Farmácia Popular impulsiona vendas e atrai até redes premium
O programa Farmácia Popular vive sua fase mais robusta desde sua criação, em 2004. Com aumento do orçamento, ampliação do acesso, mais drogarias credenciadas e maior peso nas vendas do varejo, a iniciativa se consolida como um dos principais motores do setor. Segundo estudo da Close-Up International, o orçamento federal destinado ao programa subiu de R$ 2,5 bilhões em 2022 para R$ 4,2 bilhões em 2025, um crescimento acumulado de 18,9%.
Orçamento do Governo para o Programa Farmácia Popular
(em bilhões de R$)

De acordo com Guilherme Mesquita, CEO da Regulariza Farma e especialista do Panorama Farmacêutico, uma verba de R$ 5 bilhões já está pré-aprovada para 2026, o que reforça a tendência de expansão contínua.
“O número de atendimentos cresceu 30% entre 2023 e 2024. E a projeção é de mais 40% de aumento em 2025, impulsionada principalmente pela inclusão das fraldas geriátricas e da dapagliflozina, usada no tratamento de diabetes e insuficiência cardíaca”, destaca. Para ele, o movimento altera o comportamento do consumidor e consolida o programa como peça essencial da saúde pública.
Farmácia Popular cresce e ganha força entre as redes premium
Nos últimos 12 meses referentes a agosto de 2025, as vendas vinculadas ao Farmácia Popular somaram R$ 12,92 bilhões, alta de 31,8% frente ao período anterior, quando totalizaram R$ 9,80 bilhões. Em volume, foram comercializadas 840 milhões de unidades, crescimento de 9% em relação aos últimos 12 meses até agosto de 2024, que registrou 770 milhões de unidades.
A análise por tipo de loja mostra ampla participação dos formatos de maior fluxo popular. As drogarias de apelo super popular responderam por 26,9% das vendas em unidades e 14,5% em valores. Em seguida aparecem as populares (22% / 12,5%) e as padrão (18,4% / 11,1%). Para Mesquita, a distribuição indica amadurecimento do varejo na adesão ao programa e maior percepção de valor por parte das redes.
O dado mais emblemático surge entre as categorias premium (14,1% / 8,7%) e super premium (8,6% / 4,8%). Essas redes, tradicionalmente voltadas ao público de maior renda e historicamente distantes de iniciativas governamentais, agora ampliam sua participação.
Penetração do Farmácia Popular na venda totas por posicionamento de loja
Posicionamento de PDVs
Penetração do farmácia popular na venda total por posicionamento de loja
Apenas PDVs com licença de Farmácia popular

“É um indicativo claro do momento econômico do país. Consumidores das classes A, B, C e D querem economizar. Se o produto é gratuito e há prescrição, é natural que optem pelo programa e a farmácia não pode ignorar esse comportamento”, explica Mesquita.
Segundo ele, mesmo clientes de maior poder aquisitivo têm buscado medicamentos gratuitos para redirecionar a economia a outros itens, como dermocosméticos e suplementos. A dapagliflozina, por exemplo, cujo medicamento de referência pode custar até R$ 140 no varejo, é citada como um dos itens que mais impactam a decisão de compra. Já no caso das fraldas geriátricas, a economia mensal pode ultrapassar R$ 270 para muitas famílias.
Credenciamento cresce e redes pressionam por abertura nacional
Atualmente, 29.109 drogarias estão ativas no Farmácia Popular. Embora o número oscile, permanece em nível elevado. Mesquita destaca a mobilização das grandes redes da Abrafarma, muitas delas classificadas como super premium, para que o governo reabra o credenciamento nacional.
“São redes que pressionam por uma nova janela, ainda que curta. Há muitas lojas aptas e interessadas em participar, reflexo direto do aumento da relevância do Farmácia Popular no faturamento das unidades”, afirma.
Impacto no negócio
O impacto do programa no varejo vai além do reembolso governamental. “Se a farmácia dispensa R$ 100 mil pelo Programa, tende a vender mais R$ 50 mil ou R$ 60 mil em produtos complementares. O Farmácia Popular pode representar até 30% do faturamento de uma loja”, explica Mesquita.
Para o executivo, não há mais espaço para que redes ignorem essa demanda, já que os números mostram uma mudança estrutural no varejo farmacêutico brasileiro. A adesão tornou-se estratégica para atrair clientes, elevar o tíquete médio e fidelizar diferentes perfis de consumidores.
“Hoje o programa atende todos os públicos. Basta ter prescrição e documento. O consumidor premium valoriza conveniência, estacionamento e variedade, mas também quer economizar. O Farmácia Popular deixou de ser nicho. É uma realidade nacional que cresce ano após ano e beneficia tanto o consumidor quanto o varejo”, finaliza.