Burocracia e lentidão atrasam expansão da AstraZeneca no Brasil
Investimentos e desafios regulatórios moldam o crescimento da farmacêutica no país
por Gabriel Noronha em


O processo de expansão da AstraZeneca no Brasil está enfrentando um grande empecilho: a ineficiência do governo no processo de aprovação de medicamentos. As informações são do portal NeoFeed.
Popularizada no país durante a pandemia, com a distribuição de vacinas produzidas em parceria com a Universidade de Oxford, a farmacêutica anglo-sueca está investindo no lançamento de medicamentos inovadores.
O projeto é tratado como um paradoxo pela empresa, que comemora seu crescimento no mercado por meio do programa Farmácia Popular, ao mesmo tempo em que lamenta a demora do governo na atualização dos Protocolos Clínicos de Diretrizes Terapêuticas (PCDTs).
Atualmente, segundo a Interfarma, há pelo menos 67 medicamentos inovadores no Brasil, de várias companhias, que já foram aprovados pela Conitec, mas ainda não tiveram seus protocolos de tratamento liberados, o que, na prática, impede suas comercializações.
“A Conitec tem olhado só pelo tema do impacto orçamentário e há outros fatores que precisam ser observados. Há muitos medicamentos sendo negados e com compras postergadas pelo governo. Isso é um problema”, afirma Olavo Corrêa, presidente da farmacêutica no Brasil.
Buscando auxiliar o poder público com esses processos, a farmacêutica, em parceria com a FGV, realizou um estudo em 2023 para entender quais seriam as principais recomendações para um sistema público mais saudável.
“Fizemos 30 recomendações naquela época, e, neste ano, evoluímos com esse tema, falando de saúde pulmonar. Mostramos que, com investimentos na prevenção, é possível diminuir esse custo. Essa discussão já existe, mas ainda há um caminho longo”, complementa o executivo.
Expansão da AstraZeneca no Brasil tem investimento de R$ 300 mi
Uma projeção da farmacêutica estima o lançamento de 20 medicamentos globalmente até 2030. Para isso, a AstraZeneca investe cada vez mais em pesquisas clínicas, mercado em que o Brasil se destaca, recebendo um aporte de R$ 300 milhões.
“Com uma das populações mais diversas no mundo, o Brasil é um país importante para pesquisas. São pelo menos 100 ensaios clínicos, com diversos parceiros, que integram a companhia global”, afirma Corrêa.
Farmácia Popular tem impulsionado receitas da farmacêutica
Um dos grandes alicerces do bom desempenho da AstraZeneca no Brasil tem sido a inclusão de seus fármacos na lista de medicamentos do Farmácia Popular. Em fevereiro deste ano, o Forxiga, indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, passou a ser subsidiado pelo governo.
Seu preço máximo nas redes de farmácias, segundo dados da Cmed, é de R$ 252,36, mas o governo federal paga cerca de R$ 119 por caixa à AstraZeneca.
“Essa inclusão foi bem importante para a empresa. A população, de uma forma geral, precisa muito desse apoio. Quanto mais a gente tiver um modelo sustentado pelo governo, com medicamento de graça, melhor para a sociedade”, argumenta o CEO.
A inclusão do fármaco na lista fez com que a empresa impulsionasse sua produção local, destinando 1,1 milhão das 1,5 milhão de caixas fabricadas ao programa, enquanto as outras 400 mil são enviadas às drogarias privadas.