Perda de patentes na indústria farmacêutica já gera temor
Novo ciclo que se aproxima faz o setor se preparar para a perda de receita de blockbusters de sucesso
por Ana Claudia Nagao em
e atualizado em


A perda de patentes na indústria farmacêutica global já faz o setor se preparar para uma das maiores quedas de receita em mais de uma década, com o fim da de vários blockbusters até 2030. Segundo a empresa de dados e análises GlobalData, à medida que biossimilares e genéricos chegam ao mercado, as pressões de preços se intensificarão.
Esse movimento vem desafiando os laboratórios a repensarem suas estratégias de lucro e investimentos em pipeline para preservar o crescimento de longo prazo.
Desde 2010, grandes blockbusters como o Flomax, da Boehringer Ingelheim (para o tratamento de hiperplasia prostática benigna); o medicamento para colesterol Lipitor (atorvastatina), da Pfizer; e o Cozaar (losartana) e o Hyzaar (losartana com hidroclorotiazida), fármacos da MSD contra a pressão alta, perderam a exclusividade. Como resultado, o mercado norte-americano deverá perder mais de US$ 230 bilhões (R$ 1,25 trilhão) em cinco anos.
Queda de patentes na indústria farmacêutica atinge em cheio a oncologia
A oncologia tende a ser a principal área terapêutica afetada pela queda das patentes na indústria farmacêutica. Exemplos são o Keytruda, da MSD;, e o Darzalex Faspro, da Johnson & Johnson, que perderão a exclusividade nos Estados Unidos até 2029.
Os dois fármacos figuraram entre os mais comercializados no ano passado. O Keytruda movimentou mais de US$ 29 bilhões (R$ 157,9 bilhões). Embora a previsão seja de que ambos permaneçam entre os dez remédios líderes de vendas em 2030, espera-se uma queda brusca no faturamento.
Estratégias de compensação
Nem tudo, porém, são espinhos. “Mais da metade das 15 maiores farmacêuticas devem enfrentar desafios para gerenciar o impacto do iminente abismo de patentes. No entanto, algumas têm medicamentos em desenvolvimento para compensar parte dessas perdas”, pondera George El-Helou, analista de Inteligência Estratégica da GlobalData.
“Para navegar com eficácia em um abismo de patentes, as empresas devem implementar uma série de ações para compensar perdas e fortalecer sua posição de longo prazo. Isso pode incluir a aquisição de empresas de biotecnologia em estágio inicial, desenvolvendo terapias promissoras com foco em doenças não atendidas”, ressalta El-Helou.
“Isso abre uma oportunidade significativa para empresas de biotecnologia fazerem parcerias com a indústria farmacêutica em terapias de última geração”, acredita Hannah Hans, chefe de Inteligência Estratégica Farmacêutica da GlobalData.