A Drogaria Araujo celebra 115 anos neste mês de março e, para comemorar em grande estilo, realiza uma campanha na qual a cada R$115 em compras, os clientes concorrem a uma casa nova. E para quem comprar pelo App, site ou Drogatel e optar retirar suas compras pelo Clique Retire, terá ainda um sorteio extra de um iPhone 12. Para participar é muito simples basta cadastrar a nota fiscal da compra no site da empresa.
Essa história de sucesso, iniciada em 1906, é também uma história de pioneirismo e compromisso com o cliente: o primeiro plantão 24 horas na cidade, o primeiro telemarketing, a primeira drogaria do país com serviço drive thru, a primeira drugstore. Quando o assunto é inovação e serviços que tornam a vida das pessoas melhor, a Araujo chega sempre na frente.
A Araujo também comemora o sucesso da marca exclusiva Mió, que conta hoje com mais de 130 produtos. Recentemente a marca lançou a linha especial de suplementos alimentares. ‘O lançamento já estava planejado, mas o crescimento expressivo do mercado de vitaminas neste cenário de pandemia acelerou o processo. A linha contempla produtos para atender a diversos públicos e diferentes necessidades nutricionais, de acordo com sua orientação médica, pensando sempre na qualidade de vida e bem-estar das pessoas, nosso foco principal’, comenta Gabriella Mascarenhas, farmacêutica e gestora comercial da Mió.
Os diferenciais dessa linha estão na alta qualidade dos produtos e no preço acessível. Toda a linha de suplementos vitamínicos da Mió e demais produtos – desde discos de algodão, curativos adesivos, manteiga de cacau, até pinceis de maquiagem, óleos, sabonetes líquidos, gel de arnica e itens de outras categorias – estão disponíveis nas mais de 250 lojas da Drogaria Araujo em 38 cidades de Minas Gerais e, para todo o Brasil, por meio do site (araujo.com.br) ou App.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico
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O varejo farmacêutico é um dos mercados nos quais as mulheres foram pioneiras e hoje são presença dominante. Já a indústria ainda preserva grande parte dos postos de liderança nas mãos dos homens, apesar de várias executivas assumindo cargos de decisão nos últimos anos. O Panorama Farmacêutico preparou uma radiografia da participação feminina no setor, que revela inegáveis avanços, mas com desvantagem no salário e nas condições de trabalho.
Maioria na profissão, minoria nos cargos mais elevados
Pesquisa sobre o Perfil do Farmacêutico no Brasil, realizada pelo Conselho Federal de Farmácia, mostrou que entre os graduados da formação em farmácia, as mulheres representam 67,5% dos profissionais. A faixa etária prevalente na amostra situou-se entre 29 e 38 anos (41,8%).
Porém, quando o assunto são as faixas salariais mais elevadas, oa homens ainda levam vantagem. Enquanto 22% dos executivos do sexo masculino recebem acima de R$ 5 mil, apenas 10,6% das mulheres alcançam esse patamar.
Farmácias magistrais na contramão: mercado tipicamente feminino
Segundo o Panorama Setorial 2020 da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), mais de 70% do segmento de farmácias de manipulação é ocupado pelo sexo feminino. A predominância ocorre tanto no quadro societário, como já mostrado na edição de 2018, quanto no de funcionárias, entre farmacêuticas, técnicas especializadas, atendentes e outras profissionais.
Nos anos de 2018 e 2019, o número de mulheres no quadro de funcionários cresceu 6,7%, enquanto a parcela masculina aumentou apenas 4,8%. Dentre a divisão de colaboradores por gênero, os dados de 2019 mostram que 45.311 (78,4%) do total de funcionários são mulheres contra 12.518 homens (21,6%).
Liderança na indústria
Na indústria farmacêutica começam a surgir exemplos de liderança feminina. Mas relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) indica que a presença das mulheres nos postos de comando é 20% inferior à dos homens, e ainda com diferenças salariais. Alguns laboratórios, no entanto, ensaiam uma mudança nesse cenário.
A Bayer, por exemplo, anunciou o compromisso de estabelecer, até 2025, um equilíbrio de gênero 50/50 ao longo de toda baixa e média liderança, que, atualmente, é ocupada 40% por mulheres e 60% por homens. No Círculo de Liderança do Grupo (composto por 540 executivos), a proporção de mulheres deve chegar a pelo menos 33% em 2025 (atualmente está em 23%). Depois disso, até 2030, a farmacêutica pretende atingir paridade de gênero em todos os níveis de gerência.
Criadora do programa Mulheres na Liderança (Women In Leadership – WIL), a Merck Brasil tem a meta de alcançar a igualdade em posições de liderança até 2023. A empresa assumiu o compromisso de ter pelo menos uma mulher ao final de cada processo seletivo, bem como garantir uma participação equilibrada em programas de desenvolvimento.
