As pressões no custo de vida do brasileiro não diminuíram em janeiro, conforme dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), colocando por terra os discursos dos diretores da autoridade monetária de que a forte alta dos preços na segunda metade de 2020 era “temporária”. A mudança de opinião é apontada como motivo para a retirada forward guidance, instrumento de sinalização de manutenção dos juros básicos por um período mais prolongado, algo antes esperado apenas para o fim do ano.

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O Índice Geral de Preços — Mercado (IGP-M), indicador da FGV que é utilizado para a correção dos contratos de aluguel, por exemplo, acelerou 2,37% no segundo decêndio de janeiro, após subir 1,18% no mesmo período de dezembro, acumulando salto de 25,46% em 12 meses.

Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado para o cumprimento da meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), avançou 4,52% no ano passado, o IGP-M teve alta de 23,1% em 2020, e, pelas projeções do economista André Braz, analista da FGV/Ibre, esse indicador continuará rodando em dois dígitos por um bom tempo, porque as commodities continuarão valorizadas ao longo de 2021.

Acima da meta

Não à toa, o BC passou a prever IPCA de 3,6% em 2021, taxa acima da mediana das projeções do mercado coletadas no boletim Focus, do BC, de 3,4%. Braz, por sua vez, estima que o IPCA encerrará o ano acima da meta de inflação, de 3,75% anuais, em um cenário básico, mas poderá acumular variação de 4,25% até dezembro, em um quadro mais pessimista.

O economista lembrou que o principal componente do IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), é o que vem registrando as maiores variações, em grande parte, devido à alta dos preços das commodities e da valorização do dólar frente ao real, o que impacta diretamente nos preços dos alimentos — os grandes vilões da inflação do ano passado. Segundo ele, as pressões inflacionárias devem persistir neste início de ano, apesar das incertezas sobre a retomada da atividade econômica diante dos tropeços e atrasos no programa de vacinação do governo federal. Ele lembrou que a difusão do IPCA do segundo semestre de 2020 foi crescente e ficou mais forte no último trimestre, encerrando o ano acima de 70%.

“Isso mostra que não são apenas os preços dos alimentos que pressionam a inflação, o que dificulta uma redução, porque a carestia está disseminada em vários setores”, explicou.

Braz prevê reajustes de forma mais intensa a partir de maio, “quando o BC deverá iniciar o aumento dos juros”, pelas estimativas dele. Segundo o analista, até mesmo alguns segmentos do setor de serviços (que deve levar muito mais tempo do que os demais para se recuperar da recessão) já estão repassando a inflação do ano passado para os preços.

Além disso, outros fatores devem pressionar os índices de preços, como a energia, devido aos reajustes anuais programados e também porque a bandeira vermelha, retirada em janeiro, poderá voltar a partir do meio do ano, quando começa novo período de estiagem. “Neste ano, devido ao efeito La Niña, deverá ter menos chuvas, e, portanto, há risco de queda no nível dos reservatórios, o que impacta no custo da energia”, acrescentou.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, prevê alta de 3,8% no IPCA deste ano, acima da expectativa do mercado, avaliando que os preços das commodities não vão cair, o dólar continuará acima de R$ 5, e porque os reajustes represados em 2020 vão ocorrer neste ano. “São diversas pressões pontuais. Os preços dos alimentos devem continuar puxando a inflação, mas com menos intensidade do que no ano passado”, explicou. Ele reconhece que, mesmo com as chances de o Produto Interno Bruto (PIB) apresentar queda no primeiro trimestre, a inflação continuará em alta.

O fim do auxílio emergencial é um fator que ajuda a reduzir a pressão inflacionária, mas deve ajudar na piora do desempenho da economia. O benefício, interrompido em dezembro, injetou R$ 296 bilhões na economia e foi importante para evitar uma queda ainda maior do varejo. Pelas projeções da consultoria, o PIB do primeiro trimestre deverá encolher 0,1%. “Mas deveremos rever para baixo”, adiantou Sergio Vale.

Fonte: Correio Braziliense

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Reajuste salarial cai e fecha 2020 em 3,5%, sem ganho real

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O reajuste salarial mediano do trabalhador brasileiro caiu em 2020 e fechou o ano em 3,5%, segundo boletim divulgado nesta sexta-feira (22) pelo Salariômetro, estudo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) que analisa as relações no mercado de trabalho.

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O percentual é inferior aos 4% registrados em 2019 e indica que, no ano marcado pela pandemia de covid-19, o trabalhador não teve ganho real, ou seja, acima da inflação.

