Inteligência operacional transforma dados em decisões
Com automação e análise inteligente, empresas ganham agilidade, cortam desperdícios e aproveitam indicadores como vantagem competitiva
por Ana Claudia Nagao em


Com a crescente demanda por velocidade na gestão e uso intensivo de tecnologia, a inteligência operacional apresenta-se como um divisor de águas. Muito além de relatórios e planilhas, esse conceito preconiza a transformação de dados em ações estratégicas, promovendo ganhos produtivos, redução de custos e aumento da rentabilidade.
Filipe Costa, product owner da plataforma Cosmos Pro, da Procfit, explica que o termo consiste, em essência, “na utilização das informações que a empresa já detém para tomar decisões mais assertivas, rápidas e baseadas em evidências”.
Segundo ele, ainda há muitas empresas operando no “feeling”, ou seja, tomando decisões com base em intuições ou práticas antigas, sem considerar o volume de dados disponíveis internamente e no mercado. “Quando a empresa passa a olhar esse tema com atenção, consegue se espelhar na concorrência e enxergar claramente onde está falhando e como pode aprimorar suas operações”, avalia Costa.
Inteligência operacional como alavanca de produtividade
Um dos pilares da inteligência operacional é a automação de processos, que elimina tarefas repetitivas e libera o time para focar em ações estratégicas. O especialista cita o exemplo de uma empresa que consumia quatro horas diárias com um colaborador montando relatórios manualmente. “Esse período foi reduzido a zero, o que representa economia direta de tempo e dinheiro”, destaca.
Em alguns casos, as automações são programadas para funcionar de forma totalmente autônoma, gerando relatórios durante a madrugada e enviando alertas automáticos por e-mail ou WhatsApp. “Quando o gestor chega à farmácia pela manhã, já tem o dado em mãos, pronto para ser analisado”, explica Costa.
Estoque inteligente: menos perdas, mais lucro
Um caso marcante envolve uma rede do varejo farmacêutico que sofria com rupturas de estoque e elevado volume de produtos parados, dois dos maiores vilões do varejo. Com um painel de controle, o cliente passou a acompanhar diariamente quais produtos estavam em falta, especialmente os de alta rentabilidade, e quais estavam em excesso.
“O resultado gerou uma redução de mais de 10% nas rupturas. “Estamos falando de produtos da curva A, extremamente importantes para o faturamento”, ressalta.
Decisões em tempo real
Outro exemplo de sucesso vem de uma varejista que configurou alertas automáticos para comparar o desempenho de vendas do dia com o mesmo dia da semana anterior. Caso a performance estivesse abaixo do esperado, o sistema enviava notificações em tempo real para os gestores tomarem ações corretivas rapidamente, ainda durante o expediente. “Isso evita que o mês feche no vermelho por falta de reação rápida”, reforça.
Um passo de cada vez
Apesar dos ganhos evidentes, Costa pondera que implementar inteligência operacional não é mágica. “Primeiramente é necessário mapear os processos da empresa por departamento, ouvindo os colaboradores e identificando gargalos. A partir daí, deve-se definir prioridades e trabalhá-las de forma estruturada. Tentar resolver tudo de uma só vez gera frustração”, aconselha.
A recomendação é começar pelas áreas com maior impacto no resultado, como estoque, compras, precificação e prevenção de perdas. Mas setores administrativos como o de RH também colhem frutos. “A falta de acesso rápido à informação pode gerar retrabalho, processos trabalhistas e até a evasão de talentos. Automatizar e estruturar essas informações protege a empresa”, afirma.
Crescimento orientado por dados
A inteligência operacional também pode nortear estratégias de expansão. Costa cita clientes que, ao cruzarem seus dados com dados de mercado, identificaram regiões promissoras onde ainda não atuavam. “Essas análises ajudam a entender onde vale a pena abrir novas unidades, investir mais ou mudar de posicionamento”, acrescenta.
Hoje, não investir em inteligência operacional é um risco real. “Quem ainda depende de planilhas manuais, papéis e anotações vai ficar para trás. O mercado muda o tempo todo. Quem não acompanha acaba perdendo espaço e depois precisa correr o dobro para recuperar”, finaliza Costa.