A Merck também foi a primeira farmacêutica a aderir à campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, idealizada pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por conta do aumento de casos de feminicídio na pandemia. “Disponibilizamos nosso time de campo para realizar cerca de 500 visitas ao dia em farmácias de todo o Brasil para reforçar as mensagens da campanha aos balconistas e farmacêuticos que podem ajudar essas mulheres vítimas de violência doméstica”, afirma Thais Motta, gerente de trade marketing e líder do Grupo de Trabalho de Mulheres em posição de Liderança.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico
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A Indústria União Química S/A, empresa responsável por trazer a vacina russa para o Brasil, poderá dar início à produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da vacina russa Sputinik V em fábrica instalada na região administrativa de Santa Maria (DF). Isso porque a empresa obteve, nesta sexta-feira (5/3), uma Autorização Ambiental concedida pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Além disso, a indústria recebeu uma atualização de Licença de Operação.
A vacina russa foi aprovada recentemente para o uso emergencial no combate à pandemia causada pelo novo coronavírus e atualmente está em processo de aprovação de uso regular e de produção interna. Com a autorização ambiental, é possível que a indústria realize empreendimentos, atividades, pesquisas e serviços de caráter temporário para execução de obras ou atividades que não estão no processo de licenciamento ambiental.
Já a Licença de Operação possibilita o início da atividade, empreendimento ou pesquisa científica. O superintendente de Licenciamento do Brasília Ambiental (Ibram), Alisson Neves, explica que a autorização é importante porque garante a possibilidade de a União Química mudar a planta industrial para receber a nova produção. “Já a readequação da LO, que era exclusiva para a produção e comercialização de bioinseticidas, agora autoriza a fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários, reconhecendo a regularidade ambiental para avançar na questão da vacina.”
Contudo, apesar da aprovação, a empresa será acompanhada pelo Ibram principalmente pelos próximos 180 dias, com o objetivo de orientar as condições necessárias para as adequações propostas, permitindo que a indústria tenha a capacidade e regularidade ambiental para produção do IFA. Atualmente, todo insumo para a produção de imunizante no Brasil precisa ser importado de outros países.
Já no caso da fabricação total da vacina, a autorização vem da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas o caminho apontado pelas licenças ambientais é fundamental para o andamento desse processo.
“Não seria possível avançar sem a regularidade ambiental, já que a atividade industrial deve ser acompanhada por licenças ambientais. Com a emissão dos atos, conseguimos garantir que a empresa possa, sob o ponto de vista ambiental, avançar na produção”, destaca.
Governadores de 21 estados e do Distrito Federal manifestaram posição favorável, nu domingo, 7, à criação de um “pacto nacional” com medidas restritivas e preventivas que ajudem a atenuar o pico da pandemia de Covid-19 registrado nas últimas semanas.
O balanço é do governo do Piauí – o governador Wellington Dias (PT) comanda o fórum dos gestores estaduais. Segundo a assessoria de Dias, a consulta continua em aberto para a adesão dos cinco governadores restantes.
O país chegou ao total de 265.500 óbitos neste domingo com 1.054 nas últimas 24 horas, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa. A média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 1.497, a maior desde o começo da pandemia – e com tendência de alta.
Em entrevista à GloboNews, Wellington Dias afirmou que a ideia é promover uma “experiência” de restrições nacionais até o próximo domingo (14), para que o país possa “barrar o coronavírus”.
“Não adianta o meu estado fazer e outro não fazer. Isso é o que chamei de ‘enxugar gelo’, ou seja, a transmissibilidade tem que ser cortada nacionalmente. É claro que o ideal é como fazem outros países, o poder central estar fazendo isso. Os Estados Unidos não faziam na época do Trump, mas estão fazendo agora com o Joe Biden”, citou Dias.
No fim de fevereiro, o presidente do fórum já havia antecipado que os governadores pediriam ao governo Jair Bolsonaro que adotasse medidas restritivas em todo o país. Em entrevistas posteriores, Bolsonaro negou a possibilidade de definir lockdown ou ações que restrinjam a movimentação de pessoas.
Na segunda, 8, governadores devem se reunir no Rio de Janeiro com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e representantes da Fiocruz para discutir as estratégias de enfrentamento ao vírus e a necessidade de maior agilidade na vacinação. O país aplicou doses em apenas 3,88% da população até o momento.
O grupo, diz Wellington Dias, também deve pedir a laboratórios e organizações internacionais que o Brasil receba prioridade no envio de vacinas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem apontando a gravidade da situação no país.
“É importante a gente acelerar aqui com a Anvisa. A gente não pode ter uma operação de guerra, e a Anvisa com exigências que são próprias de um [período de] normalidade. A Sputnik tem vacina, pode oferecer. Tem a União Química, que produz no Brasil. É o Brasil com seus laboratórios, com cientistas brasileiros – Fiocruz, Butantan e União Química – que vai produzir a maior quantidade, especialmente nessa fase de maior disputa mundial”, afirmou Wellington Dias.
