Antialérgicos e até antibióticos estão em falta nas farmácias do ES


Falta nas farmácias do Espírito Santo diversos medicamentos. Justamente no momento em que há aumento de casos de doenças respiratórias, está difícil de encontrar a amoxicilina, por exemplo, que é muito utilizada para infecções de garganta. Não só essa medicação, mas outros antibióticos, antialérgicos e analgésicos estão em falta.
Desde janeiro isso tem acontecido. A explicação para a escassez passa por diversos acontecimentos no mundo. Desde a guerra na Ucrânia, o preço do barril do petróleo e até o último lockdown na China. Isso porque o Brasil produz apenas 5% do insumo farmacêutico ativo (IFA) dos medicamentos e depende da importação de outros países.
Esses eventos afetaram o fornecimento ao mercado brasileiro, explica o farmacêutico Silvio Louzada, membro da comissão de assuntos sanitários do Conselho Regional de Farmácia (CRF/ES).
Tem também um motivo local: mais pessoas procuram atendimento médico no inverno, quando cresce a incidência de síndromes gripais, diante do receio e o risco que a Covid-19 ainda causa. Consequentemente, a procura por medicamentos sobe. Diante da alta procura, remédios comuns acabam não estando mais disponíveis nas prateleiras.
Quando um paciente aparece com uma receita em que não tem o que ele precisa no estoque, há casos em que farmacêuticos perguntam em um grupo de WhatsApp, com outros colegas, se na farmácia onde eles trabalham têm o medicamento. Se sim, o cliente é orientado a ir até o outro estabelecimento. A reportagem de A Gazeta teve acesso a mensagens como essa.
O CRF/ES elencou 11 medicamentos que estão em falta ou perto disso.
A lista:
Amoxicilina + clavulanato (principalmente suspensão oral)
Azitromicina (suspensão oral)
Cefaclor (suspensão oral)
Claritromicina (suspensão oral)
Acetilcisteína (xarope infantil e adulto)
Clenil (ampolas para nebulização)
Noripurum (injetável)
Allegra D (infantil)
Trifamox (suspensão)
Maleato de dexclorfeniramina + betametasona
Desloratadina (xarope)
Soro fisiológico
Sobre os medicamentos que são de responsabilidade do Estado, a Secretaria da Saúde (Sesa) informou, por nota, que o maior problema se refere a processos de compras fracassados e desertos, por conta de problema de mercado. Acrescentou que medidas estão sendo adotadas nesse caso.
A Sesa destacou ainda que compras de medicamentos são programadas para que não haja desabastecimento. No entanto, esclarece que algumas faltas estão relacionadas a outros fatores externos, como atraso nas entregas ou medicamentos que são de responsabilidade do Ministério da Saúde. E relembrou que devido à pandemia, o mercado sofreu reflexos com a suspensão de fabricação ou falta de insumos.
QUAL A SOLUÇÃO?
O que fazer então se não tem o remédio? A infectologista pediatra Euzanete Coser relatou que ela e outros médicos estão preparando uma receita com mais indicações de antibióticos, caso o paciente não consiga encontrar o que é necessário para o específico tratamento.
‘Muitos pediatras estão prescrevendo vários antibióticos na mesma receita, porque não sabem qual que o paciente vai encontrar. Tá difícil de saber o que a cada dia vai ser encontrado e essa tem sido a solução. A demanda de pacientes doentes é grande e este problema gera insatisfação para os prescritores e pacientes’, comentou Euzanete.
No caso de analgésicos e antialérgicos, a médica diz que há medicamentos com o mesmo efeito e que têm outros nomes. ‘Existem opções alternativas com nomes comerciais diferentes. O problema é um pouco menor porque não precisa de receita controlada para comprar’, explica a médica.
COMO FUNCIONA NO ESTADO?
De acordo com a Sesa, o Espírito Santo consegue ter cobertura pelas Farmácias Cidadãs do Estado de 98% dos medicamentos disponíveis. O índice é um dos melhores do país.
Há hoje 14 Farmácias Cidadãs em território capixaba. No ano passado, ocorreram 1,2 milhões de atendimentos. A Sesa explica que a demanda por medicamento é livre, e para a abertura do processo de Solicitação de Medicamentos, o paciente, ou responsável legal, deve comparecer a unidade de referência do município onde mora.
É preciso levar alguns documentos:
cópia da carteira de identidade ou certidão de nascimento
cópia do CPF (obrigatório)
cópia do comprovante de residência atual
cópia do Cartão Nacional de Saúde – Cartão SUS (solicitar na rede municipal de saúde)
Procuração, para representantes de usuários. Levar documento de identificação com a mesma assinatura da procuração e cópia do documento de identidade do representante. Clique aqui para o Modelo de Procuração.
Receita Médica – em duas vias, contendo o nome genérico do medicamento, concentração, posologia, tempo de tratamento, quantitativo mensal, carimbo, assinatura e data
LME – Laudo para Solicitação/Autorização de Medicamentos do Componente Especializado. É obrigatório o preenchimento de todos os campos pelo médico. (Clique aqui para preenchimento eletrônico)
Termo de Esclarecimento e Responsabilidade datado, carimbado e assinado pelo médico e pelo paciente
Exames necessários para abertura de processos e continuidade de acordo com os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
Em caso de dúvidas o contato está disponível nos telefones 3636-8416/3636-8417/3636-8418, nos dias úteis, das 07h às 18h. O acompanhamento da disponibilidade dos medicamentos padronizados também pode ser feito no site da Farmácia Cidadã, onde a lista é atualizada duas vezes na semana.
Fonte: A Gazeta ES