Bayer altera estratégia e aposta em medicamentos no SUS
Patentes expiradas receberão menos atenção da empresa
por Gabriel Noronha em


A distribuição de medicamentos no SUS é a mais nova aposta da unidade brasileira da Bayer. A companhia vive um ciclo de reorganização estratégica e mira a expansão de seu faturamento. As informações são da NeoFeed.
Outra linha de negócio que receberá uma maior atenção da empresa é o desenvolvimento de fármacos inovadores, principalmente nas áreas de oncologia, ginecologia, pneumologia e diabetes, reconhecidas por garantirem uma maior margem de lucro às farmacêuticas.
Para se concentrar nesses segmentos, a empresa optou por terceirizar a venda de medicamentos que tiveram suas patentes expiradas. A primeira lista para venda conta com oito remédios que representam 30% da receita da Bayer no Brasil, totalizando aproximadamente R$ 450 milhões.
A ideia é manter esses medicamentos de maior destaque nas gôndolas de todo o país, como explica o presidente Adib Jacob. “Pelo valor da marca, muitas pessoas seguem comprando o produto de referência, mesmo com os genéricos. E, para isso, é preciso estar muito presente nos pontos de venda, com uma equipe grande. Como hoje a Bayer é uma empresa de inovação, a gente achou por vem trazer alguém para fazer isso melhor”.
Um exemplo desse movimento é a parceria com a farmacêutica uruguaia Megalabs, anunciada em março. Por meio desse acordo, a companhia passou a ser responsável pela venda de produtos como o contraceptivo Diane 35, o Angeliq (para reposição hormonal) e o anticoagulante Xarelto.
O último medicamento chegou a disputar a liderança de diversos rankings de venda no país e representar cerca de 40% do faturamento da empresa no Brasil antes de sua patente expirar, em 2021.
Hoje, genéricos com o mesmo princípio ativo fazem parte do portfólio da Eurofarma, EMS, Medley, Cimed e outras, dividindo essa fatia do mercado. “Há poucos setores que dependem tanto de investimentos em invocação quanto a indústria farmacêutica. E, dado o apetite das fabricantes de genéricos, a perda pode ser brutal”, adiciona o executivo.
Inovações e medicamentos no SUS já são grande parte do faturamento
Um dos mais recentes lançamentos da Bayer é o Nubeqa, medicamento oral utilizado para proteger o paciente de câncer. Estudos da companhia estimam que o fármaco deve passar de R$ 200 milhões em receita em 2025. No mercado cardiorrenal, o destaque fica a cargo do Firialta, que protege o rim do paciente diabético e movimenta mais de R$ 50 milhões anualmente.
A venda de remédios ao SUS também é outra importante fonte de receita para a Bayer, e já representa 20% dos ganhos anuais. O restante da verba está concentrado no setor privado, divido entre a venda direta nas farmácias e as compras realizadas pelas operadoras de saúde.
“Nos próximos três anos, acreditamos que teremos entre três ou quatro medicamentos com grande aplicação para serem incorporados ao SUS. Vamos ter uma discussão empática om os agentes públicos para decidir os valores desses medicamentos, é preciso respeitar o orçamento do SUS”, complementa Jacob.