A estimativa do mercado financeiro para o crescimento da economia neste ano chegou a 1%, após 15 reduções consecutivas. É o que mostra o boletim Focus, resultado de pesquisa do Banco Central (BC) a instituições financeiras, divulgado às segundas-feiras.
A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – desta vez foi reduzida de 1,13% para 1%.
A expectativa das instituições financeiras é que a economia tenha crescimento maior em 2020, entretanto, a previsão para o próximo ano foi reduzida de 2,50% para 2,23%. A previsão para 2021 e 2022 permanece em 2,50%.
Inflação
A estimativa de inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu de 4,03% para 3,89% este ano, foi mantida em 4% para 2020 e em 3,75% para 2021 e 2022.
Na última sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou em maio, ao variar 0,13%, 0,44 ponto percentual abaixo da taxa de abril (0,57%). Esse foi o menor resultado para maio desde 2006 (0,10%). A variação acumulada no ano ficou em 2,22% e em 12 meses chegou a 4,66%.
A meta de inflação de 2019, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.
A estimativa para 2020 está no centro da meta: 4%. Essa meta tem intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Para 2021, o centro da meta é 3,75%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. O CMN ainda não definiu a meta de inflação para 2022.
Taxa básica de juros
Para controlar a inflação, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic. Para o mercado financeiro, a Selic deve permanecer no seu mínimo histórico de 6,50% ao ano até o fim de 2019.
Para o fim de 2020, a projeção caiu de 7,25% ao ano para 7%. Para o fim de 2021, a previsão passou de 8% ao ano para 7,50% e para o final de 2022, segue em 7,50% ao ano.
A Selic, que serve de referência para os demais juros da economia, é a taxa média cobrada nas negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
A manutenção da Selic este ano, como prevê o mercado financeiro, indica que o Copom considera as alterações anteriores nos juros básicos suficientes para chegar à meta de inflação.
Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de ficar acima da meta de inflação.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Pelo segundo mês seguido, a poupança voltou a registrar mais retiradas que depósitos. No mês passado, os saques superaram os depósitos em R$ 718,7 milhões, informou nesta quinta-feira (6) o Banco Central. Em maio do ano passado, os correntistas tinham depositado R$ 2,4 bilhões a mais do que tinham retirado.
Com o resultado de maio, a caderneta de poupança acumula saques líquidos de R$ 16,997 bilhões nos cinco primeiros meses de 2019. No mesmo período do ano passado, as captações (depósitos) tinham superado as retiradas em R$ 1,71 bilhão.
Até 2014, os brasileiros depositavam mais do que retiravam da poupança. Naquele ano, as captações líquidas chegaram a R$ 24 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, os investidores passaram a retirar dinheiro da caderneta para cobrir dívidas, em um cenário de queda da renda e de aumento de desemprego.
Em 2015, R$ 53,57 bilhões foram sacados da poupança, a maior retirada líquida da história. Em 2016, os saques superaram os depósitos em R$ 40,7 bilhões. A tendência inverteu-se em 2017, quando as captações excederam as retiradas em R$ 17,12 bilhões, e em 2018 (captação líquida de R$ 38,26 bilhões.
Com rendimento de 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia), a poupança está se tornando menos atrativa porque os juros básicos estão no menor nível da história, em 6,5% ao ano. Nos últimos meses, o investimento não tem conseguido garantir rendimentos acima da inflação.
Nos 12 meses terminados em abril, a poupança rendeu 4,16%. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15, que funciona como uma prévia da inflação oficial, acumula 4,93% no mesmo período. Amanhã (7), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o IPCA cheio de maio.
Oferecendo mais de 500 empregos diretos em 26 farmácias espalhadas por todo o Rio Grande do Norte, a Drogarias Globo aposta na ampliação de mais uma loja de Natal.
A unidade localizada na Avenida Prudente de Morais, entre as Ruas Seridó e Potengi, em Petrópolis, passou por três meses de reforma e reabre na segunda-feira (8), com o triplo de área de loja.
A nova unidade terá 320 metros quadrados à disposição do consumidor, além de duplicação do mix, que contará com 11 mil itens cadastrados, estacionamento mais amplo e serviços diferenciados, como Wi-Fi, cafezinho, sofá.
Segundo o gerente regional da Globo, Audieriks Salgado, a rede fez um estudo da região e promove essa ampliação em acordo com as demandas das imediações, que conta com vários hospitais e clínicas médicas. Portanto, passa a oferecer mais produtos direcionados para beleza e estética. Tanto que criaram um novo espaço de dermo-cosméticos. ‘A razão do sucesso nesse ramo é entender as pessoas, saber do que elas precisam e dizer a elas que podem contar com a gente!’, complementa o diretor geral da empresa, Flávio José.
