Airela mira expansão no segmento de marca própria para o varejo
Segmento representa 25% dos negócios da companhia, que reforça a importância das farmácias em buscarem fornecedores de confiança
por Ana Claudia Nagao em


Nos últimos anos, o varejo farmacêutico brasileiro tem passado por uma verdadeira transformação, impulsionado pela consolidação da marca própria como uma estratégia-chave para o crescimento e a diferenciação do mix das redes de farmácias. Estudo divulgado pela consultoria Amicci revela que o faturamento do setor com essa categoria mais que dobrou em cinco anos, saltando de R$ 2,1 bilhões em 2020 para R$ 4,6 bilhões no ano passado.
De olho nesse potencial de mercado, a Airela tem intensificado seus investimentos no segmento, que já representa 25% do faturamento da companhia – atualmente em torno de R$ 400 milhões ao ano. A expectativa é aumentar em 20% o número de projetos até o fim de 2025, com a entrada de novas farmácias e a expansão em clientes já atendidos. “Já lançamos mais de 100 marcas e desenvolvemos mais de 300 trabalhos para grandes redes da Abrafarma, como RD Saúde e Grupo DPSP, além de associativistas da Febrafar”, explica Felipe Melo, especialista em inteligência competitiva da Airela.
Para ampliar sua base de varejistas, a farmacêutica promoveu, entre os dias 15 e 17 de julho, o I Simpósio de Marca Própria, realizado em Pedras Grandes (SC). O evento contou com a participação de 37 empresas, incluindo distribuidoras parceiras e redes como Panvel, Araujo, Pague Menos, MasterFarma, Indiana, Bemol e Oriente.
A programação incluiu palestras sobre regulamentação, inovação em suplementos, design e embalagens. “O objetivo foi mostrar que marca própria não é apenas terceirizar um produto. Trata-se de desenvolver uma estratégia robusta, com identidade, posicionamento e foco em segurança e qualidade”, destaca Melo.
Marca própria cria estratégia de valor e posicionamento
Já bastante consolidada no canal alimentar, o segmento ganha força no mercado de saúde e bem-estar, impulsionado por fatores como o aumento da competitividade, a busca por margens mais atrativas e a fidelização do consumidor.
“Mais do que produtos com melhor relação custo-benefício, as marcas próprias no setor farmacêutico evoluíram para se tornar estratégias de posicionamento, diferenciação e proximidade com o consumidor”, avalia Melo. Segundo ele, um caso emblemático é o da RD Saúde, que iniciou sua atuação com a linha Needs e hoje possui um portfólio diversificado, com produtos voltados para cuidados com a pele, bebês e opções sustentáveis.
“Essa segmentação ajuda a comunicar valor agregado e reforça a percepção de qualidade por parte do consumidor, que associa esses atributos à reputação da rede”, acrescenta o executivo. Melo também ressalta que a marca própria deve ir além da embalagem, tornando-se uma extensão da identidade institucional da farmácia.
Fornecedores estratégicos são o pilar da qualidade
Com a regulamentação cada vez mais rigorosa por parte da Anvisa – especialmente após a RDC 843, que trata da regularização de alimentos e embalagens -, torna-se essencial que as redes de farmácias escolham com critério seus parceiros industriais. Isso exige uma revisão cuidadosa de fornecedores, contratos e até mesmo do portfólio, já que muitos produtos passarão a ser fiscalizados dentro das novas regras.
“O grande alerta é que, no caso das marcas próprias, a farmácia torna-se corresponsável pelo produto, assim como a indústria. Trata-se de uma responsabilidade compartilhada, que pode gerar impactos à imagem da rede em casos de recolhimento, problemas de logística ou questões reputacionais. Qualidade, rastreabilidade e estabilidade são fatores críticos, especialmente em categorias como suplementos, probióticos e fitoterápicos”, alerta o especialista.
A Airela tem se destacado por aplicar os mesmos padrões de controle exigidos para medicamentos em sua linha de suplementos e MIPs. “Atualmente também atuamos com projetos de terceirização para laboratórios como GSK e Hypera, o que tem contribuído para ampliar nossa capacidade de inovação e desenvolvimento de novos produtos”, afirma Melo.
A companhia oferece mais de 200 apresentações, incluindo desde OTCs, como paracetamol e ibuprofeno, até uma ampla variedade de vitaminas, polivitamínicos, vitamina C, cálcio, ômega 3 e fitoterápicos. “Atendemos praticamente 45% de todas as categorias, o que nos proporciona uma grande flexibilidade para desenvolver projetos específicos, segmentados ou marcas exclusivas para nossos clientes”, ressalta.
Por meio da Avvio Farma, a farmacêutica também produz cosméticos e itens de higiene e beleza, como repelentes, hidratantes e protetores solares. Já com a Meiskin, outra empresa do grupo, a farmacêutica disponibiliza um produto patenteado, desenvolvido para marcas próprias, com peptídeo botulínico e múltiplas aplicações na área de dermocosméticos.