Hubs de saúde em um varejo farmacêutico além do balcão
por Jauri Siqueira em
e atualizado em
Pela primeira vez o varejo farmacêutico ultrapassou a marca de R$ 200 bilhões de faturamento no ano passado. E a adoção dos hubs de saúde ajuda a explicar o desempenho positivo, que definitivamente não se concentra mais na simples venda de medicamentos.
Farmácias de todos os portes estão se reinventando com serviços, tecnologia e foco em experiência do cliente, posicionando o setor como um dos mais dinâmicos na nova economia da saúde. Já não há dúvidas. O setor está em mudança e continuará em evolução. Resta saber quem está pronto para acompanhar as atualizações, num cenário em que digitalização e diferenciação no ponto de venda deixaram de ser tendências para se tornarem pré-requisitos.
Hubs de saúde acompanham novo perfil do consumidor
Nos últimos anos, o varejo farmacêutico ganhou status de ponto de cuidado. A oferta de hubs de saúde com serviços como vacinação, exames rápidos e acompanhamento farmacoterapêutico faz parte da rotina de muitas redes, representando uma nova fonte de receita e fidelização.
Essa mudança tem relação direta com o comportamento do consumidor. Em vez de buscar diferentes locais para resolver demandas relacionadas à assistência clínica, ele prefere resolver tudo em um só lugar e espera isso da farmácia do bairro.
Vale lembrar que as farmácias vêm assumindo um papel ativo na gestão da saúde da população. Com profissionais capacitados, infraestrutura adequada e integração com plataformas digitais, elas passaram a atuar como centros de bem-estar.
Barreiras enfrentadas por farmácias na hora de inovar
Mesmo com tantas oportunidades no horizonte, muitas farmácias ainda encontram obstáculos para sair do modelo tradicional e inovar com consistência. Veja os principais desafios:
- Resistência à mudança: alguns gestores ainda enxergam a farmácia apenas como ponto de venda. Essa visão limita o potencial de crescimento e atrasa decisões importantes
- Limitações tecnológicas: a ausência de automação, a baixa integração entre sistemas e a falta de dashboards atualizados tornam a gestão mais reativa, dificultando a análise de dados e o planejamento
- Falta de capacitação: sem um treinamento de funcionários adequado, a equipe tem dificuldade para adotar novas ferramentas e disponibilizar serviços com excelência
- Insegurança regulatória: muitos empreendedores não sabem exatamente o que é permitido oferecer como serviço clínico ou como ajustar processos para cumprir exigências legais, o que gera medo e paralisa iniciativas
Caminhos para crescer com relevância no setor
Crescer exige mais do que bons produtos e impõe pelo menos cinco caminhos iniciais:
1. Reposicione o foco no relacionamento com o cliente
Mais do que vender, é preciso criar vínculo. Farmácias que colocam o cliente no centro, com atendimento consultivo, canais abertos e escuta ativa, constroem recorrência e preferência de marca
2. Invista em tecnologia integrada
Soluções que conectam estoque, CRM, vendas e serviços em um único ambiente deixam a operação mais ágil e inteligente. Com dados bem estruturados, a tomada de decisão torna-se mais estratégica e menos reativa
3. Ofereça soluções além da prateleira
A incorporação de serviços farmacêuticos, como exames rápidos, acompanhamento de tratamentos e aferição de sinais vitais, melhora a experiência do cliente e posiciona a farmácia como parte da jornada de saúde
4. Use dados para ajustar sua oferta
Plataformas de pesquisa, NPS e análise de comportamento ajudam a entender o que está funcionando e o que precisa mudar. Farmácias que monitoram seus indicadores conseguem se manter relevantes mesmo diante de mudanças
5. Forme parcerias estratégicas
Conectar-se com redes de clínicas, laboratórios e healthtechs permite ampliar o portfólio de serviços sem precisar desenvolver tudo internamente, o que gera valor agregado e fortalece a imagem da farmácia como ponto de cuidado