Brasileiros esperam mais de cinco anos por terapias inovadoras
Segundo estudo, tempo médio entre aprovação e disponibilidade chega a 64 meses
por César Ferro em
O Patient W.A.I.T. Indicator 2025, desenvolvido pela Federação da Indústria Farmacêutica da América Latina (FIFARMA) em parceria com a IQVIA, analisou 403 novas substâncias ativas aprovadas globalmente entre 2014 e 2024 em dez países da América Latina. Os resultados mostram que, apesar de avanços em diferentes etapas do processo, ainda há um caminho longo e fragmentado até que as terapias inovadoras estejam efetivamente disponíveis aos pacientes – especialmente no setor público.
Segundo o estudo, no Brasil existe uma demora média de 64 meses (cinco anos e três meses) entre a aprovação global e a primeira disponibilidade local. Apesar do dado alarmante, o país ainda está abaixo da média regional da América Latina, que é de 67 meses (cinco anos e cinco meses).
No comparativo entre 2024 e 2025, 90% das moléculas não mudaram de status de disponibilidade e 8% avançaram. Os maiores atrasos no Brasil afetam os medicamentos oncológicos. Já os órfãos ou do sistema nervoso central costumam alcançar a disponibilidade mais rapidamente após a autorização local.
“Este relatório não mostra apenas números. Por trás de cada ano de espera, há pacientes, famílias e vidas. Com o conhecimento e a capacidade que o Brasil possui, o próximo passo deve ser acelerar a disponibilidade efetiva de terapias inovadoras”, opina Yaneth Giha, diretora executiva da federação.
Avanços não dinamizaram acesso a terapias inovadoras
Para Yaneth, apesar do Brasil ter avançado na frente regulatória, barreiras estruturais ainda retardam a chegada destas terapias aos pacientes. “É fundamental reavaliar o processo de incorporação e pós-incorporação, buscando soluções que priorizem quem mais precisa”, opina. “Não basta aprovar; é preciso garantir o acesso”, conclui.