Das seis farmacêuticas que fabricam cloroquina ou hidroxicloroquina no Brasil, quatro não recomendam o remédio para tratar a covid-19. Essa maioria foi formada após a Apsen, principal fabricante de hidroxicloroquina do país, se posicionar contra o uso pela primeira vez desde abril, quando a empresa divulgou estudos que supostamente indicavam a melhora de pacientes por causa da cloroquina.
A mudança de posicionamento da Apsen Farmacêutica aconteceu na quarta-feira (3), mais de quatro meses depois de a OMS rejeitar de forma conclusiva o medicamento para este fim e após a Repórter Brasil entrar em contato com a empresa para questionar sobre dois contratos de empréstimo assinados com o BNDES em 2020, que somam R$ 136 milhões . Deste total, R$ 20 milhões já foram desembolsados pelo banco, mas para investimento em inovação – o contrato não permite investir em medicamentos antigos, como a cloroquina, que a Apsen produz há 18 anos.
Outros três laboratórios – Farmanguinhos/Fiocruz, EMS e Sanofi-Medley – já haviam divulgado comunicados no qual recomendavam o fármaco apenas para doenças previstas em bula, ou seja, malária, lúpus e doenças reumáticas.
Já os dois laboratórios restantes na lista dos fabricantes do medicamento, Cristália e Laboratório do Exército, não se posicionam de forma clara contra o uso do remédio para a covid, mantendo aberta a possibilidade de que a cloroquina ou a hidroxicloroquina sejam usadas no tratamento dos infectados pelo novo coronavírus.
A fábrica militar alegou que, por ser apenas um ‘órgão executor’, não tem competência para opinar sobre a eficácia do medicamento que produz. Já o Cristália afirmou que a cloroquina é recomendada para malária e outras doenças, mas não descartou o uso para covid, dizendo que ‘qualquer recomendação fora das especificadas na bula deve ser feita sob responsabilidade do médico, como ocorre com qualquer medicamento’.
Além das farmacêuticas citadas, ainda há o caso da Eurofarma, que conseguiu o registro na Anvisa em agosto de 2020, mas afirma que não fabricou nem comercializou a cloroquina desde então.
Faturamento recorde
A Apsen é a maior beneficiada pela comercialização recorde do medicamento em 2020. Segundo o Sindusfarma, o faturamento das empresas com o remédio foi de R$ 91,6 milhões em 2020, ante R$ 55 milhões em 2019 (alta de 66%). O Conselho Federal de Farmácia vem alertando para vendas desenfreadas da medicação desde o início da pandemia.
As vendas do remédio ajudaram a Apsen a alcançar faturamento recorde em 2019: próximo de R$ 1 bilhão, 18% a mais em relação ao ano anterior.
Na fase inicial da pandemia, em março de 2020, a empresa divulgou mensagem em rede social dizendo que ‘apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso para o tratamento da covid-19’. Já em abril, a Apsen publicou uma nota em que apontava a medicação como possível ‘cura’ para a doença. Naquele momento, ainda não existiam estudos científicos conclusivos que descartavam a droga para a covid-19.
A empresa voltou a se posicionar oficialmente sobre o tema na última quarta-feira, quando divulgou em seu site que, ‘com base nas evidências científicas atuais, a Apsen recomenda a utilização da hidroxicloroquina apenas nas indicações previstas em bula [ou seja, malária e doenças reumáticas]’.
A Fiocruz, que comanda o laboratório Farmanguinhos, emitiu os primeiros alertas contra o uso da medicação na pandemia em abril do ano passado , após um estudo do qual participava ser interrompido precocemente, depois de pacientes apresentarem maior risco de complicações cardíacas. A instituição fabrica cloroquina para o programa nacional de combate à malária. Porém, o Ministério da Saúde usou os estoques da Fiocruz para distribuir o remédio no SUS para o suposto tratamento precoce da covid-19.
A Sanofi-Medley afirmou à Repórter Brasil que não há uso aprovado de seu produto para tratamento da covid-19 em nenhum lugar do mundo, recomendando o medicamento somente para a indicação em bula.
Já a EMS disse, via assessoria de imprensa, que não recomenda o medicamento para o tratamento da covid-19. A empresa também recebeu empréstimos do BNDES em 2020, no total de R$ 23 milhões. Um dos contratos prevê a construção de uma fábrica de medicamentos oncológicos. O outro permite a aplicação de recursos em medicações antigas da empresa, já que se destina à ‘ampliação e reforma de unidade industrial, incluindo produção de medicamentos, linhas de embalagens e almoxarifado, no complexo industrial da EMS, em Hortolândia (SP)’. A empresa foi questionada se os recursos foram usados para ampliar a produção do remédio e respondeu que ‘nenhum pedido [de empréstimo] teve relação com a produção de sulfato de hidroxicloroquina’ (veja o posicionamento completo das empresas ).
Falta de evidência científica
As vendas de hidroxicloroquina bateram recorde em 2020 após se tornar o carro-chefe do governo brasileiro para enfrentar a covid-19. Só em farmácias foram comercializadas 2 milhões de unidades (com pico em dezembro) – alta de 113% no ano em comparação a 2019, segundo o Conselho Federal de Farmácia.
