Pfizer anuncia compra da Metsera por US$ 7,3 bilhões
Aquisição visa acelerar entrada da farmacêutica na disputa por medicamentos de nova geração para perda de peso
por César Ferro em
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A Pfizer anunciou, na última segunda-feira (22), a aquisição da Metsera, empresa especializada no desenvolvimento de medicamentos para obesidade. O acordo, avaliado em US$ 7,3 bilhões (cerca de R$ 38,7 bilhões), representa uma aposta estratégica da farmacêutica em um dos mercados mais promissores da atualidade. As informações são da agência Reuters.
O portfólio da Metsera inclui medicamentos experimentais, como o MET-097i, um injetável baseado em GLP-1 em fase inicial de testes, e o MET-233i, uma molécula que imita a amilina, hormônio produzido pelo pâncreas, e é indicada como monoterapia de aplicação mensal. De acordo com a Pfizer, este último tem potencial para se tornar “o melhor da categoria”.
O acordo prevê o pagamento de US$ 47,50 (R$ 252,02) por ação da Metsera, um prêmio de aproximadamente 43% em relação ao valor de fechamento da empresa na última sexta-feira (19). A transação ainda pode render outros US$ 22,50 (R$ 119,37) por ação à Metsera, caso algumas metas específicas sejam atingidas. A conclusão do negócio está prevista para o quarto trimestre de 2025.
Compra da Metsera pode levar a US$ 5 bilhões em vendas
Para o analista David Risinger, do banco Leerink Partners, a linha em desenvolvimento pela Metsera tem potencial para gerar mais de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 26,5 bilhões) em vendas. O principal diferencial seria a conveniência da aplicação mensal dos medicamentos, em comparação às alternativas de uso diário ou mais frequente.
“Uma dosagem mensal bem tolerada pode oferecer benefícios significativos, não apenas para a manutenção do tratamento, mas também para a conveniência e adesão do paciente”, comenta Chris Boshoff, diretor científico da Pfizer.
Compra resolve gargalo da Pfizer
A entrada da Pfizer no mercado de medicamentos para obesidade não é inédita. A empresa já havia desenvolvido o danuglipron, um comprimido para perda de peso, mas interrompeu os testes da versão de uso diário em abril, após relatos de possível lesão hepática em um paciente.
Antes disso, em 2023, a companhia já havia encerrado os estudos com a formulação de duas doses diárias devido à ocorrência de efeitos adversos significativos. Com a compra da Metsera, a Pfizer busca superar esses obstáculos e retomar sua posição na corrida pela próxima geração de tratamentos para obesidade.
Mercado de medicamentos para obesidade pode chegar a US$ 150 bilhões em 2030
Impulsionado pelos blockbusters da Eli Lilly e Novo Nordisk, o mercado global de tratamentos para obesidade deve atingir US$ 150 bilhões (cerca de R$ 795,8 bilhões) até o início da próxima década. Com cifras tão expressivas, grandes farmacêuticas disputam espaço em busca de soluções mais eficazes e com menor frequência de administração.
GLP-1 já representa 15% dos gastos com saúde corporativa
Mesmo antes de atingir seu pico, os medicamentos baseados em GLP-1 já apresentam forte impacto nos sistemas de saúde. Segundo dados da Funcional Health Tech, esse tipo de fármaco representa até 15% dos gastos em saúde corporativa no Brasil, quase o dobro do custo de medicamentos crônicos tradicionais. Além disso, os produtos correspondem a 9% de todas as dispensações registradas em 2024, refletindo tanto sua popularização quanto o uso frequente fora das indicações originais (off-label).