Com custos crescentes, medicamentos hospitalares podem faltar
Com pressão sobre margens e descompasso financeiro, Abradimex alerta para possível desabastecimento
por César Ferro em
e atualizado em


As distribuidoras especializadas em medicamentos hospitalares vêm sofrendo com a pressão gerada pela alta no custo desses produtos. Quem afirma é a Abradimex, que encomendou à Deloitte um estudo sobre o tema.
Segundo a associação, nos últimos três anos, houve uma expressiva alta no volume de dívidas a receber, o que vem impactando os resultados de margem líquida das empresas do setor. “Esse último indicador despencou 48% no período. Nos últimos dois anos, o débito dos compradores junto aos fornecedores teve alta de 25% e 15%, respectivamente”, afirma o presidente executivo, Paulo Maia.
Com o fluxo de caixa sob crescente pressão, as distribuidoras enfrentam problemas com o descasamento entre os prazos de recebimento e pagamento. Segundo a entidade, os laboratórios estipulam, em média, 42 dias para a quitação da fatura. Já os hospitais liberam o pagamento após 75 dias, com a possibilidade de extensão do período.
“A diferença vem sendo custeada pelo nosso setor justamente para não privar os pacientes de medicação. Temos buscado entendimentos com a indústria farmacêutica para a concessão de prazos mais longos de pagamento, mas estamos diante de uma bomba-relógio”, alerta.
Distribuidoras são as que mais sofrem com alta nos medicamentos hospitalares
Se cabe às distribuidoras arcar com essa diferença, essas empresas são o elo mais sensível dessa cadeia também. Além de ter um EBITDA médio abaixo das farmacêuticas e dos hospitais, as taxas de crescimento para cada setor também são distintas: respectivamente 5,5%, 23,1% e 11,8% nos últimos três anos.
Além disso, com a proximidade da reforma tributária, o setor precisará fazer uma série de readequações. “Temos que realizar um profundo estudo de viabilidade de atuação por região, projetando os impactos da redução de incentivos fiscais para o setor e a rentabilidade com as possíveis novas alíquotas”, afirma Maia.
As distribuidoras avaliam que as políticas a serem adotadas por cada estado têm potencial direto na redução das margens líquidas do setor. “Isso pode incentivar, mas também desestimular a operação em estados e regiões de atuação estratégica para a sociedade. O risco de desabastecimento pode se tornar iminente”, finaliza”.
Empresas também sofrem com o roubo de cargas
Outros estudos encomendados pela Abradimex também escancaram outro grande desafio para as distribuidoras: o roubo de cargas. Esse crime impactou, só no ano passado, mercadorias avaliadas em R$ 283 milhões.