O número de roubos em farmácias no estado de São Paulo entre os meses de janeiro e fevereiro cresceu 111% em 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. As informações são do G1 e os dados são da Secretaria da Segurança Pública de SP.
Foram registrados 55 casos no intervalo, o equivalente a quase um por dia. A frequência das ocorrências vem em crescente desde a popularização de medicamentos de alto custo. Nesse mesmo período em 2022 aconteceram 9 casos, 22 em 2023 e 26 em 2024.
Nem todas os boletins de ocorrência registrados disponibilizam a lista de fármacos roubados, mas os remédios para TDAH como Venvanse e Ritalina e emagrecimento como Ozempic e Wegovy estão entre os mais visados.
“As farmácias hoje têm produtos que são bastante caros, que os criminosos conseguem auferir lucros grandes ao ter acesso. Existe uma demanda [no mercado clandestino] por esse tipo de produto, que tem valor elevado”, avalia Rafael Alcadipani, professor da Faculdade Getúlio Vargas (FGV) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Localização dos roubos em farmácias está mudando
O crescimento desse fenômeno ainda foi acompanhado por uma mudança em sua geografia. Inicialmente localizadas majoritariamente na capital, com 88% dos crimes em 2024, as ocorrências têm se deslocado para outras regiões.
Ao menos metade das ocorrências de 2025 foram registradas em cidades do interior ou da região metropolitana, com destaque para São Carlos, Santo André, Guarulhos e Barueri.
“Muitas [das farmácias] estão abertas 24 horas, não têm muita segurança da instituição, e há um problema de falta de efetivo de patrulhamento da Polícia Militar. A PM está com um déficit muito grande de policiais em São Paulo e isso acaba gerando uma facilidade para o crime”, justifica o professor ao ser questionado quanto ao motivo do foco nas varejistas farmacêuticas.
Em nota a SSP-SP afirmou que as polícias Civis e Militar buscam combater a problemática por meio de uma série de ações conjuntas. “As forças de segurança têm adotado estratégias rigorosas para enfrentar esse tipo de crime, com foco no combate a quadrilhas que visam medicamentos de alto valor de mercado. A Polícia Civil, por meio de investigações especializadas, e a Polícia Militar, com operações de patrulhamento, estão empenhadas em desarticular essas organizações criminosas”, diz o pronunciamento do órgão público.