Além de distribuir cloroquina no SUS, o Ministério da Saúde incentivou a automedicação, por meio de um aplicativo e em campanha publicitária , e adotou um protocolo clínico, batizado de ‘tratamento precoce’, que recomenda a droga no estágio inicial da doença.
Em março de 2020, a OMS (Organização Mundial da Saúde) deu início ao Estudo Solidariedade, para avaliar a eficácia de alguns medicamentos contra a covid-19, incluindo a cloroquina e a hidroxicloroquina. O ensaio chegou a ser paralisado provisoriamente, em maio, por dúvidas com relação à segurança dos medicamentos, e, em 17 de junho, foi interrompido de forma definitiva , após ficar demonstrado que a droga não reduzia a mortalidade de pacientes com covid-19.
Em outubro, a OMS divulgou o resultado final da avaliação , realizada com mais de 11 mil pessoas em 30 países: tanto os compostos com cloroquina como o antiviral remdesivir apresentaram ‘pouco ou nenhum efeito’ sobre a mortalidade por covid-19.
A Organização Mundial de Saúde continuou estudando o assunto para se certificar dos efeitos da cloroquina sobre a doença e, na semana passada, um painel de especialistas parece ter enterrado de vez a questão. Após revisar seis ensaios clínicos com 6.000 pessoas , os especialistas concluíram que a hidroxicloroquina não influencia as taxas de infecção e, provavelmente, aumenta o risco de efeitos adversos, como problemas cardíacos. ‘A hidroxicloroquina não é mais uma prioridade de pesquisa’, afirmou o painel.
Na avaliação de Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo), não se deve tomar medicamentos para o que não está registrado. ‘Nosso negócio é baseado em ciência’, diz. ‘O uso off-label (fora da bula) só se justifica quando existem novas indicações terapêuticas baseadas na prática médica e na ciência’, completa.
‘A indústria farmacêutica investe bilhões de dólares para demonstrar a eficácia de seus produtos. Por isso, todos os medicamentos aprovados e registrados pela Anvisa para uso no país têm eficácia comprovada para as indicações terapêuticas de suas bulas, devendo ser consumidos de acordo com as prescrições e orientações de médicos, farmacêuticos e demais profissionais de saúde habilitados; o uso off-label só se se justifica quando existem novas indicações terapêuticas baseadas na prática médica e na ciência’.
Posicionamento das farmacêuticas
Em relação a matéria “Maioria dos fabricantes brasileiros de cloroquina não recomenda o remédio para Covid-19”, fruto da parceria com o Repórter Brasil, publicada em 07/03 no site da Folha de S.Paulo, a Apsen refuta as informações veiculadas e afirma que:
1. Não é verdade que a Apsen tenha se posicionado pela primeira vez contra o uso de hidroxicloroquina na última semana ou após contato do veículo. Desde o início da pandemia, quando a utilização do medicamento para Covid-10 ainda estava em estudos, a companhia se pronunciou publicamente;
2. Da mesma maneira, é incorreto afirmar que houve uma mudança de posicionamento da Apsen, que sempre reforçou em sua comunicação a importância de observar as recomendações em bula e utilizar o medicamento apenas para as indicações já aprovadas pela Anvisa.
“Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da COVID-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa e nem da Apsen, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus […}”
“A APSEN Farmacêutica é uma empresa pautada pela ciência e que se preocupa em cuidar de pessoas e auxiliar seus pacientes a superarem os sérios desafios de saúde que eles enfrentam. Estamos muito confiantes de que a comunidade científica e acadêmica encontrará em breve evidências sobre as opções de tratamento para a Covid-19, que sejam seguras e eficazes. Como eu disse anteriormente, existem mais de 15 mil artigos sobre o novo coronavírus publicados no pubmed.gov. Até que existam evidências concretas, a APSEN Farmacêutica recomenda o uso da hidroxicloroquina apenas para as indicações aprovada em bula e reforçamos que o medicamento é vendido sob prescrição médica e que a automedicação pode representar um grave risco à saúde.”
4. O texto ainda aponta que “A Apsen publicou uma nota em que apontava a medicação como possível “cura”para a doença”. A nota referida era, na verdade, um posicionamento, publicado no site da companhia, onde o médico responsável da Apsen fazia uma leitura técnica dos estudos sobre a utilização de hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 e se referia aos achados da pesquisa em questão. No mesmo texto o médico informa que essas são informações iniciais e que não havia, naquele momento, tratamento específico contra o novo vírus. O conteúdo é datado de março de 2020, ou seja, no início da pandemia onde vários princípios ativos eram estudados a fim de combater o avanço da epidemia.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, advertiu que o descontrole na transmissão do novo coronavírus no Brasil é motivo de preocupação no mundo.
