Como será o mercado de cannabis medicinal em 2030?
Especialista levanta previsões para o setor na próxima década
por César Ferro em
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Faltam cinco anos para o início de uma nova década e, nesse cenário, o mercado passa a olhar para o futuro da cannabis medicinal a partir de 2030. Em palestra no 2º CICS da UniFSA em Teresina (PI), Marcelo Polacow, presidente do CRF-SP, abordou o tema.
Na ocasião, o farmacêutico – que é mestre e doutor em farmacologia e terapêutica – apresentou as principais perspectivas para os próximos dez anos, que passam por quatro pilares.- Maior clareza regulatória
- Expansão de ensaios clínicos de Fase III
- Canabinoides específicos para alvos terapêuticos
- Integração na medicina convencional
As principais perspectivas para o mercado de cannabis medicinal
Maior clareza regulatória
Polacow prevê que haverá uma harmonização internacional no que diz respeito ao desenvolvimento de diretrizes globais para o cultivo, processamento, controle de qualidade e comercialização da cannabis medicinal. Outro ponto destacado é a reclassificação da planta, com uma possível remoção completa de restrições e seu reconhecimento pleno de valor medicinal pela ONU.
São esperados novos marcos regulatórios nacionais, reduzindo incertezas e favorecendo investimentos. “A cannabis medicinal pode ser regulada como medicamento em mais de 80 países, tornando o comércio internacional mais fácil e padronizado”, analisa.
Expansão de ensaios clínicos na fase III
Com a maior clareza regulatória, os estudos clínicos tendem a se tornar mais comuns e robustos. Polacow espera um crescimento exponencial nos ensaios clínicos de fase III, etapa caracterizada por um maior rigor metodológico e que conta com amostras mais amplas.
Com base nesses estudos, as indicações tendem a aumentar, levando a aprovação para outras áreas terapêuticas além de dores e da epilepsia. Em linha com a harmonização internacional, o especialista aponta também a realização de ensaios multicêntricos, com a participação de múltiplos países e instituições de pesquisa.
“De 2030 em diante, esperamos mais de 500 ensaios clínicos de fase III em andamento no país, o que levará à aprovação de cinco a dez novos produtos à base de canabinoides”, declara.
Canabinoides específicos para alvos terapêuticos
Polacow projeta que o horizonte da cannabis medicinal será expandido com o desenvolvimento de produtos a partir de canabigerol (CBG), canabinol (CBN) e tetrahidrocanabivarina (THCV), além de outros princípios ativos com propriedades farmacológicas específicas e seletivas.
Integração na medicina convencional
Com a consolidação do setor, o presidente do CRF-SP espera que a cannabis medicinal passe a integrar as diretrizes clínicas de associações médicas globais. “O próximo passo seria a integração da planta nos currículos de faculdades de medicina e até mesmo a criação de especialização profissional na área”, finaliza.