Investigação aponta uso de ‘laranjas’ na Ultrafarma
Ministério Público apura se a rede criou estrutura junto às lojas 
licenciadas para desvincular Sidney Oliveira da Operação Ícaro
 por Ana Claudia Nagao em
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As investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) envolvendo o empresário Sidney Oliveira, fundador da rede Ultrafarma, avançaram nas últimas semanas. A promotoria concentra a atenção em movimentações financeiras de lojas licenciadas que utilizam a marca da empresa. As informações são do Valor Econômico.
Nos últimos dois meses, Oliveira ingressou com uma série de ações judiciais contra unidades da Ultrafarma Popular, alegando inadimplência nos pagamentos de produtos e royalties. Segundo a reportagem, uma investigação em andamento apura se existiriam farmácias licenciadas pela rede que operariam por meio de “laranjas”.
[]grifarEntre os processos movidos pela empresa está uma ação contra três lojas da Ultrafarma Popular, administradas por Julio Salvador Filho. Ele foi denunciado em 2023 na Operação Copa Livre, no Rio Grande do Sul, por suspeita de desvio de recursos públicos.[/grifar]
Essas unidades, originalmente chamadas Ultramais Drogarias, adotaram a bandeira Ultrafarma Popular há cerca de três anos, após negociação de licenciamento.
Quadro societário de licenciada da Ultrafarma chamou atenção do MPSP
Um dos pontos que despertou a atenção do MPSP é o quadro societário das lojas investigadas. Em uma delas, Salvador aparece como sócio de Karla Korek Farias, esposa de Paulo Korek Farias, também denunciado na Operação Copa Livre. As empresas, com capital social de apenas R$ 1 mil, funcionam em imóveis de pequeno porte, localizados na zona leste de São Paulo e em cidades do interior.
Nos últimos dois meses, a Ultrafarma ajuizou ações de cobrança que variam de R$ 15 mil a R$ 93 mil, além de débitos antigos desde 2021, inclusive de lojas já encerradas. As causas envolvem atrasos em pagamentos de mercadorias e royalties de uso da marca.
Em agosto, o escritório de Oliveira protocolou oito ações em quatro dias, logo após a Justiça determinar a libertação do empresário, que havia ficado preso por cinco dias no curso das investigações. Entre os casos recentes, destaca-se o da Drogaria WM Oliveira, cujo processo foi extinto em 31 de outubro de 2024 após “liquidação voluntária”. A Ultrafarma ainda cobra R$ 30 mil da unidade e R$ 629 mil do empresário controlador da rede.
Rede é alvo da Operação Ícaro
Deflagrada em agosto, a Operação Ícaro apura um suposto esquema bilionário de propinas envolvendo a chefia de fiscalização da Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP). O Ministério Público avançou nas tratativas de delação premiada com Artur da Silva Neto, ex-chefe de fiscalização da Sefaz-SP e apontado como peça central no caso.
Conforme as investigações, propinas teriam sido pagas por redes varejistas, entre elas Ultrafarma e Fast Shop, por meio de empresas de fachada, em troca da liberação acelerada de créditos de ICMS. O valor movimentado pode ultrapassar R$ 1 bilhão.
A Ultrafarma criou o modelo de lojas licenciadas em 2018, com o objetivo de expandir a marca sem grandes investimentos próprios, fornecendo produtos diretamente às unidades parceiras. O projeto, que previa mil unidades até 2020 e crescimento de 400% nas vendas, foi suspenso em 2022, após resultados abaixo do esperado.
 
    									    								 
    									    								 
    									    								