Adhanom recomendou que o Brasil adote medidas ‘agressivas’ para conter a propagação da Covid-19, enquanto distribui a vacina à população. ‘Nós estamos preocupados, mas a preocupação não é apenas com o Brasil. Têm os vizinhos, quase toda América Latina, muitos países. Isso significa que, se o Brasil não for sério, vai continuar afetando todos os vizinhos, e além. Então, isso não é apenas sobre o Brasil, mas também sobre toda a América Latina e além’, esclareceu.
O diretor-geral da OMS citou que, enquanto em muitos países observou-se uma redução de casos nas últimas seis semanas, no Brasil a tendência foi de aumento.
‘Acho que o Brasil precisa levar isso muito a sério’, reafirmou. Para Adhanom, ‘a adoção de medidas públicas de saúde em todo o país, de forma agressiva, seria crucial’. ‘Sem fazer nada para impactar na transmissão ou suprimir o vírus, não acho que, no Brasil, conseguiremos uma queda. Quero enfatizar isso: a situação é muito séria e estamos muito preocupados. E as medidas públicas que o Brasil adotar precisam ser muito agressivas, enquanto distribui vacinas’, afirmou.
Nos últimos três dias, os números de mortes por Covid-19 no Brasil se mantiveram acima da marca de 1.500 óbitos. Segundo o Ministério da Saúde, na quarta-feira (3) foram 1.910 óbitos; quinta-feira (4), 1.699; sexta-feira (5), 1.800.
No Brasil, o presidente da República faz propaganda de remédios ineficazes no combate à Covid-19, como a cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e outros, no chamado ‘tratamento precoce’.
No auge do colapso da falta de oxigênio em Manaus, com hospitais abarrotados de pacientes com Covid-19, o Ministério da Saúde financiou uma força-tarefa de médicos para impor o uso de cloroquina aos médicos da rede hospitalar da capital. Um ofício do MS foi expedido forçando a prefeitura de Manaus a adotar o ‘tratamento precoce’. O que foi feito. Muitos pacientes usaram a cloroquina, inclusive em casa, mas não impediu a corrida por internação nos hospitais e a explosão de casos e mortes pelo vírus.
Além do mais, Bolsonaro e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) travam as vacinas. Só com a pressão da sociedade, governadores, prefeitos, parlamentares e Supremo Tribunal Federal (STF), o governo se mexeu para adquirir as vacinas, assim mesmo com uma lentidão criminosa. A vacina russa, a Sputnik V, que tem disponibilidade imediata de 10 milhões doses, tem sofrido vetos da Anvisa e até agora não foi sequer analisada. Ao contrário de outras que a agência autorizou com uma velocidade espantosa, mas vão demorar a chegar no país.
Até a sexta-feira, pouco mais de 3,75% (7.941.173) da população foi vacinada com a primeira dose.
Por fim, Bolsonaro sabota as medidas de prevenção contra a Covid-19, atacando governadores e prefeitos que adotaram restrições em suas localidades para evitar a propagação do vírus.
Só como exemplo do boicote, na sexta-feira (5), por determinação de Bolsonaro, a Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura publicou uma portaria que estipula que ‘só serão analisadas propostas culturais’ (pela Lei Rouanet) cujo local de execução não esteja entre as cidades e municípios com medidas de restrição de circulação de pessoas.
Na quinta-feira (4), em uma live, Bolsonaro atacou as medidas tomadas por governadores e prefeitos para prevenir contra o coronavírus e cobrou o retorno da população ao trabalho para se contaminar. Ele disse ainda que a população deve ‘enfrentar’ os problemas: ‘Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?’.
VARIANTES
A OMS demonstrou preocupação com as mutações e a variante brasileira do vírus. ‘Nós estamos preocupados sobre a P.1. Ela tem mutações específicas que dão ao vírus vantagens, particularmente na transmissão. Não há dúvida de que ela adicionou à complexidade da situação que o Brasil vive’, destacou o diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da organização, Mike Ryan.
A líder técnica de resposta à Covid-19, Maria Van Kerkhove, assinalou que, entre as três variantes que estão sendo rastreadas pela OMS, está a amazonense, que, como ressaltou, é associada ao aumento de transmissibilidade. ‘Se você tem aumento de transmissibilidade, você terá aumento de casos, aumento de pacientes que vão precisar de hospitalizações e aumento daqueles que desenvolvem casos graves. Isso pode ter impacto no sistema de saúde, o que pode ocasionar no aumento de mortes. Vimos isso em outros países’, afirmou.
FNP
Na última quarta-feira, o presidente da FNP, Jonas Donizette, afirmou que o anúncio do governo federal de que comprará as vacinas da Pfizer e da Janssen não conflita com a construção do consórcio de municípios.
‘Talvez a adesão maciça dos prefeitos tenha até ajudado o governo a tomar essa decisão. Jamais saberemos se o empurrão foi nosso, mas isso pouco importa’, escreveu o ex-prefeito de Campinas no Twitter. ‘O que nos interessa, mesmo, é que a vacinação dos brasileiros seja um fato, não uma promessa’.
