Saúde pede que Anvisa dê preferência para análogos de GLP-1
Após solicitação da pasta, canetas usadas para o diabetes e emagrecimento poderão “furar fila” de análise
por César Ferro em
e atualizado em


Para ampliar o acesso aos medicamentos análogos de GLP-1 e acelerar a comercialização de novas opções na categoria, o governo federal tem buscado soluções. A mais recente foi solicitar preferência à Anvisa. As informações são da Folha de S. Paulo.
Após pedido do Ministério da Saúde, a Anvisa anunciou que as canetas usadas no tratamento do diabetes e no emagrecimento “furarão a fila” de análise da agência. O movimento divide a indústria farmacêutica.
Isso porque, de um lado, a medida acelerará a entrada de novos players no mercado. Mas, de outro, pode atrasar a chegada de drogas para outros fins que se encontram travadas na autarquia.
“Por que priorizar um produto para emagrecimento em detrimento de medicamentos indispensáveis para salvar vidas ou aliviar o sofrimento de pacientes e de suas famílias?”, questiona o presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini. A Interfarma, por sua vez, alerta que não há nas regras da Anvisa hipótese que justifique a prioridade.
No outro extremo, a PróGenéricos defende que a busca por produtos manipulados, o que não é autorizado para esses produtos, torna “particularmente urgente” a medida.
Prioridade para análogos de GLP-1 visa a “ampliar a soberania”
Por meio de nota, a Saúde afirmou que o movimento de priorizar os medicamentos agonistas de GLP-1 tem como objetivo “ampliar a soberania e autonomia do Brasil”. Outro ponto destacado pelo ministério foi que, com a eventual redução do preço, o fornecimento será facilitado.
“Com a entrada de novos medicamentos genéricos no mercado e aumento da concorrência, os preços devem cair de forma significativa, favorecendo uma possível incorporação desses princípios ativos no SUS”, afirma a pasta.
Risco de desabastecimento divide opiniões
Um argumento levantado pela Anvisa para justificar a prioridade na análise foi o risco de desabastecimento. A Novo Nordisk, que é um dos principais players nesse setor, contesta.
BNDES financiou canetas injetáveis nacionais
Em agosto, chegaram às farmácias brasileiras as primeiras unidades das canetas injetáveis da EMS. Os medicamentos, que são análogos de GLP-1, contaram com R$ 48 milhões em aporte do BNDES.
O banco nacional foi responsável por mais da metade dos R$ 70 milhões investidos na planta industrial utilizada na fabricação do Lirux e Olire. Ambos os remédios têm como princípio ativo a liraglutida.
A unidade, localizada em Hortolândia (SP), foi inaugurada em 2024. Com capacidade para produzir até 20 milhões de canetas por ano, a fábrica tem 2,5 mil m² de área construída.