Balança comercial da indústria farmacêutica fecha em déficit
Importações somaram R$ 66 bilhões, contra R$ 5 bilhões das exportações


Em 2024, a balança comercial da indústria farmacêutica fechou no vermelho. No ano passado, foi registrado um déficit de US$ 11,04 bilhões (cerca de R$ 60,8 bilhões), considerando o volume de negócios envolvendo medicamentos.
Com base em indicadores da Comex Stat, plataforma vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Grupo FarmaBrasil organizou os dados. Segundo o levantamento, o país vendeu ao Exterior o montante equivalente a US$ 980 milhões (R$ 5,4 bilhões), contra US$ 12,02 bilhões (R$ 66,2 bilhões) comprados em produtos estrangeiros.
Balança comercial da indústria farmacêutica
(dados de 2024 em bilhões de US$)

Balança comercial viu importações crescerem dois dígitos
No ano passado, um dos principais fatores para o déficit foi o caminho oposto seguido pelas importações e exportações. Enquanto as compras subiram 12% em comparação com 2023, as vendas retraíram 1%.
Importações e exportações de medicamentos
(2024 x 2023 em bilhões de US$)

Quem vende o que?
Observando as importações de medicamentos, entre 2000 e 2024, US$ 139,2 bilhões (R$ 767,5 bilhões) foram movimentados. Desse montante, 43% (cerca de R$ 330 bilhões) ficam concentrados em apenas três países – Estados Unidos, Alemanha e Suíça.
Origem da importação de medicamentos do Brasil
(em bilhões de US$ e % entre 2000 e 2024)

Mais da metade (52%) do total de medicamentos comprados pelo Brasil nos 24 anos de estudo são produtos embalados ou prontos para a venda. Outros grandes protagonistas das compras internacionais são os biológicos, vacinas, hemoderivados e biotecnológicos, que respondem por 45% dessas transações.
“A Indústria farmacêutica nacional está se caracterizando como uma espécie de “nova Embraer”, reconhecida pela sua qualidade mundial. O medicamento brasileiro não deve nada para os melhores do mundo”, ressalta Reginaldo Arcuri, presidente-executivo do Grupo FarmaBrasil.
Entretanto, ele complementa que o país apresenta uma dependência de importação de IFAs sintéticos e está entrando nos biotecnológicos a partir da engenharia química. Nossas empresas estão em outros países da América Latina, Europa, nos EUA e no Canadá, com centros de pesquisa, fábricas ou centros de distribuição. Elas se articulam com multinacionais, seja em programas de pesquisa ou com acordos e parcerias”, acrescenta.