Segundo Donizette, mesmo que o governo federal compre todas as vacinas, o consórcio liderado pela FNP continuará sendo necessário para adquirir medicamentos, insumos e equipamentos ‘com possibilidade de negociação de preços melhores, poupando recursos públicos’.
No ano de pandemia, os brasileiros no geral aumentaram o consumo de alimentos dentro de casa, mas os mais pobres conseguiram colocar uma quantidade maior de comida no prato.
Em 2020, o volume de itens consumidos dentro dos domicílios de todas as faixas de renda cresceu 4% em relação a 2019.
No entanto, entre as camadas de menor renda, as classes D e E, o avanço foi o dobro, de 8%, mostra pesquisa exclusiva da consultoria Kantar. O aumento do consumo de alimentos pelos mais pobres foi embalado pelo auxílio emergencial, que injetou cerca de R$ 300 bilhões na economia em 2020.
Cerca de 70% das classes D e E, com renda familiar de até R$ 2,6 mil, segundo o IBGE, receberam o benefício.
Isso provocou um salto na receita dessa faixa da população, que gasta quase 25% do que ganha com comida. Com mais dinheiro no bolso, os mais pobres incluíram itens que não faziam parte do cardápio.
Presunto e apresuntados passaram a ser consumidos por 8,5 milhões de famílias das classes D e E no ano passado; 6,2 milhões de domicílios experimentaram empanados, do tipo nuggets, de frango, carne bovina e vegetais; 4,5 milhões foram às compras de hambúrguer, linguiça, maionese; 5,1 milhões passaram a usar manteiga e requeijão; e 7,1 milhões, azeite, mesmo do tipo misto, por causa da disparada de preço do óleo de soja. O acesso a novas categorias de produtos por conta do auxílio emergencial lembra o movimento que ocorreu no início do Plano Real, em meados dos anos 1990.
Na época, a queda abrupta da inflação permitiu a compra de frango e iogurte pelos mais pobres.
Agora, porém, esse movimento de consumo é tido como transitório.
E um primeiro sinal disso já começou a aparecer nos supermercados paulistas, que tiveram queda real de vendas este ano (mais informações nesta página). “O brasileiro comeu melhor no ano passado, porque o auxílio emergencial criou um mundo fantasioso, um poder de compra temporário”, afirmou David Fiss, diretor de serviços ao cliente da Kantar e responsável pela pesquisa.
Semanalmente, a consultoria audita 11,3 mil domicílios para radiografar o consumo a partir do tíquete de compra. Preço da carne puxa inflação de consumidor de menor renda A conta da inflação dos alimentos é mais alta para os brasileiros de menor renda.
Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, a inflação do chamado prato feito dos mais pobres preparado em casa – e que leva arroz, feijão, batata, tomate, carne de segunda e óleo de soja – subiu quase 40%.
No mesmo período, entre fevereiro 2020 e fevereiro deste ano, o prato feito dos mais ricos, onde a única diferença é a substituição da carne de segunda pela de primeira (o filé mignon), teve alta de 31,6%.
O diferencial foi a inflação da carne.
O corte de segunda subiu 35% no período e o de primeira, 26,9%.O índice é elaborado pela consultoria GFK, que audita as vendas no varejo. “O pobre, que tem menos renda disponível para comprar comida, é o que mais sofre com os efeitos do aumento das commodities no mercado internacional”, afirma o diretor da consultoria e responsável pelo indicador, Fernando Baialuna.
Ele diz que ficou surpreso com a grande diferença de custo, praticamente, da mesma refeição e destaca que arrancada maior na inflação do prato feito ocorreu no ano passado. Baialuna ressalta, no entanto, que a enorme diferença entre o custo da alimentação das camadas de menor e maior renda é nítida quando se avalia um período mais longo.
Entre janeiro de 2019, quando o indicador começou a ser apurado e fevereiro deste ano, o custo do prato feito dos mais pobres subiu 70% e o dos mais ricos, 48%. O preço da carne bovina, que disparou por causa da forte demanda externa e da alta do dólar nos últimos meses, chegou no prato da diarista Roseli de Andrade Pereira, de 58 anos.
“Carne agora é, no máximo, duas vezes na semana e de segunda.” Também está optando pela linguiça e os ovos, no lugar da carne, para reduzir gastos. Roseli viu sua renda despencar por conta da pandemia e teve de recorrer ao auxílio emergencial para se manter.
Até dezembro, quando ainda recebia o benefício, conseguia fazer uma compra regular no supermercado.
Mas, nos dois primeiros meses deste ano, sem o auxílio e sem retomar a totalidade das faxinas que fazia, só está repondo o que falta na dispensa.