Trabalhadores têm aumento real apenas em 10% das negociações

IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE, por exemplo, fechou o ano em 4,52%. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), focado em preços para quem ganha até 5 salários mínimos, registrou um salto de 5,45%.

Os baixos reajustes refletem o que foi o ano de 2020. Fevereiro foi o último mês em que os reajustes tiveram ganho real – ainda assim, de apenas 0,1 ponto percentual, segundo o Salariômetro.

Em vários meses seguintes, o nível de reajustes concedidos empatou com a inflação acumulada em 12 meses. Em dezembro, porém, a alta expressiva do INPC fez com que a mediana dos reajustes ficasse em 0,9% ponto percentual abaixo da inflação.

Outro reflexo do mercado de trabalho desfavorável para obter ganhos salarial foi o número de negociações de reajuste. Elas caíram de 24.520 em 2019 para 17.811 em 2020, uma redução de 27,4%, de acordo com o Salariômetro.

Crise

O mercado de trabalho apresentou piora desses e de outros índices em razão da crise trazida pela pandemia de covid-19. O governo precisou lançar um programa para manutenção de empregos e realizou acordos permitindo redução de salários e suspensão de contratos. Ainda assim, o desemprego alcançou 14 milhões de brasileiros no fim de 2020.

Já o número de trabalhadores informais subiu a 29,2 milhões em novembro, um aumento de 0,6% em relação a outubro, segundo a Pnad Covid-19 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mensal, divulgada pelo IBGE. O resultado equivale a 34,5% do total de ocupados.

Fonte: R7 Minas

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Juros atingirão o valor de 4% até o final deste ano

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Juros – Apesar de não ter surpreendido o mercado, o comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desta quarta-feira (20) impulsionou a mudança nas expectativas de muitos analistas. A maioria agora espera uma alta na Selic, atualmente a 2% ao ano, ainda no primeiro semestre. As projeções também apontam a Selic ao redor de 4% ao fim de 2021.

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O mais recente boletim Focus do Banco Central, que reúne a estimativa de diversos economistas, aponta a Selic a 3,25% ao final deste ano. De acordo com Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, a alta no juros pode vir ainda no primeiro trimestre. “Quando a autoridade monetária instituiu o ‘forward guidance’, antes da pandemia, os cenários macroeconômico global e local eram totalmente distintos. Hoje, a realidade é outra, com as projeções para a inflação doméstica subindo em relação à meta, preços das commodities pressionados pelo câmbio e a questão fiscal estressada.”, ressaltou o economista.

A gestora Reag revisou sua projeção e agora espera uma alta da Selic em março deste ano, ante previsão anterior de maio, mas mantém a expectativa de que a taxa encerre o ano em 3,5%. “O clima político adverso tornará mais difícil, para não dizer impossível, o controle dos gastos. Basta apontar a recente queda de popularidade do presidente da República para sabermos dos desafios existentes, isso sem contar uma segunda onda ainda mais persistente que irá aumentar a demanda por serviços públicos e tornar o clamor pelo retorno do auxílio emergencial um tema politicamente sensível”, disse André Perfeito, economista-chefe da Necton.

A corretora vislumbra uma alta no juros na reunião de março, para 2,25%. Para o fim de 2021, esperam a Selic a 4%. “O BC deixa claro que a queda do ‘forward guidance’ não implica alta imediata de juros é importante. A alta de juros é gradual”, diz Andrea Damico, economista-chefe da Armor. Ela vê uma alta de 0,25 ponto percentual em maio e a Selic a 4% ao fim de 2021.

Para Elisa Machado, economista da ARX Investimentos, o BC irá se antecipar à inflação e estima a Selic entre 4,5% e 5% ao fim do ano. “É uma normalização da taxa de juros. Estamos com a Selic fortemente estimulativa.” A casa também espera um aumento de juros no segundo trimestre.

Segundo Nicola Tingas, economista chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), há relutância da autoridade monetária em promover alta imediata da taxa de juros. “Contudo, dentro das condições de alta expressiva do IPCA acumulado em 12 meses, que poderá atingir 6% até maio para depois se acomodar em 3,5% no final do ano, revisamos nossa projeção da Selic para dezembro de 2021, de 3% para 4%”, diz Tingas.

Segundo Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Investimentos, o BC deve esperar a formação das presidências da Câmara e do Senado para indicar os próximos passos. “A definição das Casas trará maior certeza quanto à prorrogação ou não do auxílio emergencial, por exemplo.” A disputa no Congresso acontece em fevereiro, antes da próxima reunião do Copom, em 17 de março.

Fonte: O Estado do Ceará

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