Brasileiros buscam tirzepatida barata em farmácias paraguaias
Varejistas do país vizinho facilitam acesso sem controle adequado
por Gabriel Noronha em
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As farmácias paraguaias têm ganhado destaque no varejo sul-americano ao se tornarem uma fonte relevante de canetas emagrecedoras a baixo custo, com atenção especial para a oferta de tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, da Eli Lilly. As informações são do Sincofarma e do Domingo Espetacular.
Esse movimento, no entanto, tem abastecido um mercado clandestino em países vizinhos, incluindo o Brasil, onde consumidores atravessam a fronteira para adquirir os produtos em grande volume por preços mais acessíveis.
A prática é viabilizada pela postura das varejistas paraguaias, que deveriam exigir prescrições, mas optam por garantir as vendas sem cumprir o controle sanitário exigido.
Farmácias paraguaias abastecem comércio clandestino
A facilidade de compra, os preços significativamente inferiores e a proximidade geográfica são fatores que alimentam o mercado clandestino brasileiro.
Nas farmácias do Paraguai é comum encontrar produtos vendidos em dólar por valores que, convertidos, giram em torno de R$ 600. No Brasil, a mesma quantidade de tirzepatida pode chegar a aproximadamente R$ 3.500 nos PDVs autorizados.
Compra irregular pode apresentar riscos à saúde
Segundo Alexandre Hohl, endocrinologista, diretor da Abeso e da SBEM, esses medicamentos são tão arriscados à saúde quanto as versões manipuladas de tirzepatida vendidas aqui no Brasil. “O grau de confiabilidade desses produtos é baixo e constitui risco à saúde pública”, alerta.
O especialista ainda alerta para os perigos do fracionamento de doses, indicado por alguns dos participantes dos grupos de venda no mercado paralelo. “Não existe fracionamento. Cada caneta do medicamento deve ser utilizada semanalmente”, explica.
Paula Fábrega, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês, ainda afirma que a prática não é recomendada nem mesmo nas canetas que permitem contagem de cliques. “A quantidade de cliques varia conforme a concentração da medicação, o que aumenta a chance de erro”, finaliza.