“A gente nem faz mais mercado como antes”, reclama. A economista Maria Andréia Parente Lameiras, técnica de planejamento e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), diz que a situação da população mais pobre piorou muito nos dois primeiros meses deste ano.
“Eles estão se deparando com o aumento da inflação e sem o auxílio emergencial.” No ano passado, quando a inflação de alimentos consumidos no domicílio acumulou alta de 18%, segundo o índice oficial de inflação, o IPCA, havia uma renda extra, o auxílio emergencial, que suportava esse aumento de preços. Na inflação oficial de janeiro, o último dado disponível, que foi de 0,25%, a alimentação respondeu por quase a totalidade do aumento, isto é, 0,22 ponto porcentual.
Maria Andréia diz que a expectativa é de que a inflação dos alimentos comece a perder alguma força a partir do final do primeiro trimestre.
Ainda que a situação da pandemia continue crítica no Brasil, em outros países a tendência é de volta à normalidade por causa do avanço da vacinação.
“Isso deve gerar uma pressão menor de preços de alimentos no mercado internacional, o que deve trazer um alívio para inflação no Brasil.” De toda forma, o fator mais sensível para a inflação de alimentos é o câmbio, lembra.
A cotação do dólar pode se estabilizar e até cair no momento em que a vacinação for acelerada no País, as reformas começarem a tramitar com mais velocidade e a confiança se recuperar. No entanto, mesmo que a inflação de alimentos tenha menor força, Baialuna pondera que o cenário do consumo de alimentos para os próximos meses deverá ser mais complexo com o valor menor do auxílio emergencial. O estudo da Kantar mostra que o auxílio turbinou o consumo de itens básicos – não sós alimentos – nas regiões mais pobres do País.
No Norte e Nordeste, o gasto médio das famílias que receberam o auxílio cresceu 9,1% ante 2019, enquanto aquelas que não receberam desembolsaram 2,1% a mais na mesma região. Também a cesta de produtos perecíveis, que inclui carnes, verduras e frutas, foi a mais beneficiada pelo aumento da renda em 2020.
O gasto médio de todos os brasileiros que receberam auxílio aumentou 16% com esses itens.
Já os que não receberam destinaram 13% a mais. Moradora da comunidade de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, Jaqueline Santos da Silva, de 25 anos e mãe de três filhos, com sete e três anos de idade e um bebê de cinco meses, contou que conseguia comer melhor na época que recebia o auxílio emergencial de R$ 600.
“Comprava bolacha que as crianças pediam, fruta, linguiça, frango, salsicha”, disse ela.
Agora, voltou para o Bolsa Família, cujo benefício não chega R$ 300, e busca doações de cesta básica, mas até as doações ficaram mais difíceis.
“Pego a marmita de doação no almoço e me viro na janta com o que tem.” Na semana passada, Jaqueline tinha dois quilos de arroz, uma garrafa de óleo fechada, sal e feijão.
“Acho que a semana que vem não tem mais nada.” Fome Ainda não há dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) disponíveis sobre como andou a fome no Brasil em 2020, disse na semana passada ao Estadão Alícia Bárcena, secretária executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), órgão das Nações Unidas.
Mas, considerando as informações sobre a redução da pobreza extrema, que é medida também pelo acesso a uma cesta básica de alimentos, Alícia calcula que 8,6 milhões de brasileiros deixaram a pobreza extrema no ano passado por causa do Bolsa Família, do Benefício de Prestação Continuada e do auxílio emergencial.
“O desafio é sustentar essas medidas para que, no futuro, essa contenção possa se manter”, afirmou. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza a volta do auxílio foi aprovada no Senado na última quinta-feira e agora segue para Câmara do Deputados – a previsão é que a votação aconteça entre terça e quarta-feira. O valor do benefício deve variar entre R$ 150 e R$ 375.
É uma cifra inferior aos R$ 600 pagos inicialmente em 2020.
O governo ainda pretende restringir o auxílio a uma pessoa por família, ao contrário da rodada de 2020. Corte de benefício já afeta vendas em supermercados A interrupção do pagamento do auxílio emergencial já bateu nas vendas dos supermercados neste início de ano.
Em janeiro, a receita dos supermercados no Estado de São Paulo, o maior mercado do País, caiu 0,2% em relação a janeiro de 2020, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas).
Para fevereiro, a perspectiva é de queda real de 1% em relação ao mesmo mês do ano passado, prevê o economista da Apas, Thiago Berka. A ausência do auxílio emergencial nos dois primeiros meses do ano, somada ao cenário de desemprego alto e à base mais forte de comparação do início de 2020, contribuíram para o recuo dos números.
Há redes que registram este mês queda superior a 5% no valor médio das compras ante o final de 2020. Outro sintoma do aperto é o aumento da procura por marcas mais baratas e também a redução das vendas de produtos de indulgência, como chocolates, bombons e salgadinhos.
“Esses itens, hoje, já não fazem o mesmo sucesso nas lojas que atendem às classes C, D e E”, diz Berka.